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Teerã virou cidade fantasma, diz iraniana

Com 2 000 casos novos registrados nas últimas 48 horas, pessoas evitam sair de casa; empresas, comércio e mesquitas permanecem fechados

Bombeiro desinfeta ponte de Teerã (Ali Mohammadi/Bloomberg/Getty Images)

Bombeiro desinfeta ponte de Teerã (Ali Mohammadi/Bloomberg/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 12 de março de 2020 às 16h51.

São Paulo – O aumento no número de pessoas infectadas com o coronavírus no Irã se tornou ainda mais preocupante desde a última terça-feira, dia 10. Nas últimas 48 horas, 2 000 iranianos testaram positivo para a doença. Já são mais de 10 000 infectados e centenas de mortos.

Ali Akbar Velayati, o principal assessor de assuntos internacionais do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, anunciou nesta quinta-feira, dia 12, que foi infectado pelo vírus. Há o temor de que Khamenei também possa ter contraído a doença. Mais de 20 deputados já vieram a público para declarar que testaram positivo para o vírus.

Há três semanas, quando já havia milhares de casos confirmados, praticamente todas as empresas fecharam as portas. O Parlamento também encerrou temporariamente suas atividades. Nem as mesquitas, onde são feitas as preces tradicionais de sexta-feira, escaparam da quarentena.

“Teerã virou uma cidade fantasma, com pouquíssima gente nas ruas”, diz a fotógrafa iraniana Nisran Khasteshih, que mora na capital iraniana, em entrevista à EXAME. “Eu mesma só saio de casa quando é absolutamente necessário, para comprar alimentos e produtos de higiene”.

Não é só a saúde dos iranianos que está em jogo. O coronavírus pode levar a economia iraniana ainda mais para o buraco. No ano passado, o PIB do país encolheu 9,5%. O governo iraniano atribuiu o mau desempenho econômico às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos desde 2018. Para fortalecer sua economia, o Irã passou a estreitar mais suas relações com outros países do Oriente Médio, como o Iraque e o Líbano.

Além disso, os líderes iranianos vinham intensificando as viagens para a China, país que não deixou de comprar o petróleo iraniano mesmo diante das sanções. “Muitos iranianos podem ter pego o vírus na China”, diz Nisran. O pico da doença é esperado na primeira semana de abril. "Até lá, pode haver muitos outros casos confirmados", afirma Nisran. "Só nos resta torcer pelo melhor".

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