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Mais de 3,4 mil imigrantes morreram no Mediterrâneo em 2014

Desde o início do ano, mais 207.000 imigrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo, quase o triplo do recorde anterior, de 2011, com 70.000 refugiados

Imigrantes resgatados no Mediterrâneo: desde o início do ano, mais 207.000 imigrantes tentaram atravessar o mar na região (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 09h28.

Genebra - Pelo menos 3.419 imigrantes morreram ao tentar atravessar o Mediterrâneo em 2014, o que faz desta travessia a mais letal do mundo, um recorde anunciado pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Desde o início do ano, mais 207.000 imigrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo, quase o triplo do recorde anterior, de 2011, quando 70.000 pessoas tentaram fugir de vários países durante a primavera árabe.

"Estes números constituem uma nova etapa: enfrentamos vários conflitos e a Europa se viu diretamente afetada", afirmou à AFP Adrian Edwards, porta-voz do ACNUR.

Com conflitos ao sul (Líbia), leste (Ucrânia) e sudeste (Síria e Iraque), a Europa registra atualmente o maior fluxo de desembarques pelo mar.

Quase 80% das tentativas de viagem acontecem a partir da costa da Líbia, com Itália ou Malta como destinos almejados.

Muitos imigrantes que conseguiram entrar na Itália são da Síria (60.051), país que vive uma guerra civil há mais de três anos e meio, e da Eritreia (34.561), que tentam escapar de uma repressão brutal, do serviço militar vitalício e dos trabalhos forçados.

O ACNUR criticou a gestão migratória dos países europeus e lamentou que alguns governos tenham mais preocupação em manter os estrangeiros afastados de suas fronteiras, ao invés de respeitar o direito de asilo.

"É um erro, a reação ruim em um momento no qual um número recorde de pessoas fogem da guerra" afirmou António Guterres, alto comissário da ONU para os refugiados.

"Todos os países têm preocupações de segurança e gestão da imigração, mas as políticas devem ser concebidas de forma que não resultem em considerar as vidas humanas como danos colaterais" completou.

Apenas em novembro, 8.000 imigrantes receberam ajuda no Mediterrâneo.

No fim de outubro, as autoridades italianas confirmaram o fim da operação "Mare Nostrum", que permitiu salvar dezenas de milhares de imigrantes no Mediterrâneo.

A Itália iniciou a operação sem precedentes para evitar tragédias em alto mar, mas sem o apoio de outros países europeus não estava disposta a prosseguir com o plano.

Vários aceitaram, por fim, contribuir para uma nova operação, conhecida como Triton. Mas esta operação se limita a vigiar a fronteira da UE no Mediterrâneo.

"Não podem utilizar meios de dissuasão para impedir uma pessoa de fugir para salvar sua vida, sob risco de aumentar o perigo", afirmou Guterres.

Apesar do Mediterrâneo ser a rota mais perigosa para os que fogem da guerra ou da miséria, não é a única no mundo. A ONU calcula que 54.000 pessoas tentaram cruzar o golfo de Bengala no sudeste asiático e 540 morreram.

No Caribe, o número de mortos ou desaparecidos chega a 71 desde o início do ano.

Em todo o mundo, pelo menos 348.000 pessoas tentaram viajar por mar para chegar a um local mais seguro, um número recorde.

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Genebra - Pelo menos 3.419 imigrantes morreram ao tentar atravessar o Mediterrâneo em 2014, o que faz desta travessia a mais letal do mundo, um recorde anunciado pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Desde o início do ano, mais 207.000 imigrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo, quase o triplo do recorde anterior, de 2011, quando 70.000 pessoas tentaram fugir de vários países durante a primavera árabe.

"Estes números constituem uma nova etapa: enfrentamos vários conflitos e a Europa se viu diretamente afetada", afirmou à AFP Adrian Edwards, porta-voz do ACNUR.

Com conflitos ao sul (Líbia), leste (Ucrânia) e sudeste (Síria e Iraque), a Europa registra atualmente o maior fluxo de desembarques pelo mar.

Quase 80% das tentativas de viagem acontecem a partir da costa da Líbia, com Itália ou Malta como destinos almejados.

Muitos imigrantes que conseguiram entrar na Itália são da Síria (60.051), país que vive uma guerra civil há mais de três anos e meio, e da Eritreia (34.561), que tentam escapar de uma repressão brutal, do serviço militar vitalício e dos trabalhos forçados.

O ACNUR criticou a gestão migratória dos países europeus e lamentou que alguns governos tenham mais preocupação em manter os estrangeiros afastados de suas fronteiras, ao invés de respeitar o direito de asilo.

"É um erro, a reação ruim em um momento no qual um número recorde de pessoas fogem da guerra" afirmou António Guterres, alto comissário da ONU para os refugiados.

"Todos os países têm preocupações de segurança e gestão da imigração, mas as políticas devem ser concebidas de forma que não resultem em considerar as vidas humanas como danos colaterais" completou.

Apenas em novembro, 8.000 imigrantes receberam ajuda no Mediterrâneo.

No fim de outubro, as autoridades italianas confirmaram o fim da operação "Mare Nostrum", que permitiu salvar dezenas de milhares de imigrantes no Mediterrâneo.

A Itália iniciou a operação sem precedentes para evitar tragédias em alto mar, mas sem o apoio de outros países europeus não estava disposta a prosseguir com o plano.

Vários aceitaram, por fim, contribuir para uma nova operação, conhecida como Triton. Mas esta operação se limita a vigiar a fronteira da UE no Mediterrâneo.

"Não podem utilizar meios de dissuasão para impedir uma pessoa de fugir para salvar sua vida, sob risco de aumentar o perigo", afirmou Guterres.

Apesar do Mediterrâneo ser a rota mais perigosa para os que fogem da guerra ou da miséria, não é a única no mundo. A ONU calcula que 54.000 pessoas tentaram cruzar o golfo de Bengala no sudeste asiático e 540 morreram.

No Caribe, o número de mortos ou desaparecidos chega a 71 desde o início do ano.

Em todo o mundo, pelo menos 348.000 pessoas tentaram viajar por mar para chegar a um local mais seguro, um número recorde.

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