CCR vence leilão do Rodoanel com pedágio de R$ 1,17
Consórcio liderado pela empresa confirma favoritismo e aceita deságio de 61% para administrar trecho oeste
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
Consórcio liderado pela CCR apresentou a proposta com o menor pedágio e venceu o leilão para administrar o trecho oeste do Rodoanel. A oferta prevê a cobrança de um pedágio de 1,1684 real para o tráfego pelos 32 km de pista, que liga rodovias como Régis Bittencourt, Raposo Tavares, Castello Branco, Anhangüera e Bandeirantes em região próxima à cidade de São Paulo. O valor representa um deságio de 61% sobre a tarifa máxima prevista (3 reais). A CCR tem 95% de participação no consórcio vencedor, enquanto o resto é da Encalso Construções Ltda.
Cinco consórcios participaram do leilão promovido nesta terça-feira pelo governo de São Paulo. O consórcio formado por Odebrecht, BR Vias e Cibe propôs a cobrança de um pedágio de 1,26 real. Em seguida aparecem o consórcio Triunfo-Iberpistas (2,1799 reais), a construtora Queiroz Galvão (2,2468 reais) e a concessionária espanhola de rodovias OHL (2,2807 reais). Para confirmar a vitória no leilão, a CCR ainda precisará ter sua proposta aprovada em análise técnica, jurídica e financeira para então ser declarada oficialmente vencedora. Isso deve acontecer em até 15 dias, segundo o secretário estadual de Transportes, Mauro Arce. A assinatura do contrato, que valerá por 30 anos, está marcada para 11 de junho. A cobrança de pedário começará seis meses depois. As cabines de arrecadação serão instaladas nas saídas do anel viário.
Divulgação
Em fevereiro, EXAME já havia antecipado o favoritismo da CCR. A empresa - que tem como sócios as construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez e a portuguesa Brisa - reunia as melhores condições financeiras e os menores custos do mercado.
A primeira vantagem da companhia sobre as concorrentes é o conhecimento do trecho que irá a leilão. Os 32 km licitados cortam quatro rodovias administradas pela CCR: Anhangüera, Bandeirantes, Castello Branco e Raposo Tavares. Isso permitiu à concessionária ter dados mais precisos sobre o tráfego do Rodoanel, que envolveriam desde a origem e destino dos veículos que transitam por lá até a sazonalidade e as tendências de desenvolvimento. Além disso, a proximidade das rodovias permitirá a exploração de sinergias. "Os custos de manutenção podem ser bem menores", afirma Fernando Camargo, sócio-diretor da consultoria LCA. Entre os pontos mais óbvios, estão a economia com o transporte de equipamentos de manutenção e a contratação de serviços em pacotes maiores. Em outra frente, a empresa poderia racionalizar o trabalho de equipes de assistência mecânica e médica aos usuários, por exemplo.
Sinergia com o grupo
A sinergia também vai além da atividade-fim da CCR. Por contar com duas construtoras como acionistas, a empresa também pode esperar ganhos gerados por uma estratégia global de atuação das companhias que a controlam. A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), por exemplo, pretende lançar um megaempreendimento residencial em Caieiras, município paulista que pode ser acessado pelo Rodoanel.
Em dezembro, a CCDI pagou 28 milhões de reais por um terreno da Companhia Melhoramentos. Na área de 5,2 milhões de metros quadrados, a incorporadora pretende construir 15.000 unidades, entre apartamentos e casas, que devem incrementar o tráfego pelo Rodoanel. O lançamento está previsto para 2010, e cada unidade será oferecida por preços entre 70.000 e 200.000 reais. As vendas totais são estimadas de 2,5 bilhões a 3 bilhões de reais.
O futuro administrador do Rodoanel também pode se beneficiar, no médio prazo, com a construção do terceiro aeroporto paulista. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a decisão governamental de erguê-lo já está tomada, e os primeiros passos práticos devem ser tomados no ano que vem, com a elaboração do projeto. Por ora, vários locais são cotados para abrigar a nova pista. Uma das principais apostas do mercado é que o aeroporto seja instalado em uma área próxima ao Rodoanel, o que também favoreceria o operador do trecho oeste.
O caixa da CCR é apontado como outra vantagem na disputa do leilão. O governo de São Paulo exigiu do vencedor do trecho o pagamento de 2 bilhões de reais pela outorga nos próximos dois anos, além de investimentos totais de 465 milhões. "Como a CCR não conquistou nenhum trecho das federais, está com mais caixa para investir. Além disso, apresenta um baixo nível de endividamento", afirma Fernando Abdalla, analista da corretora do Unibanco.