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Mediterrâneo foi a rota mais fatal para imigrantes em 2014

No mesmo período do ano passado morreram nesse trajeto 1.607 imigrantes, quase a metade das 3.279 pessoas que morreram em todo o ano de 2014

Imigrantes resgatados no Mediterrâneo: os números evidenciam que o Canal da Sicília, no Mediterrâneo central, que liga a Líbia à Itália, é muito mais perigosa do que outras rotas (AFP)
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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2015 às 10h48.

Genebra - Mais de dois mil imigrantes morreram este ano ao tentar atravessar o Mediterrâneo, desde a norte da África até Europa, o que transformou esta rota "na mais mortal para os imigrantes que buscam uma vida melhor", informou nesta terça-feira a Organização Internacional de Migrações (OIM).

No mesmo período do ano passado morreram nesse trajeto 1.607 imigrantes, quase a metade das 3.279 pessoas que morreram em todo o ano de 2014.

Os números evidenciam que o Canal da Sicília, no Mediterrâneo central, que liga a Líbia à Itália , é muito mais perigosa do que outras rotas.

Apesar de Itália e Grécia terem tido um número parecido de chegadas de imigrantes (97 mil e 90.500, respectivamente), as taxas de mortalidade foram muito diferentes.

Na Itália morreram 1.930 imigrantes este ano, enquanto no caso da Grécia foram 60, disse a OIM.

A última tragédia no Mediterrâneo ocorreu na semana passada no Canal da Sicília, quando 19 imigrantes - parte de um grupo de 456 - morreram.

O motor do bote se reaqueceu e a água potável disponível foi utilizada para esfriá-lo, o que provocou a morte de 14 passageiros de calor, fadiga e sede, segundo testemunhas de outros imigrantes que viajavam na mesma embarcação.

Apesar das continuas tragédias, a OIM reconheceu hoje que o número de mortes diminuiu de forma significativa nos últimos meses e que em grande medida isto se deve ao reforço da operação Triton, um dispositivo da União Européia para vigiar suas fronteiras marítimas e que recupera as vítimas de naufrágios.

O relançamento dessa operação colocou à disposição mais embarcações que controlam as águas internacionais, onde as imigrantes enfrentam as maiores dificuldades.

Neste ano, cerca de 190 mil imigrantes foram resgatados.

A OIM alertou que nos próximos meses, de verão no hemisfério norte, a tendência é que aumentem as tentativas de atravessar o mediterrâneo.

São Paulo – Nunca antes o mundo observou um número tão grande de pessoas que, seja por guerras , pela pobreza ou perseguição política, foram forçadas a abandonarem os seus lares e buscarem refúgio em outros países. Estimativas recentes da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) revelam que há hoje no planeta 60 milhões de pessoas nestas condições. Só no ano passado, informa a agência, 20 milhões tornaram-se refugiadas. Deste total registrado em 2014, pouco mais da metade são crianças. A Síria, país que vive uma dura, confusa e violenta guerra civil, é o local que produz o maior número de refugiados e deslocados internos: 11,5 milhões. Não faltam alertas de entidades internacionais quanto ao agravamento da situação. “Para uma era de deslocamentos em massa sem precedentes, precisamos de resposta humanitária também sem precedentes” considera a Acnur. Para a Anistia Internacional, a mobilização dos líderes globais para lidar com este problema é “um vergonhoso fracasso”. A Europa é o destino mais procurado por refugiados da África e do Oriente Médio. A forma como a maioria tenta chegar lá, contudo, não poderia ser mais perigosa: navegando pelo Mediterrâneo em embarcações precárias e muitas vezes operadas por traficantes, milhares arriscam suas vidas diariamente. Muitos morrem durante a viagem. Outros conseguem pisar em terra firme desembarcando, por exemplo, na Itália, na Espanha ou na Grécia. Ao chegar, entretanto, a situação tampouco melhora. Sem ter para onde ir e com a roupa do corpo, a maioria destas pessoas passa a viver nas ruas, esperando conseguir algum trabalho para finalmente se reerguer. No mês em que se comemora o Dia Internacional dos Refugiados, EXAME.com compilou fotos que mostram o drama diário enfrentado por estas pessoas ao desembarcarem na Europa. Confira nas imagens.
  • 2. Itália

