Oposição: diz que soltar Fujimori faria de PPK “cúmplice de corrupção e assassinatos”. (Olivier Douliery - Pool/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2017 às 06h07.
Última atualização em 11 de julho de 2017 às 08h18.
Crimes cometidos durante a ditadura são dignos de perdão? O presidente do Peru, Pedro Paulo Kuczinsky, também conhecido por PPK, se reúne nesta terça-feira com sua adversária política Keiko Fujimori, e os dois devem conversar sobre a libertação de seu pai, Alberto Fujimori, preso por cometer abusos contra os direitos humanos. A conversa entre os dois divide a opinião de políticos peruanos — e adiciona mais insegurança em relação à firmeza da gestão de PPK. A líder do partido de oposição Frente Ampla, Verónika Mendoza, afirmou que soltar Fujimori faria de PPK “cúmplice de corrupção e assassinatos”, e classificou o ato como uma apunhalada na democracia.
O ditador comandou o país entre 1990 e 2000, num governo marcado por perseguições, sequestros e assassinatos de inimigos políticos, além de castração compulsória de mulheres e escândalos de corrupção. Ele está preso desde 2007, após ter sido condenado a 25 anos de prisão. Apesar de ainda faltarem 15 anos para o fim da pena, médicos avaliam se o ex-presidente do país não deve, enfim, deixar a cadeia, uma vez que completa 79 anos de idade no fim do mês e sofre de problemas de hipertensão e arritmia cardíaca.
Em 2016, Keiko Fujimori disputou a presidência do país, mas perdeu para Kuczinsky no segundo turno. A conversa marcada pela opositora tem como objetivo falar da “profunda preocupação pela situação política e econômica do país”, que enfrenta desaceleração e denúncias que colocam o país na incerteza. O partido Força Popular, que é liderado pelos Fujimori e tem maioria no Congresso, comprou briga com o governo ao forçar a renúncia do ministro da economia, Alfredo Thorne, acusado de chantagear um órgão público pela liberação de um projeto para a construção de aeroporto em Cusco. Cinco dias depois, em 22 de junho, o ministro deixou o cargo.
O freio foi brusco: no final do ano passado, a expectativa era de que a economia peruana crescesse 4,8% este ano – mas a alta foi revisada para 3%, depois de um crescimento de 4,9% no ano passado. Um dos principais motivos da desaceleração foi o fenômeno El Niño, que resultou nas piores inundações em décadas, e vai demandar investimentos de 9 bilhões de dólares para a reconstrução de algumas cidades. Os escândalos de corrupção envolvendo a Odebrecht no país também paralisaram obras de infraestrutura e aumentaram o clima de incerteza.