Mundo

Milícias se preparam para guerra, segundo líder pró-Rússia

Premiê da autoproclamada República Popular de Donetsk declarou que milícias separatistas se preparam para a guerra


	Separatista pro-Rússia olha por um binóculo na periferia de Donetsk, no leste da Ucrânia
 (Maxim Shemetov/Reuters)

Separatista pro-Rússia olha por um binóculo na periferia de Donetsk, no leste da Ucrânia (Maxim Shemetov/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2014 às 10h15.

Moscou - O primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexander Zakharchenko, declarou nesta quarta-feira que as milícias da entidade separatista pró-russa se preparam para a guerra, pois o governo de Kiev denunciou o acordo de separação de forças na zona do conflito.

"A Ucrânia revogou sua assinatura do acordo para estabelecer a linha de separação, nos preparamos para a guerra", disse Zakharchenko, citado pela agência "Interfax", durante uma visita à cidade de Makeevka, ao noroeste de Donetsk, principal reduto dos pró-Rússia nas regiões orientais ucranianas.

Antes, o vice-primeiro-ministro, Andrei Purguin, havia denunciado que as autoridades ucranianas descumpriram os acordos de Minsk, firmados em 19 de setembro.

"A Guarda Nacional ucraniana viola constantemente o cessar-fogo e bombardeia bairros residenciais. Civis morrem diariamente", disse Purguín à imprensa russa.

Segundo Zakharchenko, desde o início do conflito armado em Dombass, território que abrange as regiões de Donetsk e Lugansk, as milícias registraram 384 mortes.

O líder da República Popular de Donetsk se pronunciou nesta quarta-feira contra a unificação com a vizinha e também autoproclamada República Popular de Lugansk.

"A unificação das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk não é conveniente na etapa atual. É diferente o nível de desenvolvimento das repúblicas", disse.

Zakharchenko é o principal candidato ao governo de Donetsk nas eleições que serão realizadas no domingo, aos mesmo tempo que as de Lugansk.

Além dos líderes das entidades separatistas, serão escolhidos os Parlamentos das repúblicas nas eleições. A legalidade dos pleitos não é reconhecida por Kiev.

Segundo o acordo assinado em Minsk, capital de Belarus, no qual foi estabelecida uma trégua nos combates que causaram cerca de quatro mil mortes desde abril, seriam convocadas eleições locais para o dia 7 de dezembro nas duas regiões rebeldes, a fim de escolher seus órgãos de poder.

Os insurgentes responderam rejeitando essa alternativa e convocaram seu próprio pleito para o dia 2 de novembro, além de não participarem das eleições legislativas ucranianas, que foram realizadas no domingo em todo o país.

A Rússia, no entanto, já anunciou que reconhecerá os resultados das eleições de Donetsk e Lugansk.

"Esperamos que as eleições sejam realizadas como foi combinado e certamente reconheceremos seus resultados", declarou nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. Ele também disse que espera que "a manifestação da vontade seja livre e não haja tentativas de frustrá-la".

A Rússia e os autoproclamados dirigentes separatistas entendem que as eleições para escolher os Parlamentos regionais e seus líderes fazem parte dos acordos de Minsk para a regulação do conflito no leste.

O embaixador da União Europeia em Moscou, o lituano Vygaudas Usackas, advertiu nesta quarta-feira que o reconhecimento das eleições nas regiões separatistas ucranianas pela Rússia poderia "ter consequências negativas".

"Não ajudaria ao interesse que temos na UE de rever as sanções (à Rússia), e temo que poderia ter consequências negativas que gostaríamos de evitar", disse o diplomata em entrevista coletiva. 

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaEuropaRússiaUcrâniaViolência política

Mais de Mundo

'A defesa da democracia é mais importante do que qualquer título', diz Biden em discurso

Governo Lula se diz irritado com falas de Maduro, mas evita responder declarações

Netanyahu discursa no Congresso americano sob protestos de rua e boicote de dezenas de democratas

Em discurso a irmandade negra, Kamala pede ajuda para registrar eleitores e mobilizar base a votar

Mais na Exame