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Venezuelanos elegerão deputados em meio a crise

Partidários de Hugo Chavez tentam manter maioria no Parlamento durante escalada de violência e queda nos índices econômicos

Hugo Chavez e aliados esperam eleger 110 deputados, o que daria controle total do Parlamento (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Caracas - Aproximadamente 17,7 milhões de venezuelanos estão convocados a escolher no próximo domingo os 165 deputados da Assembleia Nacional, em um pleito considerado crucial, em meio a uma crise econômica e altos índices de violência e corrupção.

Nesta nova disputa eleitoral no polarizado cenário político venezuelano, o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) procura manter a hegemonia no unicameral Parlamento para, segundo insistiu o presidente Hugo Chávez ao longo da campanha, poder aprofundar o processo "revolucionário".

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Contra o PSUV e seus aliados do Partido Comunista da Venezuela (PCV), os partidos opositores chegam ao pleito reunidos em uma "Mesa de Unidade Democrática" (MUD), com o desafio de constituir uma Assembleia plural ao entrar no plenário de onde estiveram ausentes desde 2005, por seu boicote às últimas legislativas.

Por outra parte, se apresentam nas eleições os candidatos do esquerdista Pátria Para Todos (PPT), ex-aliado do "chavismo", que propõem uma "alternativa" à polarização.

Pesquisadores e analistas acreditam que o Governo manterá uma maioria parlamentar, mas a chave está em saber se alcançará os dois terços das 165 cadeiras (110 deputados), necessários para o controle da Câmara.

Os indecisos, por desencanto político ou descontentamento social, formam um setor importante do eleitorado, que o analista Luis Vicente León situa em 37%, e podem ser determinantes em um momento de aguda crise no país.

A perda do poder aquisitivo dos venezuelanos, expressada na alta inflação que acumula uma taxa de 19,9% nos primeiros oito meses deste ano (29,7% anualizada), figura como principal expressão da difícil situação econômica que a Venezuela atravessa.

O presidente do estatal Instituto Nacional de Estatística (INE), Elías Eljuri, estimou na semana passada que a inflação fechará este ano abaixo de 30%, e tachou de "profetas do desastre" os que calculam que será de até 45%.

No início do ano, o Governo modificou os valores do controle estatal cambial que instaurou em 2003 e introduziu uma dupla paridade oficial de 2,6 e 4,3 bolívares por dólar, o que significou uma desvalorização de 20% e 100%, respectivamente, em relação à cotação única vigente até então de 2,15 bolívares por dólar.

Chávez atribui a inflação a ações especulativas do setor privado, que diz ser representante de uma "oligarquia com a qual não há nenhuma possibilidade de conciliação", ao qual de ter declarado uma "guerra econômica" contra seu Governo.

Além disso, a Venezuela enfrenta o problema da insegurança, que segundo todas as pesquisas é a maior preocupação dos moradores do país, além de principal bandeira da oposição para a renovação do Parlamento.


A campanha eleitoral contra o chavismo destaca sempre os números da criminalidade, como o anunciou no dia 2 de agosto Benjamín Ezaine, da Frente contra a Insegurança da Mesa da Unidade Democrática.

No mês de julho, 469 pessoas foram assassinadas em Caracas, uma média de 15 por dia apenas na capital do país, disse Ezaine à Agência Efe.

"É como viver em uma guerra sem que esta esteja declarada", acrescentou Ezaine, que nesse mesmo mês divulgou à imprensa um estudo oficial que cifrou em 19.133 os assassinatos cometidos na Venezuela no ano passado.

Yul Jabour, diretor do PCV, aliado do PSUV, admitiu então que a insegurança é um problema que "existe há muitos anos", mas ressaltou que o assunto foi supervalorizado pela oposição.

Chávez reconheceu no dia 2 de setembro que o tema é "complicado", mas negou que a insegurança tenha aumentado durante seus 11 anos de mandato.

A corrupção é outro dos assuntos nos quais a oposição insiste durante a campanha, além de denunciar a recente descoberta de centenas de toneladas de alimentos que apodreceram em galpões estatais.

A isso se somam os cortes do fornecimento de água e luz no começo do ano devido, segundo o Governo, à grave seca que castigou o país, enquanto a oposição atribuiu o problema à ineficiência das instituições governamentais.

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