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Mortos chegam a 51 no Egito; islamistas convocam rebelião

Serviços de emergência disseram que mais de 430 pessoas ficaram feridas, numa grave escalada da crise política egípcia


	Apoiadora de Mursi chora durante protesto: em reação à violência, o partido islâmico ultraconservador Nour, que inicialmente apoiou os militares, abandonou as negociações para governo provisório
 (Suhaib Salem/Reuters)

Apoiadora de Mursi chora durante protesto: em reação à violência, o partido islâmico ultraconservador Nour, que inicialmente apoiou os militares, abandonou as negociações para governo provisório (Suhaib Salem/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2013 às 12h52.

Cairo - Pelo menos 51 pessoas morreram na segunda-feira, quando manifestantes islâmicos insatisfeitos com a deposição do presidente Mohamed Mursi disseram ter sido alvejados por militares durante as preces matinais no quartel do Cairo onde ele está preso.

De acordo com a versão dos militares, um “grupo terrorista” tentou invadir o quartel da Guarda Republicana, deixando um militar morto e 40 feridos. Uma fonte militar disse que os soldados reagiram ao ataque.

Os serviços de emergência disseram que mais de 430 pessoas ficaram feridas, numa grave escalada da crise política egípcia. A Irmandade Muçulmana, que dava sustentação a Mursi, convocou seus partidários a se rebelarem contra o Exército, que na quarta-feira destituiu Mursi em um golpe com amplo apoio popular.

Em um hospital próximo à mesquita Rabaa Addawia, onde os islamitas acampam desde a deposição de Mursi, as salas estavam abarrotadas de pessoas feridas nos confrontos. Havia lençóis manchados de sangue, e equipes médicas se apressavam para atender as vítimas.

"Eles investiram contra nós com gás lacrimogêneo, nalas de borracha, tudo. Depois usaram balas de verdade", disse Abdelaziz Abdel Shakua, de 30 anos, ferido em na perna direita.

Em reação à violência, o partido islâmico ultraconservador Nour, que inicialmente apoiou a intervenção militar, decidiu abandonar as negociações, ora paralisadas, para a formação de um governo provisório que comande a transição até novas eleições.

Os militares argumentam que a deposição de Mursi não foi um golpe de Estado, pois estaria atendendo aos anseios de milhões de egípcios que saíram às ruas em 30 de junho exigindo a renúncia de Mursi, primeiro presidente eleito livremente na história egípcia.

Confrontos entre apoiadores e oponentes de Mursi continuam acontecendo no Cairo, em Alexandria e outras cidades. Pelo menos 35 pessoas morreram na sexta-feira e sábado.

A crise deixa o mais populoso país árabe, com 84 milhões de pessoas, em uma situação delicada, com o risco de maior polarização política e agravamento da crise econômica.

Exceto pelo confronto no quartel da Guarda Republicana, o ambiente no resto do Cairo é de relativa calma, mas veículos blindados interditam pontes sobre o Nilo, sobre as quais houve incidentes graves nos últimos dias.

A negociação para a formação do novo governo já estava complicada antes do confronto na segunda-feira, pois o Partido Nour havia rejeitado dois candidatos liberais ao cargo de premiê, apresentados pelo presidente interino Adli Mansour.

A participação do Nour, segundo maior partido islâmico do Egito, seria vital para que o governo provisório tivesse um verniz de apoio islâmico. O partido se retirou das negociações em protesto contra o que descreveu como "massacre na Guarda Republicana".

Para muitos ativistas islâmicos, a derrubada de Mursi foi um duro revés que despertou temores de uma volta à época em que a Irmandade era duramente reprimida por regimes autocráticos, inclusive o de Hosni Mubarak, derrubado em uma rebelião popular em 2011, como parte da chamada Primavera Árabe.

No outro lado da polarização política, milhões de egípcios ficaram felizes de verem a derrubada de um líder que, na opinião dos liberais, estaria orquestrando uma sutil tomada do Estado pelo poder islâmico – algo que a Irmandade nega veementemente.

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