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Renzi apresenta plano de refomas para mudar Itália

Renzi divulgou medidas para estimular o crescimento, cortar gastos, alterar o mercado de trabalho e obrigar o governo a pagar sua contas

Matteo Renzi: premier garantiu que dez milhões de pessoas que ganham menos de 25 mil euros serão beneficiados com a redução de impostos (AFP)

Matteo Renzi: premier garantiu que dez milhões de pessoas que ganham menos de 25 mil euros serão beneficiados com a redução de impostos (AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2014 às 20h28.

O novo primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, apresentou nesta quarta-feira seu plano de reformas, encabeçado por um corte de impostos de 10 bilhões de euros.

Renzi divulgou medidas para estimular o crescimento, cortar gastos, alterar o mercado de trabalho e obrigar o governo a pagar sua contas.

Mostrando-se bastante confiante sobre o programa, o premier garantiu que dez milhões de pessoas que ganham menos de 25 mil euros serão beneficiados com a redução de impostos.

O anúncio ocorreu horas depois de o Congresso aprovar uma nova lei eleitoral que visa a acabar com a crônica instabilidade política do país.

O jovem político, de 39 anos, já havia comemorado a nova lei eleitoral com um tuíte. "Eles mostraram que nós realmente podemos mudar a Itália. Política 1x0 Derrotismo", escreveu.

O premier também anunciou a redução de 10% no imposto sobre os salários pagos pelas grandes empresas, um investimento de 3,5 bilhões de euros em reformas de escolas e um programa de acesso ao crédito para pequenos empresários.

Além de medidas de estímulo, haverá uma flexibilização na contratação e na demissão de trabalhadores, em um país conhecido pelas leis trabalhistas restritas.

Sobre a parte que talvez seja a mais importante do pacote, Renzi garantiu que várias instituições do governo vão pagar até julho os 68 bilhões de euros que estão devendo a seus fornecedores.

Simbolizando sua determinação em diminuir a burocracia do país, também anunciou que 15 mil carros oficiais serão leiloados no próximo mês.


Apoio de Berlusconi

Por 365 a 156 votos, os deputados aprovaram uma lei que, se passar no Senado, garantirá governos mais estáveis.

A lei aumenta o número de votos necessários para pequenos partidos chegarem ao Congresso e cria um mecanismo que garante a maioria de assentos para qualquer partido, ou coligação, que tenha 37% dos votos.

Caso nenhum partido alcance esse número, haverá uma nova eleição com os dois melhores colocados.

Renzi também anunciou planos para retirar do Senado o poder de bloquear, ou adiar votações, outra medida para melhorar a governabilidade.

A lei eleitoral foi aprovada depois de Renzi garantir o apoio do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Seu partido, o Forza Itália, é a principal força de oposição.

O apoio de Berlusconi será crucial para a lei passar no Senado, no que muitos analistas acreditam que vai ser o primeiro grande teste do governo de Renzi.

"Se nós não tivermos sucesso nessa reforma constitucional, vou considerar não só meu mandato, mas minha carreira política como acabada", afirmou Renzi.

Mais jovem premier da história da Itália, Renzi chegou ao poder em fevereiro, depois de articular a queda de seu companheiro de partido Enrico Letta, acusado de reproduzir os erros do passado recente do país.

O novo premier lidera um partido de centro-esquerda - o Partido Democrático - sucessor do Partido Comunista. Mas Renzi não tem ligação com essa tradição ideológica do partido, já tendo demonstrado admiração pela "Terceira Via" implementada pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

No governo de Blair (1997-2007), o Partido Trabalhista mudou sua opção histórica a favor de um Estado forte, adotando medidas pró-mercado.

A capacidade de Renzi de adotar medidas semelhantes é limitada pela enorme dívida pública da Itália (atualmente em 130% do PIB) e por sua obrigação de manter o déficit sob controle, já que o país é membro da eurozona.

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