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Cássio Casseb deixa a presidência do Pão de Açúcar

Dirigindo o grupo há quase dois anos, executivo viu o Carrefour tomar a liderança dos Diniz em abril

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O Pão de Açúcar comunicou, na manhã desta segunda-feira (10/12), que Cássio Casseb não é mais o diretor-presidente do grupo. A decisão foi tomada pelo conselho de administração da empresa. Em uma breve nota, a empresa informou que deverá eleger o substituto de Casseb até a próxima sexta-feira (14/12).

Segundo uma fonte da empresa que pediu para não ser identificada, Casseb caiu porque não concordou com as metas estabelecidas para o próximo ano. "As metas são bastante agressivas, e o Casseb não se alinhou a elas", afirma a fonte.

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Entre as metas, estaria o crescimento mais forte das vendas no conceito "mesmas lojas" - aquele que considera o desempenho dos estabelecimentos com mais de 12 meses de operação. Esse é um dos indicadores mais tímidos neste ano para o Grupo Pão de Açúcar. No terceiro trimestre, por exemplo, as vendas brutas totais da rede avançaram 5,5%, e as vendas líquidas, 6%. Já no conceito "mesmas lojas", as taxas foram bem menores: 1,8% e 2,3%, respectivamente. "Para os analistas, o que interessa é o conceito 'mesma loja', que indica a eficiência da operação. Crescer por aquisições e abertura de novas lojas é mais fácil", diz a fonte.

O plano de investimentos do Pão de Açúcar para 2008 deve ser divulgado até o fim da próxima semana.

Forasteiro

Casseb foi indicado para a presidência do grupo em dezembro de 2005, no lugar de Augusto Cruz, que havia deixado o comando em agosto do mesmo ano, depois de 11 anos de casa. Casseb foi o primeiro executivo que não fez carreira na companhia a comandá-la.

Ao se referir à contratação, oficializada em janeiro de 2006, o fundador do grupo, Abílio Diniz, afirmou que Casseb acumulava experiência em diversos setores da economia e confiava em sua capacidade de liderança para dirigir a então maior rede de varejo do país - posto que ocupava desde 2000, quando o Pão de Açúcar ultrapassou o Carrefour. O cargo anterior de Casseb havia sido a presidência do Banco do Brasil, do qual se demitiu em meio a suspeitas de assinar contratos sem licitação, e de promover um evento cultural cuja renda seria revertida ao Partido dos Trabalhadores, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo lugar

Mas foi durante a gestão de Casseb que o Carrefour deu o troco. Em abril deste ano, a rede francesa arrematou o Atacadão, que opera tanto no varejo quanto no atacado, e reconquistou a liderança no ranking do varejo brasileiro.

Em entrevista a EXAME, em junho, Casseb afirmou que a prioridade da rede não seria, mais, brigar pela liderança, mas sim melhorar o desempenho operacional. Casseb passou a priorizar o aumento da rentabilidade, a redução dos preços aos consumidores, o corte de custos por meio do enxugamento de 20% dos funcionários, e a combater a burocracia interna.

O último grande lance de Casseb à frente do Pão de Açúcar foi anunciado em 1º de novembro - a compra de 60% da rede Assaí, por 208 milhões de reais. O negócio encurtou a distância que a separa da líder Carrefour, e marca a aposta dos Diniz no atacarejo, segmento mais promissor do mercado brasileiro nos últimos tempos.

Mercado

A notícia não agradou os investidores. Por volta das 12h, as ações preferenciais do Pão de Açúcar (PCAR4), que compõem o Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores paulista, operavam em queda de 2,23%, cotadas a 32,75 reais. No mesmo momento, a bolsa apresentava baixa de 0,26%, a 65.468 pontos.

"A resposta foi negativa, porque o Casseb estava comandando a reestruturação do grupo", afirma um analista de mercado que pediu anonimato. "Agora, o Pão de Açúcar volta à mesma questão: quem vai tomar as rédeas do negócio?", indaga.

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