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Tunísia celebra aniversário da revolução sem Constituição

Tunísia comemorou o 3º aniversário da queda do regime de Ben Ali, detonador da Primavera Árabe, mas a adoção da nova Constituição ainda não foi possível

Protestante segura bandeira da Tunísia: aprovação da futura Constituição, prometida pela classe política para hoje para coincidir com o aniversário, é improvável (ANIS MILI)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 10h15.

Túnis - A Tunísia comemorou nesta terça-feira o 3º aniversário da queda do regime de Ben Ali, detonador da Primavera Árabe , mas a adoção da nova Constituição, prometida para esta data simbólica, não foi possível devido a disputas políticas.

Os líderes tunisianos participaram nesta manhã de uma breve cerimônia para hastear a bandeira na Praça Kasbah, em Túnis, onde está localizada a sede do governo.

O presidente Moncef Marzouki, o primeiro-ministro islamita Ali Larayedh e seu sucessor Mehdi Jomaa estiveram presentes, acompanhados por líderes políticos e militares.

No final da manhã, manifestações convocadas por partidos políticos ocorreram em um ambiente calmo e sob forte presença policial na avenida Habib Burguiba, a Meca do levante que derrubou Zine El Abidine Ben Ali do poder em 14 de janeiro de 2011.

Milhares de pessoas, entre partidários dos islamitas do Ennahda majoritários na Assembleia Constituinte e seus detratores, reuniram-se em diferentes partes deste eixo do centro da cidade.

Mas a aprovação da futura Constituição, prometida pela classe política para esta terça-feira para coincidir com este aniversário simbólico, é improvável.

Um terço dos cerca de 150 artículos ainda precisa ser revisto após doze dias de debates, e disposições importantes foram rejeitadas em um acalorado debate.

A Assembleia Constituinte se reunirá novamente.

Além dos artículos que definem as condições de elegibilidade do chefe de Estado e o papel do chefe de governo, a Constituinte rejeitou um disposição fundamental sobre as funções do poder Executivo na nomeação de juízes. Uma alternativa deve agora ser negociada.

"Devemos preparar a Constituição que o país merece", declarou aos manifestantes Ajmi Lourimi, líder do Ennahda. "O tempo dos golpes de Estado já passou porque há um povo para defender sua revolução", acrescentou.


"Apesar das dificuldades, os obstáculos e decepção do povo, a revolução foi feita para ter sucesso", declarou por sua vez Issam Chebbi, líder do Partido Republicano, em oposição ao Ennahda.

A Tunísia também espera a formação até o final da próxima semana de um governo independente, sob a liderança de Mehdi Jomaa, nomeado para conduzir o país até as eleições em 2014.

A nomeação de Mehdi Jomaa na sexta-feira concretizou a saída voluntária do governo Ennahda, que venceu as eleições da Assembleia Constituinte, em outubro de 2011, mas que em seus dois anos no poder uma sucessão de crises políticas e sociais, bem como o aumento de grupos jihadistas armados, levou à renúncia.

Em um discurso televisionado, o presidente Marzuki, aliado laico do Ennahda, admitiu que os dirigentes estavam "muito distantes de alcançar os objetivos da revolução", mas considerando o país "no caminho certo".

Ele também mencionou um "milagre tunisiano (...) porque preservamos a liberdade, um modelo modernista e a segurança", embora o país tenha experimentado em 2013 uma série de ataques orquestrados, segundo as autoridades, por movimentos jihadistas, e conflitos sociais, muitas vezes violentos.

Na semana passada, várias manifestações degeneraram em violência, principalmente alimentadas pela pobreza e o desemprego, fatores por trás da revolta.

Os jornais se dividiram nesta terça-feira entre o desencanto e um otimismo prudente.

"A Constituição tão sonhada ainda está indefinida. As famílias dos mártires (vítimas da revolução) ainda estão à espera de conhecer os (nomes) dos assassinos de seus filhos e os islamitas são forçados a admitir sua derrota", escreveu o La Presse.

Já o Temps ressaltou que a revolução, impulsionada pela juventude, "foi confiscada pelos políticos". No entanto, o jornal garante que Tunísia "conseguiu evitar o pior".

