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Novos corpos de imigrantes são encontrados em Lampedusa

Mergulhadores italianos encontraram neste domingo 83 corpos de imigrantes, vítimas de um naufrágio em Lampedusa na última quinta

Barco da Guarda Costeira italiana em Lampedusa: no fundo do mar, a 50 metros de profundidade, os mergulhadores descreveram cenas de horror (Alberto Pizzoli/AFP)

Barco da Guarda Costeira italiana em Lampedusa: no fundo do mar, a 50 metros de profundidade, os mergulhadores descreveram cenas de horror (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2013 às 10h21.

Lampedusa - Mergulhadores italianos encontraram neste domingo 83 corpos de imigrantes, vítimas de um naufrágio em Lampedusa na última quinta-feira - uma "tragédia" que não pode ser repetida, segundo a ministra italiana de Integração.

A operação de recuperação dos cadáveres, suspensa na sexta-feira em consequência do mar agitado, foi retomada na manhã de domingo.

No fundo do mar, a 50 metros de profundidade, os mergulhadores descreveram cenas de horror: corpos presos no barco naufragado, abraçados uns aos outros, ou em pedaços espalhados pelo terreno arenoso - relatou o policial responsável pela equipe, Antonio D'amico.

O balanço agora é de 194 corpos recuperados, de quase 500 migrantes, em sua maioria da Eritreia e da Somália. O grupo viajava em um barco clandestino que havia zarpado da Líbia e que afundou na madrugada de quinta após um incêndio acidental.

No total, 155 pessoas foram resgatadas com vida, incluindo o comandante da embarcação. As autoridades temem um balanço final entre 300 e 360 mortos.

"Minha família e muitos amigos estavam no barco. Não posso falar disso, é muito doloroso", disse Ali, de 25 anos, à AFP.

Ali é um dos sobreviventes.

Segundo ele, o fogo começou quando o capitão prendeu uma camiseta para chamar a atenção da guarda-costeira italiana.

"Quando as pessoas viram as chamas, foram para o outro lado, e o barco se desequilibrou. Muita gente caiu no fundo da água", contou.

As autoridades cogitam resgatar os destroços do barco, afundado a meio quilômetro da costa e a 47 metros de profundidade, para continuar a busca.

Antes de viajar para Lampedusa, a ministra italiana da Integração, a ítalo-congolesa Cecile Kyenge, disse esperar, em entrevista ao jornal "Corriere della Sera", que não aconteçam mais tragédias como essa. A ministra declarou que são necessárias políticas de prevenção.


Kyenge defendeu políticas de imigração menos rígidas e anunciou que triplicará o número de vagas nos centros italianos para imigrantes, "de oito mil para 24 mil". O centro de recepção de Lampedusa está saturado, com apenas 250 vagas para mil pessoas, em um ano no qual 30 mil imigrantes chegaram à Itália.

Roma incluiu o tema da imigração na reunião do conselho de ministros do Interior da UE, na próxima terça-feira, em Luxemburgo.

Kyenge explicou que "os fluxos migratórios mudaram" e que, agora, trata-se mais de refugiados que fogem de conflitos do que de migrantes econômicos. "As leis não podem ser punitivas", argumentou.

A ministra defendeu ainda a modificação de uma lei adotada por um governo de Silvio Berlusconi que considera todos imigrantes "suspeitos" de imigração clandestina e pune os civis que ajudarem.

Essas propostas não gozam de consenso no atual governo italiano, cujo ministro do Interior, Angelino Alfano, que está em Luxemburgo na terça, é membro do partido de Berlusconi.

Neste domingo, o chefe do Executivo italiano, Enrico Letta, anunciou uma visita do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, quarta-feira, à Lampedusa.

Ao fazer esse anúncio, Letta destacou a porosidade das fronteiras líbias. "Nosso problema se chama Líbia. Tudo mudou nos últimos dois anos. Estaremos lá para fazer adotar normas mais rígidas", afirmou.

Ele alegou que "a Itália não pode ser o primeiro país (de entrada de migrantes africanos) e assumir todo o peso nas suas costas".

Já o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, declarou neste domingo que Paris poderá levar a questão da imigração para a próxima cúpula do Conselho Europeu, em 24 e 25 de outubro.

"O Mediterrâneo não pode ser um imenso cemitério a céu aberto. É preciso agir", disse Fabius à imprensa, acrescentando que "é muito provável que o presidente da República leve essa questão ao próximo Conselho Europeu".

Entre 17 mil e 20 mil imigrantes já morreram em sua tentativa de cruzar o Mediterrâneo nos últimos 20 anos, segundo dados de diferentes ONGs.

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