O ativista chinês Xu Zhiyong: o movimento fundado pelo advogado pede ao governo chinês mais transparência e a aplicação da Constituição (REUTERS/Xiao Guozhen/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 06h32.
Pequim - O veredicto contra o ativista chinês Xu Zhiyong, fundador do movimento civil "Novo Cidadão", julgado na última quarta-feira por alteração da ordem pública, será conhecido no próximo domingo no Tribunal Intermediário Número 1 de Pequim.
O anúncio do veredicto vai acontecer às 9h locais (23h de Brasília do sábado), escreveu a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights in China em seu perfil no Twitter.
O ativista é acusado de alterar a ordem pública por participar, ou ajudar a organizar, pequenas manifestações de protesto para reivindicar que os dirigentes chineses divulguem sua relação de bens, como uma medida de combate à corrupção.
A acusação de alteração de ordem pública tem como pena máxima cinco anos de prisão.
O ativista, de 40 anos e advogado de profissão, era um dos especialistas em direito adulados pelo regime comunista até que fundou o movimento "Novo Cidadão" em 2012, que pede ao governo chinês mais transparência e a aplicação da Constituição.
Além de Xu, ontem foram julgados outros dois ativistas do movimento, Zhao Zhangqing e Hou Xin. As audiências contra outros dois participantes, previstas para hoje, foram adiadas para a próxima segunda-feira.
Outro acusado no caso, o milionário chinês Wang Gongquan, cofundador do movimento, foi posto em liberdade com pagamento de fiança após admitir sua culpa e assegurar que romperá seus vínculos com Xu, segundo o Tribunal Intermediário Número 1.
Durante o julgamento de Xu, o réu ficou quase totalmente em silêncio para protestar pelo que considera um julgamento parcial já que, entre outras coisas, teve negado o direito de convocar as testemunhas que queria.
Segundo seu advogado, Zhang Qinfang, o ativista tentou ler uma declaração no começo da audiência, mas o tribunal o impediu com o argumento de que a alegação não tinha relação com o caso.
Em sua alegação, que circula pela internet, Xu afirma que "nossa missão não é abusar do poder, mas limitá-lo".
Em comunicado, o embaixador dos EUA em Pequim, Gary Locke, expressou a preocupação de seu país pelo futuro de Xu e o temor de que o julgamento deste e de outros ativistas "sejam uma forma de retaliação por suas campanhas públicas para denunciar a corrupção oficial e pela expressão pacífica de seus pontos de vista".
Os Estados Unidos pedem que "as autoridades chinesas libertem Xu e outros presos políticos imediatamente, acabem com as restrições a sua liberdade de movimento e a lhes garantam as proteções e liberdades que têm direito conforme os compromissos internacionais da China relativos aos direitos humanos", acrescentou Locke.