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No Irã, milhares vão às ruas a favor do governo

Ondas de protestos pró e contra o governo iraniano tomam conta de várias cidades do país

Imagem de vídeo dos protestos no Irã obtida pela agência Reuters.  (Reuters/Reuters)

Imagem de vídeo dos protestos no Irã obtida pela agência Reuters. (Reuters/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de dezembro de 2017 às 16h18.

Milhares de partidários do governo iraniano tomaram as ruas neste sábado (30), em várias cidades do país, uma demonstração de força do regime após dois dias de protestos contra a situação econômica nacional.

A emissora de televisão oficial mostrou imagens de milhares de pessoas vestidas de preto nas ruas da capital, Teerã, assim como em Mashhad, a segunda maior cidade do país, e em outros pontos do território.

A marcha celebra o aniversário do fim da "revolta", os protestos antigoverno feitos em 2009, após disputadas eleições e a vitória de Mahmud Ahmadinejad para um novo mandato.

Prevista há semanas, a convocação deste sábado acabou coincidindo com a onda de atos antigoverno deflagrada na quinta-feira em várias cidades. Esses protestos, que começaram tendo como pauta a rejeição à alta no custo de vida, à inflação e ao desemprego, escalaram até se tornarem uma crítica ao regime.

Hoje, o ministro iraniano do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, pediu à população que não participe de "manifestações ilegais".

"Pedimos à população que não participe de manifestações ilegais, já que criarão problemas para si mesmos e para outros cidadãos", declarou Fazli, citado pela agência de notícias Isna.

No total, o número de manifestantes se limitou a algumas centenas, mas esta foi a primeira vez, desde 2009, que tantas cidades iranianas foram tomadas por pessoas protestando.

A imprensa local chegou a noticiar as manifestações, mas sem detalhes, ou entrevistas.

Em Mashhad, origem dos protestos, cerca de 50 pessoas foram detidas. A medida foi condenada "firmemente" pelo governo americano na sexta-feira (30).

- 'Sinal de alerta' -

Nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens, como Telegram e Instagram, começaram a surgir vídeos das manifestações nas cidades de Rasht (norte), Kermansha (oeste), Hamedan (oeste) e Qazvin (norte).

Em alguns deles, como na cidade santa de Qom, a multidão gritava "Morte ao ditador!" e "Liberdade para os presos políticos!".

"Sinal de alerta para todo o mundo", intitulava neste sábado o jornal reformista Arman, enquanto se multiplicavam os pedidos ao governo para que adote medidas para solucionar os problemas econômicos do país.

O jornal conservador "Javan" falava de "movimento social" e recuperava uma declaração do presidente Hassan Rouhani, afirmando que "os inimigos [do Irã] atacam o apoio popular ao regime".

No campo conservador, também houve vozes que denunciaram o uso dos protestos dos últimos dois dias por parte de "contrarrevolucionários".

"É difícil prever se os protestos vão continuar, já que foram uma surpresa total", disse à AFP o editor-chefe da plataforma reformista Nazar, Payam Parhiz.

"O país enfrenta grandes desafios, como o desemprego, os altos preços, a corrupção, a falta de água, as desigualdades sociais e o desequilíbrio do orçamento", tuitou Hesamodin Ashena, o conselheiro cultural do presidente Hassan Rouhani.

"As pessoas têm o direito de fazer ouvir sua voz", acrescentou.

Já os conservadores pediram ao governo que se ocupe mais dos problemas diários dos iranianos.

"A solução dos problemas econômicos é a prioridade do país", disse Ebrahim Raissi, candidato conservador derrotado por Rouhani na eleição presidencial de maio.

"Se os membros do governo mostrarem determinação para solucionar os problemas econômicos, o povo vai apoiá-los", completou.

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