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Além do próprio ninho

A Nestlé¿aposta na parceria com funcionários, clientes, fornecedores e ONGS para gerenciar, no Brasil, programas considerados exemplos pela corporação mundial

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Poucas empresas no Brasil possuem uma aura de respeito ao consumidor tão grande quanto a Nestlé. Por trás dela estão investimentos anuais de 12 milhões de reais em relacionamento com o mercado e uma central de atendimento criada há mais de 40 anos. Todos os meses, 120 mil pessoas são atendidas por telefone, carta, fax e e-mail em uma área de 700 metros quadrados que inclui auditórios, bibliotecas, estúdio e uma cozinha experimental. Produtos e embalagens já foram criados ou modificados graças às sugestões e observações dos clientes. Criamos uma comunicação direta, personalizada e efetiva com nossos consumidores , diz o paulista Ivan Zurita, presidente da subsidiária brasileira da Nestlé.

Essa é a face da responsabilidade social mais antiga e conhecida da empresa, que em 2001 comemorou seus 80 anos no Brasil. A outra, a participação na comunidade e o desenvolvimento social, vem sendo aprimorada ao longo dos anos. Há décadas, a Nestlé investe em programas nas áreas de educação, saúde e cultura. Seu curso de atualização em pediatria, que treina médicos e estudantes de medicina em várias cidades do país, foi criado em 1956. Desde 1981, época em que as ações sociais raramente faziam parte do repertório das empresas, a companhia criou o Ação Comunitária, um projeto de apoio a comunidades carentes próximas de suas unidades. O programa destinava 600 mil reais por ano à filantropia. Esses investimentos sempre fizeram parte da história e da missão da empresa no mundo , diz Francisco Garcia, gerente de assuntos corporativos da Nestlé. O que aconteceu é que essa política agora está mais ligada às práticas modernas do Terceiro Setor.

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O Nutrir, programa de educação alimentar e carro-chefe dos projetos de cidadania da Nestlé, é um exemplo dessa evolução. Com ele, os executivos da empresa resolveram usar a experiência de negócios, o conhecimento de mercado e a capacitação técnica dos funcionários como base da ação social. O Nutrir surgiu como desdobramento do Ação Comunitária, que, depois de quase duas décadas de existência, estava perdendo seu foco. Como não havia uma coordenação centralizada, as ações dependiam da iniciativa dos funcionários em cada escritório ou fábrica. Com o tempo, as contribuições destinadas a entidades passaram a ser esporádicas e os resultados passageiros. Diante do quadro, a cúpula da Nestlé no Brasil se fez a seguinte pergunta: Somos a maior empresa de alimentos do mundo. O que estamos fazendo na área social que se compare com isso?

Estava lançada a base para o Nutrir. O programa tem foco em crianças de 5 a 14 anos e suas mães, e é realizado sempre em parceria com alguma instituição não-governamental. Os voluntários do Nutrir 1,2 mil pessoas espalhadas por todo o país elaboram e desenvolvem atividades que depois são repassadas em visitas às comunidades. Nos encontros, o grupo de voluntários divide-se em duas turmas. Uma delas realiza brincadeiras, jogos e dinâmicas com as crianças, usando como tema central a alimentação. Conversam sobre os grupos de alimentos, higiene e nutrição. A outra turma permanece na cozinha com as mães. Ali elas aprendem o que fazer com talos de vegetais, a tirar o maior proveito possível de frutas e verduras, além de testar as receitas propostas pelos nutricionistas. Descobri que desperdiçava muita comida e vi que não dava nenhuma importância a folhas e outros alimentos nutritivos , diz Valdete Maximiano, uma das mães participantes do projeto no bairro de Itaquera, zona leste de São Paulo.

No ano passado, o Nutrir beneficiou 50 mil crianças e suas famílias. O investimento chegou a 1 milhão de reais. Metade desse valor foi doado por 53% dos 13 mil funcionários da Nestlé. A outra metade ficou sob a responsabilidade da empresa. O mais importante é que o projeto passa a crescer por conta própria, de formas que nem sequer imaginávamos , diz Sandra Campos, coordenadora do Nutrir. Exemplo disso são as parcerias firmadas com ONGs, cooperativas, fornecedores e clientes da Nestlé. O programa também se ramifica em várias ações dos voluntários. Na fábrica de Araçatuba, interior de São Paulo, um grupo de funcionários resolveu aumentar a abrangência do programa e selou parceria com um laboratório de análises e uma clínica odontológica. Assim, as crianças do projeto passaram a ter assistência garantida nessas áreas. Neste ano, o Nutrir foi citado no relatório mundial da Nestlé como um dos oito mais bem-sucedidos projetos da companhia na área social.

O investimento e a preocupação da empresa com a educação nutricional não significaram a extinção de projetos em outras áreas. O Viagem Nestlé pela Literatura é, ainda hoje, uma das maiores iniciativas da empresa. O concurso anual, dedicado a estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas, tem como objetivo estimular a leitura e a curiosidade pela cultura brasileira. Neste ano, 8,8 mil escolas participam do projeto. O concurso, assim como o Nutrir, incentiva a autonomia dos jovens e seu espírito crítico , diz Zurita. Ele estimula a auto-estima e reforça a crença de que cada um de nós tem o poder de reescrever a própria vida.

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