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Trump eleva o tom após novas revelações sobre caso russo

Imprensa revelou que o procurador independente Robert Mueller busca investigar se Donald Trump obstruiu a Justiça

Donald Trump: No Twitter, presidente denunciou "a maior caça às bruxas da história política dos Estados Unidos" (Win McName/Reuters)
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AFP

Publicado em 15 de junho de 2017 às 17h05.

Última atualização em 15 de junho de 2017 às 17h07.

O presidente americano, Donald Trump , classificou nesta quinta-feira (15) de falsas as afirmações sobre um suposto conluio com a Rússia , ao responder a novas revelações da imprensa, segundo as quais o procurador independente Robert Mueller busca investigar se o chefe de Estado obstruiu a Justiça.

"Eles fizeram um falso conluio com a história russa. Não encontraram nenhuma prova. Agora, falam em obstrução da Justiça nessa notícia falsa. Que bonito", ironizou Trump no Twitter.

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Em uma segunda mensagem na mesma rede social, Trump denunciou "a maior caça às bruxas da história política dos Estados Unidos".

O presidente tem muito em jogo neste caso. Se houver provas de que obstruiu a Justiça, poderia se iniciar, teoricamente, um processo de destituição no Congresso.

O procurador Mueller, ex-chefe do FBI, interroga atualmente autoridades da inteligência para determinar se o presidente tentou frear ou bloquear a investigação sobre a ingerência russa no processo eleitoral americano em 2016, segundo o "Washington Post" e o "New York Times".

Esta investigação inclui uma eventual conivência entre pessoas próximas a Trump e Moscou durante a campanha eleitoral vitoriosa do magnata republicano.

Na semana passada, o ex-chefe do FBI James Coney, demitido por Trump no começo de maio, deu conta de pressões do presidente na investigação sobre a Rússia.

Congresso determinado

O Congresso americano parece determinado a não reduzir a pressão em relação à Rússia e manter o controle das medidas tomadas envolvendo Moscou.

Nesta quinta-feira, o Senado aprovou novas sanções contra a Rússia e um projeto de lei que permite ao parlamento impedir que o presidente as possa levantar.

O fato de ampliar o campo da investigação a uma eventual obstrução da Justiça por Trump representa "um giro maior" neste caso, assinala o Washington Post, que afirma, ainda, que os investigadores estão em busca de potenciais crimes financeiros entre colaboradores do multimilionário republicano.

O procurador Mueller teria solicitado entrevistas com cinco importantes funcionários dos serviços de inteligência, dos quais três aceitaram o pedido: o diretor nacional de Inteligência, Daniel Coats; o chefe da Agência Nacional de Segurança, Mike Rogers, e seu ex-auxiliar Richard Ledgett.

As entrevistas poderiam acontecer esta semana, segundo o jornal. Citando funcionários, o Post indicou que um dos pontos de interesse de Mueller é uma reunião que ocorreu em 22 de maio, quando Coats disse a seus colegas que Trump havia pedido a sua intervenção para que Comey deixasse de investigar o ex-assessor de segurança Mike Flynn no caso sobre a interferência russa nas eleições.

Vazamento escandaloso

Poucos dias depois da reunião, Trump conversou separadamente com Coats e Rogers para pedir que emitissem declarações assinalando que não havia provas sobre ligações entre sua equipe de campanha e a Rússia.

Segundo o Washington Post, os dois funcionários se negaram a emitir as declarações.

Trump nega qualquer conluio entre ele ou algum de seus assessores com a Rússia durante a campanha eleitoral.

O advogado de Trump, Marc Kasowitz, disse que o FBI está por trás da notícia do Post e qualificou o vazamento de "indigno, indesculpável e ilegal", mas não desmentiu a versão.

Segundo a imprensa, "a investigação sobre o presidente por obstrução da Justiça começou dias depois da demissão de James Comey, em 9 de maio".

Mueller foi nomeado procurador especial para garantir a independência da investigação na semana seguinte, em 17 de maio.

Segundo o código dos Estados Unidos, que reúne o conjunto de leis federais do país, "qualquer pessoa que tente, de forma corrupta, influenciar, bloquear ou impedir a boa administração da Justiça deve ser punido". O crime é passível de uma pena de prisão que não exceda cinco anos.

Especialistas consideram pouco provável que o Departamento de Justiça tome a iniciativa de indiciar um presidente em exercício, mesmo que a investigação de Mueller conclua que houve obstrução da Justiça por parte de Trump.

Mas esta eventualidade pressionaria o Congresso, de maioria republicana, a colocar em andamento um processo político de destituição (impeachment) contra o presidente.

Os processos de impeachment realizados contra os presidentes Bill Clinton, em 1998, e Richard Nixon, em 1974, basearam-se, em ambos os casos, de acusações de obstrução da Justiça.

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