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Roubo de energia e disputas empresariais causam caos Albânia

Quatro anos após assumir a distribuição na Albânia, empresa tcheca CEZ deixa o país no meio de uma monumental disputa com o Governo

Albanês carrega comida em uma mula para a sua família após nevasca que atingiu a cidade de Kukes (Arben Celi/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2012 às 08h45.

Tirana - Apenas quatro anos após assumir a distribuição de energia elétrica na Albânia, a empresa tcheca CEZ deixa o país, no meio de uma monumental disputa com o Governo que revelou o caos energético que vive esta pequena república balcânica.

Em Kukes, a cidade natal do primeiro-ministro albanês, Sali Berisha, apenas 4% dos lares paga a eletricidade perante a vista grossa das autoridades, uma situação que exemplifica um fenômeno generalizado no norte do país, celeiro de votos do político conservador.

"A única política eleitoral de Berisha nas eleições locais do ano passado em Kukes foi: Pagamos a luz, nos dê os votos", denunciou em novembro o jornal "Tema".

No dia 16 desse mês, quase todo o país ficou sem água corrente durante horas, após a distribuidora CEZ Shperndarje cortar a provisão de energia das estações de bombeamento, como resposta a uma conta em aberto de 38 milhões de euros.

Esse corte evidenciou o caos energético e acelerou o divórcio entre o Governo e a filial local da CEZ, que se acusam mutuamente de descumprir o contrato.

"Um grande problema na Albânia são os roubos de eletricidade, a pouca moral de pagamento entre cidadãos e empresas, e inclusive entre instituições públicas", denunciou em declarações à Agência Efe em Praga Barbara Pulpanova, porta-voz da CEZ.

A aventura da CEZ na Albânia, onde é a maior empresa do país, começou logo após a compra do antigo monopólio estatal, com investimentos para melhorar infraestruturas e inclusive com lucro já no ano de 2011.

Porém, 2012 foi marcado por uma dura seca, que obrigou a importar energia perante a dependência total da produção hidrelétrica, e pela disputa entre Governo e CEZ.


Tirana acusa a empresa de má gestão, de não ter cumprido o plano de investimentos e inclusive de ter posto em perigo a segurança nacional ao cortar a luz das estações de bombeamento.

"Os cortes de eletricidade mostram que a companhia violou o contrato que a obriga a assegurar o fornecimento de energia à população", explicou à Efe em Tirana Sokol Ramadani, diretor do Ente Regulador da Energia da Albânia (ERE).

Mas a empresa tcheca critica o fato de o Governo ter aumentado o preço de venda da energia e lhe impediu de transferir esse aumento ao consumidor, além de impor-lhe sanções que acredita serem "injustas".

A CEZ, que pôs na à venda sua filial albanesa, também se refere ao irregular ambiente empresarial no país balcânico e às graves perdas por causa das ligações ilegais.

"Os albaneses não estão acostumados a pagar pelos serviços porque o Governo várias vezes perdoou suas dívidas", argumenta Pulpanova.

De fato, as perdas na rede, incluindo problemas técnicos e os roubos, já representam metade da energia transmitida, um fato que o Governo albanês, no entanto, interpreta como um descumprimento de contrato por parte da CEZ Shperndarje.

Em 2012, a arrecadação das contas caiu até 70% e a empresa fez frequentes cortes de luz, embora negue que tenha aplicado "castigos coletivos".


Os cortes de eletricidade afetaram este inverno principalmente as regiões do norte, onde aconteceram ataques e queima de estações transformadoras.

Além disso, a empresa denunciou o roubo de toneladas de cabo de cobre e de cerca de 200 transformadores.

"O sul da Albânia paga o dobro da tarifa para compensar o norte que não paga", denunciou o jornal "Tema" sobre esse tratamento privilegiado aos vizinhos e eleitores de Berisha no norte.

A CEZ reconhece que as perdas reais na Albânia foram reduzidas, já que mal foram investidos 120 milhões de euros.

Além disso, a empresa acredita que vá recuperar parte desse dinheiro, seja mediante a execução de uma garantia de 60 milhões de euros do Banco Mundial; seja mediante uma arbitragem internacional; ou com a venda de 76% das ações que possui na CEZ Shperndarje.

No entanto, o Governo albanês assegura que a empresa deve 300 milhões de euros a companhias estatais, incluído a KESH, o produtor estatal de eletricidade.

"A CEZ causou à Albânia danos avaliados em US$ 1 bilhão e por isso a ERE iniciou os trâmites para retirar sua licença", anunciou esta semana o Governo albanês.

