Theresa May se despede como mais uma vítima do Brexit
Depois de negociar um acordo de divórcio com a União Europeia durante 3 anos, a primeira-ministra viu seu capital político ruir até mesmo entre seus aliados
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2019 às 06h23.
Última atualização em 7 de junho de 2019 às 06h48.
É o fim de uma era para a primeira-ministra britânica Theresa May e é também apenas mais um capítulo do imenso problema que o Brexit criou. Depois de negociar um acordo de divórcio com a União Europeia (UE) durante três anos e de ver seu capital político ruir até mesmo entre seus aliados, nesta sexta-feira, 7, May renunciará à cadeira mais importante do parlamento inglês, se tornando a segunda vítima da maldição do Brexit, que ainda em 2016 causou a renúncia do então primeiro-ministro David Cameron.
Embora a falta de articulação de May tenha sido a principal responsável por sua queda, a segunda mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Reino Unido poderá, a partir de agora, carregar o título de maior vítima política do Brexit. Isso porque May, que fez tudo o que pôde para negociar a separação escolhida pelos próprios britânicos em um referendo antes de ela assumir o posto.
Em 2016, quando a conservadora ascendeu ao posto de primeira-ministra, o caminho para a consolidação do Brexit parecia menos tortuoso. No calor do momento, a maior parte do Reino Unido, ainda sob os efeitos de uma onda populista, permanecia crendo nos benefícios da separação. Logo após a aprovação do referendo onde cerca de 51% dos consultados optou pela saída, o então líder do parlamento David Cameron ㅡ que propôs a consulta popular mas era contra o divórcio ㅡ renunciou ao cargo. Mesmo quando a opinião pública começou a perceber que o Brexit não seria a solução para os problemas do Reino Unido, May se manteve fiel ao compromisso de realizar a transição, e passou a travar uma guerra com o parlamento, que não aceitou nenhum dos três acordos que ela conseguiu firmar com a UE.
Antes de se tornar premiê, May foi ministra do Interior de David Cameron por seis anos. Embora defendesse a pauta de limitar a imigração no Reino Unido ㅡ convergindo com os separatistas ㅡ, nunca foi favorável ao divórcio com a UE, e mesmo assim defendeu o Brexit até onde conseguiu. A partir da próxima segunda-feira, o parlamento britânico voltará a se mobilizar para escolher um novo primeiro-ministro que terá que executar o Brexit até dia 31 de outubro, prazo limite dado pela UE.
O principal candidato ao posto é Boris Johnson, que em julho do último ano abandonou o cargo de ministro das relações exteriores, função que ocupava dentro do governo de May. Ele é favorável ao chamado Brexit duro, um desembarque mesmo sem acordo com a Europa.