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De Mao a Marte, a 'Longa Marcha' espacial da China

Três astronautas chineses chegaram neste sábado à primeira Estação Espacial da China, cuja montagem começou em abril, para iniciar a missão mais longa de Pequim no espaço

China já investiu bilhões de dólares em seu programa espacial e tenta chegar ao mesmo nível de Europa, Estados Unidos e Rússia (AFP/AFP)

China já investiu bilhões de dólares em seu programa espacial e tenta chegar ao mesmo nível de Europa, Estados Unidos e Rússia (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 16 de abril de 2022 às 14h30.

Última atualização em 16 de abril de 2022 às 14h33.

A aventura espacial da China, iniciada há mais de 60 anos pelo presidente Mao Tsé-Tung, alcançou um novo feito neste sábado (16) com a chegada de três 'taikonautas' - os astronautas chineses - à sua estação espacial para iniciar a missão mais longa de Pequim até agora.

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A China já investiu bilhões de dólares em seu programa espacial e tenta chegar ao mesmo nível de Europa, Estados Unidos e Rússia. Estas são as principais etapas da conquista espacial chinesa:

O chamado de Mao

Em 1957, a União Soviética coloca em órbita o primeiro satélite fabricado pelo homem, o Sputnik. O fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, faz então um chamado a seus cidadãos: "Nós também fabricaremos satélites!"

A primeira etapa foi concretizada em 1970. A China lança seu primeiro satélite, Dongfanghong-1 ("O Leste é Vermelho-1"), o nome de uma canção em homenagem a Mao, cuja melodia seria difundida por vários dias no espaço.

O foguete responsável por colocar o satélite em órbita se chama "Longa Marcha", um nome que recorda a caminhada do Exército Vermelho que permitiu que Mao se afirmasse como líder do Partido Comunista chinês.

Em 2003, o gigante asiático envia o primeiro chinês ao espaço, o taikonauta Yang Liwei, que dá 14 voltas na Terra em um período de 21 horas. Com esse voo, a China se transforma no terceiro país, depois de União Soviética e Estados Unidos, a enviar um ser humano ao espaço por seus próprios meios.

Módulos

A China foi excluída deliberadamente do programa da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), uma cooperação envolvendo americanos, russos, europeus, japoneses e canadenses, e decide construir sua própria estação.

Para isso, o país asiático lança primeiro um pequeno módulo espacial, Tiangong-1 ("Palacio Celestial 1"), que foi colocado em órbita em setembro de 2011, para realizar o treinamento dos taikonautas e também experimentos médicos.

O Tiangong-1 deixa de funcionar em março de 2016. O laboratório era considerado uma etapa preliminar para a construção de uma estação espacial. Em 2016, a China lança seu segundo módulo espacial, Tiangong-2, onde os taikonautas realizaram acoplamentos técnicos.

Lua e 'GPS' chinês

O programa espacial chinês sofre um revés em 2017 com o fracasso do lançamento do Longa Marcha 5, um equipamento crucial que permite propulsar as pesadas cargas necessárias para algumas missões. Este contratempo leva a um atraso de três anos para a missão Chang'e 5. Executada apenas em 2020, a missão permite que os chineses enviem para a Terra amostras da superfície lunar, algo que não acontecia há 40 anos.

Em janeiro de 2019, a China obtém outro sucesso com um feito inédito em escala mundial: a alunissagem de um robô, o "Coelho de Jade 2", na face oculta da Lua. Já em junho de 2020, o país asiático lança o último satélite para concluir seu sistema de navegação Beidou, que compete com o GPS norte-americano.

Marte... e Júpiter

Em julho de 2020, a China envia a Marte a sonda "Tianwen-1", transportando um robô com rodas e comandado remotamente chamado Zhurong, que pousa na superfície de Marte em maio de 2021.

Os cientistas também mencionam o sonho de enviar pessoas para Marte em um horizonte não muito distante. Além disso, o responsável pela agência espacial, Xu Honglian, menciona a possibilidade de realizar uma missão para Júpiter até 2030.

Estação espacial

Neste sábado, três taikonautas chegaram à primeira Estação Espacial da China, cuja montagem começou em abril, com a colocação em órbita de seu módulo central. A missão deve durar seis meses, a mais longa prevista para uma tripulação chinesa, como o dobro do tempo da missão anterior, lançada em abril, que durou 90 dias.

Para terminar a montagem da estação, batizada de Tiangong (Palácio Celestial, em chinês), serão necessárias onze missões. Uma vez concluída, a estação deverá orbitar a entre 400 e 450 quilômetros de distância da superfície terrestre por um período de dez anos, com a ambição de manter a presença humana no espaço por um longo período.

Em princípio, a China não planeja usar sua estação espacial para a cooperação internacional, mas suas autoridades já disseram que estão abertas a colaborar com outros países.

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