O ritmo de crescimento da produção agrícola mundial será menor nos próximos dez anos, em comparação com a última década. A conclusão é da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) e consta de um relatório elaborado em parceria com a FAO, braço da ONU dedicado à agricultura. As principais incertezas que deverão conter a expansão agrícola, segundo o estudo, são as tendências dos preços dos combustíveis, as estimativas de crescimento econômico mundial, os investimentos em biocombustíveis e os entraves à definição de uma política global para o comércio de produtos agrícolas.

Segundo a OCDE, outro fator que tende a reduzir o ritmo de crescimento do setor é a migração da produção para os países em desenvolvimento. Dentro desse grupo, não estão apenas líderes mundiais do setor, como Brasil, Índia e China, mas também nações muito pobres, cuja expansão do consumo de alimentos será maior que a capacidade de produção interna. Isso tornará os países pobres ainda mais dependentes da importação de produtos agrícolas.

As perspectivas para o Brasil, porém, são positivas. "As perspectivas do mercado agrícola mundial dependem fortemente do desenvolvimento econômico de Brasil, China e Índia, os três gigantes da agricultura mundial", afirma o relatório. Além disso, o próprio mercado interno dessas nações ganhará cada vez mais peso, já que o aumento da renda, a estabilização da economia e a urbanização aumentam a demanda de alimentos, tanto in natura, quanto industrializados.

A OCDE prevê que a produção mundial de trigo cresça ao ritmo de 1,2% ao ano entre 2005 e 2015. Já o consumo deve subir cerca de 1,1% ao ano no mesmo período. Entre os países-membros da OCDE a produção crescerá 1%, ante 1,3% para os não-membros. O consumo também deve estar mais aquecido fora da área da OCDE (1,2% de expansão anual).