Mais de 9 mil pessoas morreram desde o começo da revolta em março de 2011, segundo as Nações Unidas (AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2012 às 16h38.
Damasco - O principal grupo de oposição da Síria pediu nesta quinta-feira uma reunião de emergência da ONU depois da morte de mais de 100 pessoas na cidade de Hama, enquanto a Rússia acusou os rebeldes de estimular o conflito.
O apelo do Conselho Nacional da Síria lança ainda mais dúvidas sobre se o cessar-fogo apoiado pela ONU, que entrou em vigor neste país dividido pelo conflito no dia 12 de abril, fracassou em meio à persistente violência e às mortes.
"Pedimos uma reunião de urgência para que se possa adotar uma resolução para proteger os civis sírios", afirma um comunicado do CNS.
"Hama nos últimos dias, e depois da visita de observadores da ONU, testemunhou uma série de crimes...que deixaram mais de 100 pessoas mortas e centenas de feridos por causa do intenso bombardeio".
Monitores disseram que o bombardeio do regime a um distrito da classe trabalhadora de Hama matou pelo menos 12 pessoas na quarta-feira e derrubou um bloco de casas, mas segundo os ativistas o número de mortos foi de mais de 68, incluindo 16 crianças.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, pelo menos 7 pessoas morreram nesta quinta-feira, cinco delas civis.
A agência de notícias estatal Sana indicou disse que 16 pessoas morreram quando uma bomba que os "terroristas" estavam preparando explodiu em uma casa na cidade.
Moscou, um aliado de longa data de Damasco, acusou a violência das forças rebeldes e insinuou um envolvimento da Al-Qaeda na revolta contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
"Grupos de oposição passaram essencialmente a empreender o terror em larga escala na região," disse o porta-voz do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Lukashevich.
Ataques visando "matar o maior número de civis possível e destruir a infraestrutura civil lembra o que está acontecendo no Iraque, na Jordânia e em outros lugares onde a Al-Qaeda e seus grupos operam", disse ele.
A trégua intermediada pelo enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, será monitorada por 300 observadores da ONU que devem chegar à Síria nas próximas semanas.
Damasco pôs a culpa dos conflitos contínuos em "grupos terroristas armados" - termo que usa para os rebeldes - e o ministro da Informação, Adnan Mahmoud, disse à AFP que eles já cometeram mais de 1.300 violações desde o começo da trégua.
Em um sinal de crescente frustração com o regime de Assad, a Turquia disse que está considerando todas as possibilidades se o conflito continuar, e o Conselho da Europa pediu ao Conselho de Segurança para impor um embargo das armas à Síria.
"Em face dos acontecimentos na Síria, estamos levando em consideração todas as possibilidades alinhadas com nossos interesses e a segurança nacional" disse o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, durante instruções para os legisladores.
"Planejar que tipo de medidas tomaremos se milhares de pessoas vierem para nossas fronteiras é uma condição de ser um grande Estado", disse ele. "Isso não é intervir ou instigar uma guerra como alguns dizem".
Na quarta-feira, a França levantou a ideia de uma intervenção militar na Síria se o plano de paz de Annan apoiado pela ONU fracassar.
Sem um rápido progresso, disse o ministro das Relações Exteriores turco, a comunidade internacional tem que "dar outro passo que nós já começamos a discutir com nossos parceiros, sob o Capítulo Sete da Carta das Nações Unidas".
A missão de monitoramento da ONU está fadada ao fracasso porque Assad nunca vai concordar com um cessar-fogo, disse o principal líder militar rebelde, o general Mustafa al-Sheikh ao jornal pan-árabe Asharq al-Awsat nesta quinta-feira. A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa nesta quinta-feira adotou uma resolução condenando o regime de Assad e pediu ao Conselho de Segurança para implantar urgentemente um embargo ao envio de armas à Síria.
Mais de 9 mil pessoas morreram desde o começo da revolta em março de 2011, segundo as Nações Unidas.