Marcha das Mulheres: Milhares de pessoas participaram no sábado em várias cidades americanas em marcha contra Trump (Foto/Getty Images)
EFE
Publicado em 21 de janeiro de 2018 às 14h04.
Los Angeles (EUA) - Um ano após a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a "Marcha das Mulheres" volta a tomar neste fim de semana as ruas do país para pedir igualdade e o fim da discriminação e da intolerância.
Cidades como Las Vegas, Nova York e Los Angeles serão palco no sábado e no domingo de grandes protestos como os que aconteceram em 21 de janeiro de 2017, quando milhões de pessoas se manifestaram contra as ideias machistas de Trump que, apesar da polêmica durante a campanha eleitoral, não impediram o republicano de chegar à Casa Branca.
Com o protesto de Washington à frente, que foi replicado em cidades dentro e fora dos EUA, a "Marcha das Mulheres" de 2017 foi a primeira e contundente chamada de atenção a Trump, apenas um dia depois de o presidente pisar no Salão Oval.
Desde então, o polêmico empresário, que conta com um dos níveis de popularidade mais baixos dos últimos presidentes dos EUA, encontrou uma grande resistência para aprovar suas controversas medidas.
Las Vegas receberá neste domingo a manifestação central da "Marcha das Mulheres" que, como ocorreu no ano passado, não se restringirá a exigir igualdade para as mulheres, mas também servirão para pedir respeito à diversidade racial, religiosa e sexual.
Além disso, os ativistas colocaram como meta a conscientização da população em relação às eleições legislativas de novembro, nas quais serão renovadas todas as cadeiras da Câmara dos Representantes (Deputados) e um terço do Senado.
A casa de Emiliana Guereca, uma das diretoras executivas da Women's March Los Angeles Foundation, que organiza o protesto previsto para o sábado na cidade californiana, parece nesta semana um comitê de campanha: os celulares dos voluntários não param de tocar, voam papéis e mapas e não falta café para recarregar as energias.
"Ela é como um polvo", comentou com um sorriso Elaine Patel, uma das colaboradoras de Emiliana, ao vê-la falar ao telefone sem deixar de olhar o computador e enquanto passava novas instruções.
Nascida no México e criada em uma família de 13 irmãos em Chicago, Emiliana é uma empresária e organizadora de eventos que, até as eleições vencidas por Trump, não estava envolvida na política.
"Mas com o passar do tempo podia começar a ouvir o ódio, o racismo, podia começar a ver o ódio às mulheres e a misoginia", comentou a ativista em uma entrevista à Agência Efe.
"Nesse ponto me perguntei quem sou eu como pessoa, o que posso fazer para parar isso e o que podemos fazer como comunidade para ter uma voz", disse a mulher.
Emiliana foi uma das organizadoras da "Marcha das Mulheres" que no ano passado tomou as ruas do centro de Los Angeles com uma enorme manifestação que, admitiu, ultrapassou suas expectativas.
"Podia ver que as pessoas estavam saindo (às ruas) porque estavam ansiosas quanto ao futuro. E tudo o que as pessoas protestaram contra (no ano passado) aconteceu e está acontecendo. Houve quem pensasse que estávamos loucos por tomar as ruas, mas não estávamos", refletiu Emiliana.
A segunda edição da "Marcha das Mulheres" em Los Angeles acontecerá neste sábado e entre as oradoras que tomarão a palavra estão as atrizes Eva Longoria, Natalie Portman e Scarlett Johansson.
Com a cidade ainda atônita após o escândalo de abusos sexuais de Harvey Weinstein, Emiliana disse que os movimentos "Me Too" e "Time's Up" podem fortalecer as reivindicações da "Marcha das Mulheres", desde que não sejam um debate "apenas sobre as estrelas, apenas sobre Hollywood".
"Mas ajudam para dar poder às nossas filhas pequenas que estão crescendo. Queremos que elas tenham muito mais poder do que nós temos", completou Emiliana antes de ressaltar que também é preciso educar as crianças quanto ao respeito e à igualdade entre homens e mulheres.
Com doações para arcar com as despesas e 700 voluntários inscritos para organizar a manifestação em Los Angeles, Emiliana destacou que este ano o lema passou de "escute a nossa voz" para "escute o nosso voto", já dirigido para as eleições legislativas.
Neste sentido, a ativista afirmou que o poder das urnas deve ser usado para conseguir uma mudança: "Se não formos votar e ficarmos calados, estaremos dizendo que o que quer que aconteça está bem".