Além disso, a Albânia "empreenderá todos os passos necessários legais para bloquear o processo da venda", advertiu o Executivo.

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Tirana - Apenas quatro anos após assumir a distribuição de energia elétrica na Albânia, a empresa tcheca CEZ deixa o país, no meio de uma monumental disputa com o Governo que revelou o caos energético que vive esta pequena república balcânica.

Em Kukes, a cidade natal do primeiro-ministro albanês, Sali Berisha, apenas 4% dos lares paga a eletricidade perante a vista grossa das autoridades, uma situação que exemplifica um fenômeno generalizado no norte do país, celeiro de votos do político conservador.

"A única política eleitoral de Berisha nas eleições locais do ano passado em Kukes foi: Pagamos a luz, nos dê os votos", denunciou em novembro o jornal "Tema".

No dia 16 desse mês, quase todo o país ficou sem água corrente durante horas, após a distribuidora CEZ Shperndarje cortar a provisão de energia das estações de bombeamento, como resposta a uma conta em aberto de 38 milhões de euros.

Esse corte evidenciou o caos energético e acelerou o divórcio entre o Governo e a filial local da CEZ, que se acusam mutuamente de descumprir o contrato.

"Um grande problema na Albânia são os roubos de eletricidade, a pouca moral de pagamento entre cidadãos e empresas, e inclusive entre instituições públicas", denunciou em declarações à Agência Efe em Praga Barbara Pulpanova, porta-voz da CEZ.

A aventura da CEZ na Albânia, onde é a maior empresa do país, começou logo após a compra do antigo monopólio estatal, com investimentos para melhorar infraestruturas e inclusive com lucro já no ano de 2011.

Porém, 2012 foi marcado por uma dura seca, que obrigou a importar energia perante a dependência total da produção hidrelétrica, e pela disputa entre Governo e CEZ.


Tirana acusa a empresa de má gestão, de não ter cumprido o plano de investimentos e inclusive de ter posto em perigo a segurança nacional ao cortar a luz das estações de bombeamento.

"Os cortes de eletricidade mostram que a companhia violou o contrato que a obriga a assegurar o fornecimento de energia à população", explicou à Efe em Tirana Sokol Ramadani, diretor do Ente Regulador da Energia da Albânia (ERE).

Mas a empresa tcheca critica o fato de o Governo ter aumentado o preço de venda da energia e lhe impediu de transferir esse aumento ao consumidor, além de impor-lhe sanções que acredita serem "injustas".

A CEZ, que pôs na à venda sua filial albanesa, também se refere ao irregular ambiente empresarial no país balcânico e às graves perdas por causa das ligações ilegais.

"Os albaneses não estão acostumados a pagar pelos serviços porque o Governo várias vezes perdoou suas dívidas", argumenta Pulpanova.

De fato, as perdas na rede, incluindo problemas técnicos e os roubos, já representam metade da energia transmitida, um fato que o Governo albanês, no entanto, interpreta como um descumprimento de contrato por parte da CEZ Shperndarje.

Em 2012, a arrecadação das contas caiu até 70% e a empresa fez frequentes cortes de luz, embora negue que tenha aplicado "castigos coletivos".


Os cortes de eletricidade afetaram este inverno principalmente as regiões do norte, onde aconteceram ataques e queima de estações transformadoras.

Além disso, a empresa denunciou o roubo de toneladas de cabo de cobre e de cerca de 200 transformadores.

"O sul da Albânia paga o dobro da tarifa para compensar o norte que não paga", denunciou o jornal "Tema" sobre esse tratamento privilegiado aos vizinhos e eleitores de Berisha no norte.

A CEZ reconhece que as perdas reais na Albânia foram reduzidas, já que mal foram investidos 120 milhões de euros.

Além disso, a empresa acredita que vá recuperar parte desse dinheiro, seja mediante a execução de uma garantia de 60 milhões de euros do Banco Mundial; seja mediante uma arbitragem internacional; ou com a venda de 76% das ações que possui na CEZ Shperndarje.

No entanto, o Governo albanês assegura que a empresa deve 300 milhões de euros a companhias estatais, incluído a KESH, o produtor estatal de eletricidade.

"A CEZ causou à Albânia danos avaliados em US$ 1 bilhão e por isso a ERE iniciou os trâmites para retirar sua licença", anunciou esta semana o Governo albanês.

Além disso, a Albânia "empreenderá todos os passos necessários legais para bloquear o processo da venda", advertiu o Executivo.

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