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CSN desfaz parceria com alemães e assume controle total da Galvasud

Com a diversificação de mercados atendidos, a produção de galvanizados pode dobrar para 400 mil toneladas anuais ainda em 2004, segundo a siderúrgica

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou nesta sexta-feira (18/6) o fim da parceria com a alemã ThyssenKrupp Stahl (TKS). Assim, a siderúrgica brasileira passa a controlar sozinha a Galvasud, fábrica de aços galvanizados que as duas empresas inauguraram em 1998. A CSN, que já detinha 51% da Galvasud, arrematou os outros 49% das ações que pertenciam à TKS hoje, num leilão em Nova York. As ações custaram 28,4 milhões de dólares. A CSN também assumiu dívidas de 133,7 milhões de dólares, referentes ao financiamento da construção da Galvasud. Com isso, o total da operação alcançou 160 milhões de dólares.

"Foi uma operação espetacular em termos de preço e de posicionamento estratégico da CSN", afirmou o diretor executivo comercial da siderúrgica, Vasco Dias. Segundo ele, os 160 milhões de dólares equivalem a cerca de 3,5 vezes o ebitda da Galvasud. Já o diretor financeiro da CSN, Otávio Lazcano, disse que o preço pago foi mesmo baixo, porque aquisições costumam sair por cerca de 5 vezes o ebitda da empresa adquirida.

Em comunicado internacional, o presidente mundial da TKS, Karl-Ulrich Köhler, afirmou que a companhia alemã decidiu vender sua participação devido a divergências com o sócio brasileiro e por desconfiar do potencial de crescimento econômico do Mercosul e da indústria automotiva do Brasil, em particular.

Segundo Köhler, os desentendimentos com a CSN foram causados, primeiro, pelo desprestígio que os brasileiros dispensavam ao presidente da Galvasud, Aristides Corbellini, indicado para o cargo pelos alemães. A CSN também não concordava em fornecer, a preços subsidiados, bobinas laminadas a frio do tipo full hard à Galvasud, como estava previsto no contrato. "A quebra do contrato no suprimento de materiais, pela CSN, levou a Galvasud à iminência da não lucratividade", afirmou o presidente da TKS no comunicado.

Versatilidade

Dias, da CSN, diz que as divergências existiram. Para ele, o principal ponto era a restrição imposta pelo contrato de parceria para acesso a mercados consumidores. Pelo acordo, a Galvasud só poderia vender seus aços galvanizados para a indústria automotiva brasileira. Além disso, uma pequena parcela era exportada para a TKS, a preços subsidiados. O resultado é que a planta ficou subutilizada. Construída para fornecer 400 mil toneladas de galvanizados por ano, a unidade está trabalhando com apenas 200 mil toneladas.

Agora, com a siderúrgica brasileira controlando sozinha a Galvasud, os planos são de diversificar a atuação, investir em produtos com maior valor agregado e exportar. Com isso, a produção deverá atingir o patamar de 400 mil toneladas para a qual a fábrica foi projetada. Segundo Dias, como a CSN trabalha com uma carteira de pedidos de 45 dias, o novo patamar de produção deverá ser alcançado a partir de agosto. "A produção vai subir rapidamente", afirmou ele.

Hoje, a Galvasud fornece 120 mil toneladas de galvanizados para o mercado interno e exporta o restante. Quando a fábrica estiver operando a plena carga, 200 mil toneladas abastecerão o Brasil e outras 200 mil serão exportadas. No mercado interno, cerca de 75% da produção irá para o setor automotivo. Os outros 25% serão absorvidos pelo setor de eletrodomésticos de linha branca (fogões, geladeiras etc). No exterior, o principal alvo será os EUA, para o qual a Galvasud destinará 70% das exportações. A Europa e a América Latina dividirão o restante.

Outros ganhos

Além de aumentar sua produção e, por tabela, o faturamento, a Galvasud se beneficiará com outros fatores. Pelo contrato com a TKS, CSN era obrigada a vender as bobinas laminadas a frio full hard (um dos insumos dos aços galvanizados) a preços subsidiados de 300 dólares por tonelada. No mercado mundial, ela vale 500 dólares. Além disso, o investimento em produtos de maior valor agregado e as exportações abrirão à Galvasud um mercado onde o preço médio dos materiais é de 750 dólares por tonelada.

O primeiro reflexo será sentido na geração de caixa. Operando plenamente, a fábrica deverá contribuir com cerca de 50 milhões de dólares por ano para a geração de caixa da CSN. "Até agora, a fábrica colaborava com menos da metade disso", disse Lazcano, diretor financeiro da CSN.

Liquidação financeira e dívidas

A CSN tem um prazo de três dias, a contar de hoje, para pagar os 28,4 milhões de dólares correspondentes aos 49% da TKS na Galvasud. Segundo Lazcano, a principal tendência é que o dinheiro saia do caixa da CSN, mas outras possibilidades, como a contratação de financiamentos com bancos privados nacionais e estrangeiros, estão em estudo. "Como o prazo é curto, muito provavelmente o dinheiro vai sair caixa. Depois, se aparecer uma proposta interessante de financiamento, podemos analisar", disse. A siderúrgica encerrou o primeiro trimestre com 1,2 bilhão de reais em caixa.

A companhia também pretende antecipar o pagamento das dívidas contraídas com a operação, de 133,7 milhões de dólares. Os débitos referem-se a dois financiamentos contratados para a construção da Galvasud. A maior parcela (105 milhões) pertence ao banco BKS, órgão alemão de fomento, equivalente ao BNDES brasileiro. O restante está em nome do Unibanco. Segundo Lazcano, o pagamento das dívidas deve ocorrer "nos próximos dias".

Reestruturação

A Galvasud também passará por uma reestruturação organizacional. Seu presidente, Aristides Corbellini, sairá e não se prevê substituto. Alinhando o organograma da unidade ao das demais subsidiárias da CSN, cada área de negócio da Galvasud se reportará à sua equivalente na CSN. Por exemplo, a área comercial passará a ser comandada por Vasco Dias, diretor executivo comercial da siderúrgica. Um gerente se encarregará de manter o bom funcionamento da Galvasud. Sua equipe já foi deslocada para Porto Real.

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