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AmBev prevê primeiro trimestre melhor que o do ano passado

Calor, Carnaval tardio, reajuste do salário mínimo e inflação menor dos alimentos ajudarão nos resultados

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A AmBev prevê que o resultado obtido no primeiro trimestre deste ano será melhor que o de 2008. Apesar da crise, a empresa conta com o calor, o Carnaval tardio, o reajuste do salário mínimo e a inflação menor dos alimentos para impulsionar as vendas.

Boa parte dessa melhora já está sendo atribuída a fatores sazonais. Segundo o gerente de relações com investidores da AmBev, Michael Findlay, a "alta temporada" para o consumo de cerveja vai de dezembro até o final do Carnaval. Como neste ano o Carnaval terminou no dia 25 de fevereiro enquanto que, em 2008, isso aconteceu em 6 de fevereiro, a empresa já começa este ano em vantagem.

Além disso, desde fevereiro tem feito muito calor nos principais centros de consumo de cerveja do país - o que tem um impacto direto nas vendas. Findlay diz que o primeiro e o quarto trimestres – que concentram o período de primavera e verão – respondem por 55% das vendas da AmBev.

Dois outros fatores macroeconômicos também devem ajudar nos resultados da empresa nos próximos meses. O primeiro é a forte queda na inflação dos alimentos. Com o desaquecimento da economia global e a queda drástica do preço das commodities, os alimentos não sofreram reajustes ou até tiveram seus preços reduzidos - o que aumenta a renda disponível para o consumidor.

Por último, a empresa também espera um efeito positivo do aumento do salário mínimo para 465 reais em fevereiro. A alta de quase 12% - ou 6,4% em termos reais (descontada a inflação) - vai injetar 21 bilhões de reais na economia e pode aumentar o consumo de produtos como a cerveja.

Com base nesses fatores, a corretora Ágora afirmou, em relatório, que espera que a AmBev tenha um ano melhor do que 2008. Já a corretora Brascan está mais cautelosa e prevê um ano desafiador para a empresa.

A análise se sustenta nos efeitos da crise global sobre o mercado de trabalho. O crescimento do desemprego - que já vem sendo observado - deve reduzir a massa salarial e, consequentemente, o consumo de cerveja.

"Estimamos crescimento de apenas 2,8% para o volume consolidado de vendas da AmBev em 2009, número este que pode ser revisado para baixo caso o cenário se deteriore", adverte a corretora em relatório.

A AmBev também tem sofrido com a concorrência. A empresa perdeu mercado no segmento de cerveja em novembro, dezembro e janeiro. A empresa já admite que possa registrar nova perda em fevereiro - os números ainda não estão fechados - devido à estratégia dos concorrentes de não reajustar os preços.

Tradicionalmente a AmBev eleva seus preços no início do verão para repor as perdas inflacionárias, um movimento que demora algumas semanas para ser acompanhado pela concorrência.

Neste ano, entretanto, o governo promoveu mudanças no sistema de tributação de cervejas que acabou penalizando as marcas mais caras - e favorecendo as mais baratas, o nicho da maioria dos concorrentes da AmBev. Com isso, a concorrência acabou conseguindo elevar menos ou até segurar os preços.

Para não se distanciar demais dos valores cobrados pela concorrência nem perder margem, a AmBev confia em sua capacidade de cortar custos. A empresa anunciou na semana passada o fechamento de uma fábrica em Mogi Mirim (151 km de São Paulo) e a transferência da produção para as unidades de Jacareí, Guarulhos e Jaguariúna (SP). Foram demitidos 146 funcionários.

Além disso, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, em 2009 a empresa não vai contratar em definitivo parte dos funcionários temporários que são recrutados para atender à maior demanda do verão. Com 23 mil funcionários, a AmBev costuma reforçar seu quadro de pessoal em 3% a 5% na alta temporada.

No final de 2009, a empresa também espera começar a capturar a queda do preço das commodities no mercado internacional. A empresa fez hedge para alumínio, cevada e açúcar, matérias-primas que estão mais baratas hoje que nos picos do ano passado.
 

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