Estamos preocupados com relatos sobre violações graves de direitos humanos que incluem execuções extrajudiciais, alertou a ONU (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)
Reuters
Publicado em 5 de julho de 2018 às 13h28.
Genebra - Liderados pelo Peru, mais de 50 países exortaram a Venezuela nesta quinta-feira a restaurar o Estado de Direito e a abrir as portas para assistência humanitária, uma vez que uma grave crise econômica tem provocado escassez de remédios e uma desnutrição crescente.
As forças de segurança da Venezuela são suspeitas de matar centenas de pessoas e são imunes de processos, o que indica que o Estado de Direito está "praticamente ausente" do país, disse o escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em um relatório no mês passado.
Críticos dizem que o presidente Nicolás Maduro vem usando táticas cada vez mais autoritárias à medida que a economia mergulha na recessão e na hiperinflação. As condições levaram centenas de milhares de venezuelanos a emigrar no ano passado.
"Estamos preocupados com relatos a respeito de violações graves de direitos humanos que incluem execuções extrajudiciais, uso excessivo da força, prisões arbitrárias, tortura e maus tratos, e a ausência de acesso à justiça", disse o embaixador peruano, Claudio Julio de la Puente Ribeyro, no comunicado conjunto ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
A escassez está forçando famílias venezuelanas a reduzirem drasticamente o consumo de alimentos, e instalações de saúde carecem de remédios e equipamentos, disse De la Puente Ribeyro.
"Conclamamos a Venezuela a reconhecer a gravidade de sua situação e a abrir as portas para a assistência humanitária, a cooperar com os mecanismos de direitos humanos do Conselho".
A Venezuela, apoiada pelas aliadas Cuba e Bolívia, interrompeu De la Puente Ribeyro várias vezes durante sua leitura. Os três países fizeram objeções processuais para tentar impedi-lo de falar, mas o presidente do fórum, o embaixador esloveno Vojislav Suc, determinou que ele podia prosseguir.
O vice-embaixador da Venezuela, Félix Peña Ramos, rejeitou uma "interferência arbitrária ou ilegal".
Mas a embaixadora mexicana, Socorro Flores Liera, disse: "Receamos que os países que falam de politização sejam na verdade aqueles que estão politizando os debates, impedindo um grupo de países de fazerem declarações".