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ONU entrega ajuda através de aviões a civis cercados pelo EI

Um avião do Programa Mundial de Alimentos (PMA) deixou cair uma primeira carga de 21 toneladas na região


	Ajuda humanitária: segundo a organização, em Deir ez-Zor há 200 mil civis que vivem uma situação "devastadora"
 (Bassam Khabieh / Reuters)

Ajuda humanitária: segundo a organização, em Deir ez-Zor há 200 mil civis que vivem uma situação "devastadora" (Bassam Khabieh / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 14h36.

Nações Unidas - A ONU realizou nesta quarta-feira o primeiro lançamento de ajuda humanitária para os milhares de civis sitiados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na cidade de Deir ez-Zor, no nordeste da Síria.

Um avião do Programa Mundial de Alimentos (PMA) deixou cair uma primeira carga de 21 toneladas nessa região, que segundo os primeiros relatórios foi recebida com sucesso, disse o chefe humanitário das Nações Unidas, Stephen O'Brien, ao Conselho de Segurança.

Até agora a ONU tinha evitado fornecer ajuda pelo ar na Síria pelos riscos e dificuldades envolvidos neste tipo de operação, mas finalmente decidiu recorrer a aviões como a última opção em certas áreas, explicou O'Brien.

Na semana passada o PMA tinha anunciado que já planejava usar aviões especiais para, desde "uma altitude elevada", lançar com paraquedas alimentos e artigos essenciais de sobrevivência.

Segundo a organização, em Deir ez-Zor há 200 mil civis que vivem uma situação "devastadora", pois na cidade não entra nenhuma ajuda humanitária há 21 meses.

A operação é parte de uma mais ampla para levar assistência a localidades sírias cercadas tanto pelo EI como pelo governo e outros grupos.

O'Brien disse que até agora a ONU e seus parceiros puderam fornecer ajuda a 110 mil pessoas em zonas sitiadas e contam com aprovação para alcançar outras 230 mil, incluídos os lançamentos aéreos em Deir ez-Zor.

No entanto, a organização está à espera de aprovação para poder apoiar outros 170 mil civis, disse O'Bren, que confia em receber esse sinal verde "imediatamente".

Após os últimos acordos, os comboios das Nações Unidas puderam entregar assistência em localidades como Madaya, Zabadani, Fua e Kefraya, após longos períodos sem acesso a essas cidades.

A organização deve realizar outra grande operação nessas regiões no próximo dia 28, para a qual ainda precisa de receber o aval das partes em conflito, incluída a autorização de Damasco, explicou O'Brien.

Este mês a ONU também pôde entregar assistência a 40 mil pessoas em Muamadiya, nas imediações da capital, e está à espera para levar um novo comboio esta semana.

Apesar dos avanços, O'Brien destacou que os serviços humanitários ainda se deparam com vários obstáculos e impedimentos para fazer seu trabalho.

Ele deu como exemplo a última operação em Muamadiya, quando vários caminhões foram retidos antes de chegarem à cidade, atrasando durante horas a entrada de ajuda.

"Gostaria de lembrar ao Conselho que Muamadiya está cerca de 15 ou 20 minutos de carro do centro de Damasco. Não há razão para que esta missão demorasse mais de 48 horas a chegar às pessoas necessitadas", lamentou.

Além disso, disse que o Ministério da Saúde sírio negou a distribuição de produtos médicos para 30 mil pessoas.

O'Brien reivindicou do governo sírio a aprovação imediata da próxima rodada de comboios, que devem levar assistência a Guta oriental, Homs, Aleppo e ao sul do país, e disse que a ONU está trabalhando em uma proposta para reduzir o número de trâmites exigidos por Damasco.

"As operações humanitárias não podem continuar presas com restrições desnecessárias e inaceitáveis. As obstruções e os atrasos deliberados estão custando vidas", disse.

O'Brien destacou também a dureza dos combates e dos bombardeios aéreos na região de Aleppo, onde o governo e seus aliados realizam uma grande ofensiva, e disse que registraram centenas de mortos e cerca de 70 mil deslocados.

Além disso, lembrou que em 15 de janeiro sete instalações médicas foram atacadas em um só dia em vários pontos do país, ações realizadas pelo regime e seus aliados, segundo as informações compiladas pela ONU.

E lembrou que o EI continuou realizando "ataques indiscriminados", incluídos os atentados neste fim de semana em Damasco e Homs, que deixaram mais de 155 mortos.

O'Brien disse que o acordo para começar no sábado uma cessação de hostilidades deve terminar com a "brutalidade" atual e ser o ponto de partida para uma solução ao conflito. 

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