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Líderes da UE avaliam novo panorama político após eleição

Eleições foram marcadas por vitórias inéditas de partidos de extrema direita e contra o bloco na França, Grã-Bretanha e Dinamarca

Mesário conta as cédulas de votação após as eleições parlamentares da União Europeia, em uma seção eleitoral na cidade de Ronda, ao sul da Espanha (Jon Nazca/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2014 às 18h00.

Bruxelas - Os líderes da União Europeia avaliaram nesta terça-feira o novo panorama político que emergiu das eleições parlamentares da semana passada e procuraram uma resposta ao aumento da frustração dos eleitores.

Com vitórias inéditas de partidos de extrema direita e contra a UE na França, Grã-Bretanha e Dinamarca e populistas ganhando terreno em outras nações, os 28 líderes enfrentam questões árduas sobre o futuro da integração europeia.

Voltando de uma cúpula informal, eles procuraram evitar um embate imediato sobre a nomeação de Jean-Claude Juncker, candidato dos partidos de centro-direita que liderou a votação, para presidente da Comissão Europeia, como quer o Parlamento.

Vários líderes disseram que irão se concentrar em políticas antes de personalidades, dando ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, um mandato para conduzir negociações sobre a agenda e a liderança do próximo executivo da União Europeia.

Extraindo as suas primeiras lições da chocante eleição, que deu um quarto do Parlamento a partidos anti-UE, vários líderes afirmaram que irão buscar maneiras de reorientar o trabalho do bloco para torná-lo mais relevante para os cidadãos.

“A primeira coisa que temos que fazer é formular uma resposta”, disse o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, cujo Partido Liberal ficou em quarto lugar, atrás do Partido para a Liberdade, de plataforma anti-islâmica.

O premiê britânico, David Cameron, cujo Partido Conservador foi empurrado para a terceira colocação, atrás dos Trabalhistas e do vencedor Partido da Independência da Grã-Bretanha (Ukip, na sigla em inglês), ecoou o seu colega, dizendo que os líderes precisam realizar mudanças radicais.

“A União Europeia não pode simplesmente dar de ombros diante destes resultados e continuar como antes”, afirmou. “Precisamos de uma abordagem que reconheça que a Europa deveria se concentrar no que importa, crescimento e empregos, e não tentar fazer tanta coisa”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, emitiram mensagens semelhantes, centradas na recuperação econômica, mas ainda é uma incógnita se encontrarão um consenso quanto ao modo de fazê-lo.

Hollande e Renzi querem menor austeridade fiscal para que um investimento público maior possa induzir o crescimento.

“É cedo demais para decidir nomes”, declarou Van Rompuy, que chefia várias cúpulas da União Europeia, em uma carta aos seus colegas na semana passada.

Como sempre, Merkel será a voz mais importante. Ela reafirmou apoiar Juncker, mas disse que nenhum partido teve maioria, e por isso será necessário um consenso amplo.

Na segunda-feira, ela havia pedido novo foco em competitividade, crescimentos e empregos para reconquistar os eleitores.

Nos termos do Tratado de Lisboa, os líderes têm a responsabilidade de indicar um candidato “levando em conta” as eleições ao Parlamento europeu e depois de consultas. O indicado deve ser aprovado por uma maioria absoluta no Parlamento.

A indicação não deve ocorrer antes da próxima reunião formal dos líderes, em Bruxelas, em 26 e 27 de junho, o que frustrou o Parlamento, que desejava um processo mais rápido.

Para tanto, anunciou nesta terça-feira que partidos que representem mais de 500 assentos manifestaram o seu apoio ao mandato de Juncker.

O quê: eleições parlamentares Quando: abrilO atual primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, está de olho em um terceiro mandato depois do Supremo Tribunal Federal iraquiano derrubar a lei que limitava os mandatos a dois.Maliki não tem a maioria das províncias depois das eleições regionais de 2013, o que o enfraquece. Por outro lado, os vários opositores podem decidir que mantê-lo no cargo é melhor do que uma mudança que aumentaria a instabilidade.O novo líder terá de enfrentar um Iraque muito violento: desde 2008 a violência não era tão grande. Em 2013, foram quase 9 mil assassinatos.
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    2 /4(MUSTAFA OZER/AFP/Getty Images)

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