    2 /18(Dan Kitwood/Getty Images)

  • Veja também

    Em Lampedusa, um refugiado do norte da África caminha por uma praia, enquanto uma turista toma sol.
  • 3. Itália

    3 /18(Jean-Pierre Amet / Reuters)

  • Um grupo de refugiados se protege com cobertores de emergência durante uma tempestade. Estas pessoas são de diferentes lugares, como Eritreia e Sudão, e haviam tentado atravessar da Itália para a França, mas não conseguiram.
  • 4. Itália

    4 /18(Patrick Aventurier/Getty Images)

    Refugiados são fotografados nas pedras em uma praia italiana que fica na fronteira com a França. Neste local, explica a Reuters, há cerca de 200 pessoas de locais como Líbia, Sudão e Eritreia que tentavam entrar em território francês, mas tiveram sua passagem negada pelas autoridades do país.
  • 5. Itália

    5 /18(Eric Gaillard / Reuters)

    Um refugiado se cobre com uma bandeira do Reino Unido em Saint Ludovic, fronteira entre a Itália e a França.
  • 6. Itália

    6 /18(Tullio M. Puglia/Getty Images)

    Um caixão de uma criança refugiada é fotografado dentro do carro que o transportaria ao cemitério. A criança, conta a Reuters, morreu durante um naufrágio de uma embarcação com mais de 200 pessoas que terminou com a morte de outras 16.
  • 7. Espanha

    7 /18(Borja Suarez / Reuters)

    Nas Ilhas Canárias, um casal de turistas observa um grupo de imigrantes na praia.
  • 8. Espanha

    8 /18(Alexander Koerner/Getty Images)

    No enclave espanhol de Melilha, norte da África, uma autoridade da fronteira ajuda um homem desidratado que tentava atravessar deixar o Marrocos. Todos os dias, dezenas de africanos tentam pular esta cerca divisória em busca de melhores condições de vida.
  • 9. Espanha

    9 /18(Jose Palazon / Reuters)

    Golfistas observam refugiados africanos que tentavam pular a cerca entre o enclave espanhol de Melilha e o Marrocos.
  • 10. Espanha

    10 /18(Juan Medina / Reuters)

    Nas Ilhas Canárias, um refugiado rasteja na praia e é observado por um grupo de turistas ao fundo.
  • 11. Grécia

    11 /18(Dan Kitwood/Getty Images)

    Uma turista observa a chegada de homens na praia da Ilha de Kos.
  • 12. Grécia

    12 /18(Dan Kitwood/Getty Images)

    Dezenas de refugiados se misturam aos turistas na Ilha de Kos, Grécia. A maioria destes refugiados chega ao país pela Turquia.
  • 13. Grécia

    13 /18(Dan Kitwood/Getty Images)

    Refugiados paquistaneses chegam na Ilha de Kos depois de deixarem a Turquia. Apenas em 2015, 30 mil pessoas desembarcaram no país.
  • 14. Grécia

    14 /18(Dan Kitwood/Getty Images)

    Refugiados paquistaneses chegam na Ilha de Kos depois de deixarem a Turquia. Apenas em 2015, 30 mil pessoas desembarcaram no país.
  • 15. Grécia

    15 /18(Dan Kitwood/Getty Images)

    Refugiados são fotografados em uma fila do lado de fora de uma delegacia na esperança de conseguir documentação que permitam que sigam viagem na Europa. De acordo com a Reuters, a Ilha de Kos, um dos locais que mais recebeu imigrantes, registrou uma queda no número de turistas por conta desta crise.
  • 16. Grécia

    16 /18(Ognen Teofilovski / Reuters)

    Imigrantes sírios caminham nos trilhos entre a Macedônia e a Grécia.
  • 17. Hungria

    17 /18(Bernadett Szabo / Reuters)

    Uma menina afegã é fotografada no meio de uma estrada entre a Hungria e a Sérvia. Apenas em 2015, o território húngaro recebeu mais de 60 mil refugiados, que entraram no país ilegalmente. Para conter esta onda, país planeja construir um muro de 4 metros de altura em toda a sua fronteira.
  • 18. Agora conheça as dimensões da crise mundial de refugiados

    18 /18(Massimo Sestini/World Press Photo/Handout via Reuters)

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