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Presidente sul-coreano promete reformas após desastre nas eleições legislativas

Com o país imerso em uma economia oscilante e ameaças da Coreia do Norte, o resultado pode levar a um impasse durante os três anos restantes do mandato de Yoon

Coreia do Sul: Yoon Suk Yeol promete reformas (AFP/AFP Photo)

Coreia do Sul: Yoon Suk Yeol promete reformas (AFP/AFP Photo)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 11 de abril de 2024 às 09h28.

O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, prometeu reformas durante o seu mandato nesta quinta-feira, 11, após o fracasso do seu partido nas eleições legislativas, que ampliaram a maioria da oposição no Parlamento.

Com o país imerso em uma economia oscilante e ameaças da Coreia do Norte, o resultado pode levar a um impasse durante os três anos restantes do mandato de Yoon, que pode não prosseguir com sua agenda conservadora.

"Honrarei humildemente a vontade do povo expressa nas eleições gerais, reformarei os assuntos de Estado e farei o máximo para estabilizar a economia e a vida das pessoas", disse Yoon, de acordo com o seu chefe de gabinete, Lee Kwan-sup.

De acordo com os resultados quase definitivos das eleições de quarta-feira, o Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon caiu de 114 para 108 cadeiras na Assembleia Nacional unicameral, com 300 membros. Por outro lado, a oposição de centro-esquerda do Partido Democrático (PD) emergiu como clara vencedora com 174 assentos, contra 156 na legislatura anterior.

O revés nas urnas fez as primeiras vítimas. O líder do PPP, Han Dong-hoon, renunciou e o primeiro-ministro, Han Duck-soo, e outros altos funcionários ofereceram suas demissões. Como pequeno consolo, a derrota não foi tão esmagadora como previam as pesquisas de boca de urna, que apontavam para uma maioria esmagadora da oposição com quase 200 cadeiras.

Revanche de Lee

As eleições ofereceram uma revanche tardia para o líder da oposição Lee Jae-myung, de 60 anos, que perdeu por pouco as eleições presidenciais de 2022 para Yoon. "Esta não é a vitória do Partido Democrático, mas uma grande vitória para o povo", disse este ex-trabalhador fabril, que foi esfaqueado no pescoço durante um comício de campanha em janeiro.

"Os políticos de ambos os lados devem unir forças para enfrentar a atual crise econômica. O Partido Democrático liderará o caminho para resolver a crise", disse ele aos jornalistas.

A vitória poderia dar a Lee uma nova chance de alcançar a presidência. "Com este resultado, ele se tornou o legislador mais poderoso à medida que a corrida presidencial se aproxima", disse o analista político Yoo Jung-hoon à AFP.

Mas os seus críticos chamam-no de populista e citam uma série de acusações de corrupção que pairam sobre ele, as quais rejeitou.

Crise política

Yoon assumiu uma linha dura em relação à Coreia do Norte, ao mesmo tempo que estendeu a mão a Washington e à ex-potência colonial do Japão.

Mas a sua agenda foi bloqueada pela fraqueza do seu partido na Assembleia Nacional. Isso inclui planos para reformas nos cuidados de saúde, que desencadearam uma greve dos médicos, e a sua promessa de abolir o Ministério da Igualdade de Gênero.

O resultado eleitoral representa "a maior crise política" para Yoon desde que chegou ao poder, segundo o jornal conservador Chosun Ilbo.

Os analistas destacaram que a votação de quarta-feira reflete a frustração com o governo por não abordar a desigualdade, os elevados preços da habitação e o desemprego juvenil neste país de 51 milhões de habitantes.

"A eleição é uma dura advertência do público que forçará Yoon a mudar de rumo e a cooperar com a oposição se não quiser ser um líder sem peso durante o resto do seu mandato", disse Chae Jin-won, da Universidade Kyung Hee, à AFP.

O analista destacou que a posição do presidente é precária, apesar de a oposição não ter alcançado a maioria absoluta que esperava, com dois terços do Parlamento que lhe teriam permitido o impeachment de Yoon.

Se Yoon não encontrar uma forma de trabalhar com a oposição, "seria possível um impeachment, que algumas facções do partido no poder poderiam abraçar em prol do seu próprio futuro político", segundo Chae.

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