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;Assistimos a uma consolidação de operadoras;, diz presidente da Nokia Networks

O futuro das empresas de telecomunicações é incerto. "Estamos num momento de transição. Na última década, houve um enorme crescimento em tráfego de voz. Agora temos esses novos serviços surgindo, todos baseados em uma convergência de várias tecnologias. Vai levar tempo até que eles decolem", afirmou Sari Baldauf, presidente da Nokia Networks (a divisão de […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O futuro das empresas de telecomunicações é incerto. "Estamos num momento de transição. Na última década, houve um enorme crescimento em tráfego de voz. Agora temos esses novos serviços surgindo, todos baseados em uma convergência de várias tecnologias. Vai levar tempo até que eles decolem", afirmou Sari Baldauf, presidente da Nokia Networks (a divisão de infra-estrutura da companhia finlandesa). Leia a íntegra da entrevista que Baldauf à EXAME.

Gostaria de começar falando da crise nas telecomunicações...

Crise? Você poderia usar outra palavra? (risos) Bem, você sabe que a palavra crise tem dois lados: ameaça e oportunidade.

Quais são as ameaças e quais são as oportunidades para a Nokia neste momento?

Estamos num momento de transição. Na última década, houve um enorme crescimento em tráfego de voz. Agora temos esses novos serviços surgindo, todos baseados em uma convergência de várias tecnologias: internet, telefonia, televisão, e assim por diante. Todas essas novidades vêm de direções diferentes, e é por isso que acho que atravessamos essa transição. Vai levar tempo até que eles decolem. No curto prazo, isso significa menos crescimento. As operadoras estão investindo em novos serviços. No longo prazo, porém, estamos confiantes. Temos tecnologia e temos dinheiro. Mas vamos precisar de gás, coragem e paciência, que é uma palavra pouco ouvida em Wall Street. (risos)

Como a crise das operadoras afeta a sua divisão?

A consolidação é inevitável, e já começou. Nos anos 90, várias novas empresas surgiram. Agora, está acontecendo o contrário. Estamos assistindo a uma consolidação de operadoras. Isso quer dizer menos redes paralelas sendo erguidas. Em Hong Kong, se não me engano, havia oito redes paralelas de telefonia. Veja, Hong Kong não é um lugar muito grande nem muito habitado. Era um exagero. Em alguns países, havia seis redes sendo construídas ao mesmo tempo. Não acredito que haverá apenas uma rede por região. Vai depender do tamanho do mercado. Mas oito redes? Difícil. Os excessos também aconteceram na Europa. É óbvio que nem todos conseguirão recuperar o dinheiro investido. Isso tudo tem um impacto imediato em nossas possibilidades de crescimento. Mas estamos confiantes. Olhamos para o futuro. Sempre fomos fortes na Europa e na Ásia. Agora, estamos ampliando nossas posições nos Estados Unidos, para a América do Sul.

Há risco da volta dos monopólios?

Não acredito que vamos voltar aos bons tempos dos monopólios. Bons tempos para os monopolistas, não para os fornecedores (risos). Mas essa consolidação está acontecendo em toda parte. Na Ásia, na Europa, nos Estados Unidos e, pelo que pude ver, também deve acontecer aqui.

E o papel dos governos? Eles foram rápidos ao desregulamentar os mercados e agora há pressão para que eles voltem a agir para garantir a competição. Qual o caminho mais provável?

Acredito que o compartilhamento das redes deva acontecer. Isso já é uma realidade na Europa. Não sei se existe a necessidade de regulamentação, mas é preciso que os governos permitam esses movimentos. Isso ajuda o ambiente de negócios. E espero que os governos de outras partes do mundo aprendam com a experiência européia e não sejam tão gananciosos na hora de distribuir as licenças de serviços de nova geração. Não foi uma boa maneira de recolher dinheiro. Paguemos impostos, mas, antes, vamos ter alguma receita... (risos)

Vamos falar sobre a terceira geração. Recentemente foi revelada uma aliança entre Intel, IBM e At&T, entre outras empresas, para a construção de redes de acesso sem fio à internet paralelas à das operadoras, as tais redes Wi-Fi. Qual é a posição da Nokia em relação a essa nova tecnologia?

Acreditamos que essas redes sem fio serão locais e oferecerão um complemento às redes das operadoras, tantos as fixas quanto as celulares. Estamos envolvidos no desenvolvimento dessa tecnologia, temos alguns testes em andamento. É claro que em termos de vendas e volume, ainda é um mercado muito pequeno, mas a parte importante disso é que as operadoras podem ter receitas extras com as redes Wi-Fi. E, é claro, é bom lembrar que essas redes ainda não são muito seguras.

Há uma rede Wi-Fi na sede da empresa?

Sim, acredite se quiser, nós temos. Fiquei surpresa quando descobri. Fiquei fora do escritório por duas semanas e, na volta, tinha uma conferência com o meu pessoal ao redor do mundo, via internet. Fomos para a sala de reunião e eu não consegui participar do encontro porque meu computador não estava preparado para a rede Wi-Fi. Agora até eu tenho acesso a essa rede! (risos)

Investir na Nokia sempre foi um bom negócio, e manter os acionistas satisfeitos é uma preocupação da empresa. Como isso se traduz no dia-a-dia?

É preciso ter uma estratégia, saber aonde se quer chegar e trabalhar duro. E só. Isso por si trará retorno ao acionista. Veja, não quero dizer que os acionistas não sejam importantes. Mas talvez nossa cultura não seja tão parecida com a das empresas americanas. Não olhamos para o mercado a cada 15 minutos. Faz parte de nossa cultura ter uma visão de longo prazo. Não somos uma empresa oportunista. Estamos aí há 137 anos. Já vivemos muitas dificuldades e sobrevivemos a todas elas.

