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Bancos no Brasil não têm excesso de capital, diz diretor da Fitch

Com exceção da Caixa, a carteira dos maiores bancos de varejo no país tem estagnado ou recuado nos últimos dois anos

Fitch: "Os bancos brasileiros não estão excessivamente capitalizados", disse Garcia (Matt Lloyd/Bloomberg)
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Reuters

Publicado em 13 de setembro de 2017 às 21h53.

São Paulo - Os grandes bancos brasileiros estão com níveis adequados de capital, mesmo após terem reduzido fortemente a oferta de crédito nos últimos anos para se protegerem dos efeitos da recessão no país, disse nesta quarta-feira o chefe de análise de instituições financeiras da agência Fitch para América Latina, Alejandro Garcia.

"Os bancos brasileiros não estão excessivamente capitalizados, seus níveis de capital são apropriados", disse o executivo durante entrevista nos escritórios da Reuters.

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Com exceção do estatal Caixa Econômica Federal, a carteira dos maiores bancos de varejo no país tem estagnado ou recuado nos últimos dois anos, uma vez que essas instituições têm preferido controlar as perdas com calotes, que levou a crescentes perdas com provisões.

Além disso, com a preparação para regras mais rigorosas de alocação de capital previstas em Basileia III, que entram em vigor no país integralmente em 2019, os bancos têm fortalecido a prática de manter níveis de capital acima dos exigidos pelo Banco Central.

No fim de junho, o índice de Basileia do Itaú Unibanco era de 18,4 por cento, enquanto o do Bradesco estava em 16,7 por cento, pouco acima dos 16,5 por cento do Santander Brasil.

O Banco do Brasil, por sua vez, tinha índice 18 por cento. O mínimo requerido pelo Banco Central é 11 por cento.

Para Garcia, os bancos fazem bem em deter volumes adicionais de capital, tanto pela preparação para as regras de Basileia III quanto pelo cenário econômico do país ainda desafiador.

No caso da Caixa, o índice mais recente divulgado era de 13,6 por cento no fim do primeiro trimestre. O banco desacelerou o crédito, mas por ter sido mais ativo nas concessões nos anos em que o país estava em recessão pode também ter mais dificuldades para manter níveis maiores de capitalização.

"Pelas regras atuais a Caixa ficaria bem, mas com Basileia III crescem as chances de o banco ter que receber uma capitalização", disse Garcia.

A exemplo do que fez o BB, a Caixa vem cortando custos epessoal, cobrando mais tarifas e inadimplentes, num esforço para melhorar os resultados orgânicos que lhe permitam reforçar o capital.

Além disso, o banco deve ter uma receita extra no final do ano com a venda da Lotex, seu braço de loterias instantâneas.

BNDES

De acordo com Garcia, a queda contínua no volume de desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mesmo com sinais de retomada da economia reflete a baixa demanda de recursos por investimentos, mais do que a mudança na principal taxa usada pelo banco para empréstimos.

Na semana passada o Congresso Nacional aprovou a troca da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), subsidiada, pela Taxa de Longo Prazo (TLP), mas referenciada em preços mercado, a partir de 2018. A mudança tem recebido críticas de setores da indústria.

No ano até julho, os desembolsos do banco de fomento recuaram 17 por cento contra mesma etapa de 2016.

"O BNDES vai passar por uma transição difícil, porque não vai mais ser uma máquina de queimar dinheiro", disse Garcia. "Mas a queda nos desembolsos reflete o cenário econômico."

Segundo Garcia, o BNDES tem condições de atender a demanda por crédito ao mesmo tempo que devolve recursos recebidos em capitalização à União.

No início do mês, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o ministério negocia com o BNDES antecipar devolução de 130 bilhões de reais em 2018.

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