Rússia acusa EUA de treinarem ex-combatentes do EI na Síria
As alegações do general Valery Gerasimov, feitas em uma entrevista a um jornal, se concentram em uma base militar dos EUA em Tanf
Reuters
Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 09h38.
Moscou - O chefe do Estado-Maior da Rússia acusou os Estados Unidos de treinarem ex-combatentes do Estado Islâmico na Síria para tentar desestabilizar o país.
As alegações do general Valery Gerasimov, feitas em uma entrevista a um jornal, se concentram em uma base militar dos EUA em Tanf, uma passagem de fronteira estratégica situada em uma estrada síria na divisa com o Iraque no sul da nação.
A Rússia diz que a base é ilegal e que ela e a área ao seu redor se tornaram um "buraco negro" no qual os militantes operam livremente.
Neste ano o Estado Islâmico perdeu quase todo o território que controlava na Síria e no Iraque. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse nesta quarta-feira que a maior parte da batalha contra o Estado Islâmico na Síria terminou, segundo a agência estatal de notícias RIA.
Os EUA dizem que a instalação de Tanf é uma base temporária usada para treinar forças aliadas para combater os extremistas. Washington rejeitou alegações russas semelhantes no passado, dizendo continuar comprometida a aniquilar o grupo e lhe negar qualquer santuário.
Mas Gerasimov disse ao diário Komsomolskaya Pravda nesta quarta-feira que os EUA estão treinando combatentes que são ex-militantes do Estado Islâmico e agora se intitulam Novo Exército Sírio ou usam outros nomes.
Ele afirmou que satélites e drones russos flagraram brigadas de militantes na base norte-americana.
"Eles na verdade estão sendo treinados lá", disse Gerasimov, acrescentando que também há um grande número de militantes e ex-combatentes do Estado Islâmico em Shadadi, onde disse também existir uma base dos EUA.
"Eles praticamente são o Estado Islâmico, mas depois que trabalham neles eles mudam de aspecto e assumem outro nome. Sua tarefa é desestabilizar a região".
A Rússia se retirou parcialmente da Síria, mas Gerasimov disse que o fato de Moscou estar mantendo uma base aérea e uma instalação naval no país significa que está bem posicionada para lidar com bolsões de instabilidade se e quando eles emergirem.