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O futuro das empresas de telecomunicações é incerto. "Estamos num momento de transição. Na última década, houve um enorme crescimento em tráfego de voz. Agora temos esses novos serviços surgindo, todos baseados em uma convergência de várias tecnologias. Vai levar tempo até que eles decolem", afirmou Sari Baldauf, presidente da Nokia Networks (a divisão de infra-estrutura da companhia finlandesa). Leia a íntegra da entrevista que Baldauf à EXAME.

Gostaria de começar falando da crise nas telecomunicações...

Crise? Você poderia usar outra palavra? (risos) Bem, você sabe que a palavra crise tem dois lados: ameaça e oportunidade.

Quais são as ameaças e quais são as oportunidades para a Nokia neste momento?

Estamos num momento de transição. Na última década, houve um enorme crescimento em tráfego de voz. Agora temos esses novos serviços surgindo, todos baseados em uma convergência de várias tecnologias: internet, telefonia, televisão, e assim por diante. Todas essas novidades vêm de direções diferentes, e é por isso que acho que atravessamos essa transição. Vai levar tempo até que eles decolem. No curto prazo, isso significa menos crescimento. As operadoras estão investindo em novos serviços. No longo prazo, porém, estamos confiantes. Temos tecnologia e temos dinheiro. Mas vamos precisar de gás, coragem e paciência, que é uma palavra pouco ouvida em Wall Street. (risos)

Como a crise das operadoras afeta a sua divisão?

A consolidação é inevitável, e já começou. Nos anos 90, várias novas empresas surgiram. Agora, está acontecendo o contrário. Estamos assistindo a uma consolidação de operadoras. Isso quer dizer menos redes paralelas sendo erguidas. Em Hong Kong, se não me engano, havia oito redes paralelas de telefonia. Veja, Hong Kong não é um lugar muito grande nem muito habitado. Era um exagero. Em alguns países, havia seis redes sendo construídas ao mesmo tempo. Não acredito que haverá apenas uma rede por região. Vai depender do tamanho do mercado. Mas oito redes? Difícil. Os excessos também aconteceram na Europa. É óbvio que nem todos conseguirão recuperar o dinheiro investido. Isso tudo tem um impacto imediato em nossas possibilidades de crescimento. Mas estamos confiantes. Olhamos para o futuro. Sempre fomos fortes na Europa e na Ásia. Agora, estamos ampliando nossas posições nos Estados Unidos, para a América do Sul.

Há risco da volta dos monopólios?

Não acredito que vamos voltar aos bons tempos dos monopólios. Bons tempos para os monopolistas, não para os fornecedores (risos). Mas essa consolidação está acontecendo em toda parte. Na Ásia, na Europa, nos Estados Unidos e, pelo que pude ver, também deve acontecer aqui.

E o papel dos governos? Eles foram rápidos ao desregulamentar os mercados e agora há pressão para que eles voltem a agir para garantir a competição. Qual o caminho mais provável?

Acredito que o compartilhamento das redes deva acontecer. Isso já é uma realidade na Europa. Não sei se existe a necessidade de regulamentação, mas é preciso que os governos permitam esses movimentos. Isso ajuda o ambiente de negócios. E espero que os governos de outras partes do mundo aprendam com a experiência européia e não sejam tão gananciosos na hora de distribuir as licenças de serviços de nova geração. Não foi uma boa maneira de recolher dinheiro. Paguemos impostos, mas, antes, vamos ter alguma receita... (risos)

Vamos falar sobre a terceira geração. Recentemente foi revelada uma aliança entre Intel, IBM e At&T, entre outras empresas, para a construção de redes de acesso sem fio à internet paralelas à das operadoras, as tais redes Wi-Fi. Qual é a posição da Nokia em relação a essa nova tecnologia?

Acreditamos que essas redes sem fio serão locais e oferecerão um complemento às redes das operadoras, tantos as fixas quanto as celulares. Estamos envolvidos no desenvolvimento dessa tecnologia, temos alguns testes em andamento. É claro que em termos de vendas e volume, ainda é um mercado muito pequeno, mas a parte importante disso é que as operadoras podem ter receitas extras com as redes Wi-Fi. E, é claro, é bom lembrar que essas redes ainda não são muito seguras.

Há uma rede Wi-Fi na sede da empresa?

Sim, acredite se quiser, nós temos. Fiquei surpresa quando descobri. Fiquei fora do escritório por duas semanas e, na volta, tinha uma conferência com o meu pessoal ao redor do mundo, via internet. Fomos para a sala de reunião e eu não consegui participar do encontro porque meu computador não estava preparado para a rede Wi-Fi. Agora até eu tenho acesso a essa rede! (risos)

Investir na Nokia sempre foi um bom negócio, e manter os acionistas satisfeitos é uma preocupação da empresa. Como isso se traduz no dia-a-dia?

É preciso ter uma estratégia, saber aonde se quer chegar e trabalhar duro. E só. Isso por si trará retorno ao acionista. Veja, não quero dizer que os acionistas não sejam importantes. Mas talvez nossa cultura não seja tão parecida com a das empresas americanas. Não olhamos para o mercado a cada 15 minutos. Faz parte de nossa cultura ter uma visão de longo prazo. Não somos uma empresa oportunista. Estamos aí há 137 anos. Já vivemos muitas dificuldades e sobrevivemos a todas elas.

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