"Em breve, teremos um governo não-partidário que nos levará com segurança para as eleições. Nós teremos uma Constituição que promete ser modernista", prevê.

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Túnis - A Tunísia comemorou nesta terça-feira o 3º aniversário da queda do regime de Ben Ali, detonador da Primavera Árabe , mas a adoção da nova Constituição, prometida para esta data simbólica, não foi possível devido a disputas políticas.

Os líderes tunisianos participaram nesta manhã de uma breve cerimônia para hastear a bandeira na Praça Kasbah, em Túnis, onde está localizada a sede do governo.

O presidente Moncef Marzouki, o primeiro-ministro islamita Ali Larayedh e seu sucessor Mehdi Jomaa estiveram presentes, acompanhados por líderes políticos e militares.

No final da manhã, manifestações convocadas por partidos políticos ocorreram em um ambiente calmo e sob forte presença policial na avenida Habib Burguiba, a Meca do levante que derrubou Zine El Abidine Ben Ali do poder em 14 de janeiro de 2011.

Milhares de pessoas, entre partidários dos islamitas do Ennahda majoritários na Assembleia Constituinte e seus detratores, reuniram-se em diferentes partes deste eixo do centro da cidade.

Mas a aprovação da futura Constituição, prometida pela classe política para esta terça-feira para coincidir com este aniversário simbólico, é improvável.

Um terço dos cerca de 150 artículos ainda precisa ser revisto após doze dias de debates, e disposições importantes foram rejeitadas em um acalorado debate.

A Assembleia Constituinte se reunirá novamente.

Além dos artículos que definem as condições de elegibilidade do chefe de Estado e o papel do chefe de governo, a Constituinte rejeitou um disposição fundamental sobre as funções do poder Executivo na nomeação de juízes. Uma alternativa deve agora ser negociada.

"Devemos preparar a Constituição que o país merece", declarou aos manifestantes Ajmi Lourimi, líder do Ennahda. "O tempo dos golpes de Estado já passou porque há um povo para defender sua revolução", acrescentou.


"Apesar das dificuldades, os obstáculos e decepção do povo, a revolução foi feita para ter sucesso", declarou por sua vez Issam Chebbi, líder do Partido Republicano, em oposição ao Ennahda.

A Tunísia também espera a formação até o final da próxima semana de um governo independente, sob a liderança de Mehdi Jomaa, nomeado para conduzir o país até as eleições em 2014.

A nomeação de Mehdi Jomaa na sexta-feira concretizou a saída voluntária do governo Ennahda, que venceu as eleições da Assembleia Constituinte, em outubro de 2011, mas que em seus dois anos no poder uma sucessão de crises políticas e sociais, bem como o aumento de grupos jihadistas armados, levou à renúncia.

Em um discurso televisionado, o presidente Marzuki, aliado laico do Ennahda, admitiu que os dirigentes estavam "muito distantes de alcançar os objetivos da revolução", mas considerando o país "no caminho certo".

Ele também mencionou um "milagre tunisiano (...) porque preservamos a liberdade, um modelo modernista e a segurança", embora o país tenha experimentado em 2013 uma série de ataques orquestrados, segundo as autoridades, por movimentos jihadistas, e conflitos sociais, muitas vezes violentos.

Na semana passada, várias manifestações degeneraram em violência, principalmente alimentadas pela pobreza e o desemprego, fatores por trás da revolta.

Os jornais se dividiram nesta terça-feira entre o desencanto e um otimismo prudente.

"A Constituição tão sonhada ainda está indefinida. As famílias dos mártires (vítimas da revolução) ainda estão à espera de conhecer os (nomes) dos assassinos de seus filhos e os islamitas são forçados a admitir sua derrota", escreveu o La Presse.

Já o Temps ressaltou que a revolução, impulsionada pela juventude, "foi confiscada pelos políticos". No entanto, o jornal garante que Tunísia "conseguiu evitar o pior".

"Em breve, teremos um governo não-partidário que nos levará com segurança para as eleições. Nós teremos uma Constituição que promete ser modernista", prevê.

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