Como a Coca-Cola tenta combater a crise de plástico que ajudou a criar
Maior poluidora de plástico do mundo, a empresa está ajudando a construir a primeira fábrica moderna de reciclagem de garrafas de Hong Kong, que tem péssima reputação em relação ao lixo plástico não reciclado
GabrielJusto
Publicado em 24 de julho de 2021 às 11h23.
Última atualização em 24 de julho de 2021 às 11h24.
Em 1978, quando a Coca-Cola se tornou a primeira empresa estrangeira com permissão para novamente operar na República Popular da China após a Revolução Comunista, a companhia optou por garrafas de vidro para a nova fábrica, em vez das latas ou plástico usados Ocidente, por uma razão simples.
- Que tal viajar mais no mundo pós-pandemia? Conheça o curso de liberdade financeira da EXAME Academy.
“Uma boa garrafa pode ser reciclada, talvez 20 vezes”, disse Peter Lee, o primeiro presidente da Coca-Cola no país, em entrevista em junho. A indústria de embalagens da China estava em sua infância, e a Coca-Cola decidiu que poderia vender mais bebida gaseificada recuperando garrafas vazias no momento da entrega e reabastecendo-as.
Agora, a reciclagem se torna crítica para a imagem da empresa, e a China novamente representa um dos maiores desafios. A Coca-Cola produz cerca de 3 milhões de toneladas de embalagens plásticas no mundo todo a cada ano - o equivalente a cerca de 200 mil garrafas por minuto - e foi considerada a maior poluidora de plástico do mundo.
Um novo empreendimento em Hong Kong, uma cidade com uma das piores reputações em relação ao lixo plástico não reciclado, dá pistas de como a Coca-Cola pode resolver o problema. A parceira de engarrafamento da empresa na cidade, a Swire Coca-Cola - controlada por um dos clãs mais ricos de Hong Kong - está ajudando a construir a primeira fábrica moderna de reciclagem de garrafas da cidade. É uma das iniciativas de reciclagem mais ambiciosas de um dos parceiros da Coca-Cola e pode abrir caminho para empreendimentos mais sustentáveis na China.
A joint venture entre a Swire Coca-Cola, a Baguio Waste Management & Recycling e Alba, um grupo de reciclagem alemão, poderia capturar em plena capacidade a maior parte dos 5 milhões de garrafas plásticas que a cidade consome por dia. A fábrica deve ser inaugurada em setembro e teria lucro exportando o plástico triturado para a Europa, onde os preços são mais altos devido à exigência de que garrafas plásticas contenham pelo menos 25% de material reciclado até 2025.
Oceanos entupidos
É um pequeno passo para a Ásia, onde a rápida industrialização produziu montanhas de embalagens descartáveis que podem durar 400 anos. Juntos, China, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietnã despejam mais plástico nos oceanos do que o resto do mundo, de acordo com a Ocean Conservancy. O problema se agravou na região quando a China parou de receber resíduos importados em 2018.
O problema é particularmente grave em Hong Kong, cujos 6 milhões de toneladas de resíduos anuais acabam em aterros onde os plásticos representam quase 25%. O que a cidade precisa reciclar é realizado principalmente por milhares de catadores de sucata, garis e empregadas domésticas que vasculham o lixo em busca de itens que possam vender.