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Morte de político russo é "terrorismo de Estado", diz Poroshenko

Ex-deputado russo Denis Voronenkov foi assassinado durante a manhã em pleno centro de Kiev, quando saía de um hotel junto com seu guarda-costas

Petro Poroshenko: "o covarde assassinato de Denis Voronenkov é um ato de terrorismo de Estado por parte da Rússia" (Sergei Supinsky/AFP)
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EFE

Publicado em 23 de março de 2017 às 09h55.

Kiev - O presidente da Ucrânia , Petro Poroshenko, acusou o Kremlin de estar por trás do assassinato a tiros nesta quinta-feira no centro de Kiev do ex-deputado russo Denis Voronenkov, e qualificou o crime de "terrorismo de Estado por parte da Rússia".

"O covarde assassinato de Denis Voronenkov é um ato de terrorismo de Estado por parte da Rússia, país que se viu obrigado a deixar por motivos políticos", disse o líder ucraniano citado no Facebook por seu porta-voz, Sviatoslak Tsegolko.

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Em reunião com responsáveis das forças de segurança, Poroshenko afirmou que neste crime "se vê a clara mão dos serviços secretos russos, a mesma que se manifestou em várias ocasiões em diversas capitais europeias".

"Voronenkov era um das testemunhas-chave da agressão russa contra a Ucrânia e, em particular, do papel (do ex-presidente ucraniano Viktor) Yanukovich na entrada das tropas russas na Ucrânia", acrescentou.

O chefe do Estado indicou que não considera uma casualidade que o assassinato do ex-deputado tenha coincidido com o ato de sabotagem que provocou hoje o incêndio de arsenais militares no leste do país e que obrigou a evacuação de cerca de 20 mil pessoas.

Voronenkov foi assassinado durante a manhã em pleno centro da cidade, quando saía de um hotel junto com seu guarda-costas.

Segundo a polícia, o autor dos disparos foi ferido pelo guarda-costas de Voronenkov, que também foi atingido por disparos. Ambos se encontram hospitalizados sob custódia.

No último dia 3, a Rússia declarou Voronenkov em busca e captura por diversos crimes financeiros. O ex-deputado fugiu em dezembro à Ucrânia, onde criticou a anexação russa da península da Crimeia.

Além disso, um tribunal de Moscou ordenou sua detenção à revelia por dois meses a partir do momento em que fosse detido em território russo ou extraditado.

A Justiça russa acusou o deputado de fraude, falsificação de documentos e de embolsar entre US$ 1 e 2 milhões pela venda de um edifício de 1,5 mil metros quadrados em Moscou expropriado ilegalmente de seus legítimos proprietários.

Recentemente, Voronenkov provocou um grande escândalo político na Rússia ao conceder uma entrevista em Kiev e anunciar que tinha recebido em dezembro cidadania ucraniana após não ser reeleito no pleito parlamentar.

Denunciou que o Kremlin falsifica as eleições, tanto as presidenciais como as parlamentares e municipais, e acusou os serviços de segurança de usurpar o poder e controlar a Duma ou Câmara dos Deputados.

Na sua opinião, a Rússia do presidente Vladimir Putin se parece cada vez mais com a Alemanha de Hitler e a atmosfera em seu país de origem é uma "loucura pseudopatriótica".

O ex-deputado disse também que a anexação russa da Crimeia, que apoiou então na Duma, foi um "grande erro", à qual se opunham muitos dos altos funcionários do Kremlin, e que foi decidida apenas por um homem: o presidente Putin.

Sua esposa, a famosa soprano do teatro Mariinski de São Petersburgo, Maria Maksakova, também fugiu à Ucrânia com o ex-deputado, sendo expulsa do partido do Kremlin, Rússia Unida.

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