Relatório mais recente do IPCC prevê um aumento de 0,3 a 4,6 graus Celsius na temperatura global até o final do século 21 (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2015 às 13h25.
Nova Dhéli - A escassez de água pode levar a conflitos entre comunidades e nações, já que o mundo ainda não está plenamente consciente da crise hídrica que muitos países enfrentam como resultado da mudança climática, alertou o chefe do conselho climático da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira.
O relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) prevê um aumento de 0,3 a 4,6 graus Celsius na temperatura global até o final do século 21.
Países como a Índia devem ser fortemente atingidos pelo aquecimento global, que trará mais anomalias climáticas, como secas, que levarão a uma carência séria de água e afetarão a produção agrícola e a segurança alimentar.
“Infelizmente, o mundo não acordou de fato para a realidade do que iremos enfrentar em termos de crises no que diz respeito à água”, declarou o chefe do IPCC, Rajendra Pachauri, aos participantes de uma conferência sobre segurança da água.
“Se você olhar os produtos agrícolas, as proteínas animais – cuja demanda está aumentando –, são muito dependentes de água. Ao mesmo tempo, do lado do abastecimento, haverá várias limitações. Primeiro porque haverá profundas mudanças no ciclo da água devido à mudança climática.”
Especialistas em desenvolvimento de todo o mundo vêm demonstrando uma preocupação cada vez maior com a segurança da água nos últimos anos.
Inundações e secas mais frequentes causadas pela mudança climática, a poluição dos rios e lagos, a urbanização, o abuso na extração de água subterrânea e o aumento das populações fazem com que muitas nações como a Índia enfrentem graves carências de água.
Além disso, a demanda de mais energia em países como a Índia para sustentar seu crescimento econômico resultou na necessidade de direcionar mais água para hidrelétricas e usinas nucleares.
Os meses secos de junho e julho, durante os quais acontecem cortes de energia e falta água com frequência, são um retrato da crise hídrica iminente na Índia.
Os hospitais de Nova Délhi cancelaram operações a certa altura de 2013 por não terem água para os funcionários esterilizarem os instrumentos, limparem as salas de cirurgia ou lavarem as mãos. Shoppings de luxo foram forçados a desligar o ar-condicionado e fechar banheiros.
Pachauri disse ser necessário usar a tecnologia para ajudar a utilizar a água de maneira mais eficaz, especialmente na agricultura, área na qual há muito desperdício.
“Naturalmente, esta (crise hídrica) também levará a tensões – provavelmente algum conflito entre grupos e Estados ribeirinhos”, declarou.
A Índia se encontra no centro de uma disputa com seus vizinhos do leste e do oeste, Bangladesh e Paquistão, que acusam Nova Délhi de monopolizar os cursos de água.