Líder supremo do Irã defende democracia islâmica em posse de novo parlamento
Dois terços das cadeiras da nova formação da Câmara são ocupadas por deputados sem experiência parlamentar
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2012 às 15h09.
Teerã - O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, defendeu neste domingo 'o conceito de democracia islâmica' que rege o Irã , na sessão de constituição da nona legislatura do parlamento do país.
A principal característica da nova formação da Câmara, que saiu das eleições do dia 4 de maio, é que dois terços das cadeiras são ocupadas por deputados sem experiência parlamentar e que podem surpreender com suas posturas, já que cada um é eleito de maneira independente, sem estar submetido a uma disciplina partidária.
Em cerimônia também assistida por deputados da legislatura anterior, os basij (voluntários islâmicos) distribuíram flores a todos os presentes, entre eles o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, o enviado de Khamanei, aiatolá Mohamadi Golpayegani, além do chefe do Poder Judiciário e dos influentes conselhos do regime, assim como alguns representantes diplomáticos.
Após a recitação do Corão e a interpretação do hino nacional, os 262 deputados presentes juraram seus cargos. Depois, foi designada uma mesa, liderada por Ali Reza Marandi, para dirigir a Câmara até a escolha de seu presidente em uma sessão posterior.
Em nome de Khamenei, Golpayegani leu uma mensagem ao Legislativo para defender 'o conceito de democracia islâmica', que rege a República Islâmica do Irã, e pediu aos deputados que cumpram seus 'compromissos com o todo-poderoso' e deixem de lado seus interesses particulares em sua atuação na Câmara.
Com a eleição deste novo legislativo, que o líder considera 'um pilar' do sistema para os próximos quatro anos, 'a nação iraniana manda uma mensagem firme ao mundo (...) de sua vontade de vencer a animosidade dos inimigos e construir um sistema único baseado na Revolução Islâmica'.
Por sua vez, Ahmadinejad, que também se dirigiu à Câmara, afirmou aos novos deputados que 'o povo iraniano é o melhor na história e no mundo' e que tanto o Executivo como o Legislativo da República Islâmica foram 'escolhidos para servir ao povo'.
Ahmadinejad, que há dois anos perdeu o respaldo do parlamento anterior e previsivelmente terá dificuldades com o novo, manifestou seu desejo de que não ocorram interferências entre os poderes do Estado: 'Não é correta nem a ingerência do Executivo no Legislativo nem o contrário', disse o governante.
'Não é conveniente se intrometer no trabalho dos demais', acrescentou Ahmadinejad, que defendeu que 'todos tenham a mesma missão e sejam complementares', em uma aparente tentativa de ganhar apoio dos deputados.
No entanto, de acordo com o registro prévio de cada parlamentar, é possível ver quase 80% deles entre os ultraconservadores que apoiam Khamenei e que se opõem a Ahmadinejad, tachado por seus detratores de desviacionista, de colocar em dúvida a primazia religiosa no sistema, de irregularidades e corrupção.
Tudo isso aponta que Ahmadinejad terá graves problemas com o Legislativo, sobretudo em matéria econômica, no ano que lhe resta na Presidência, apesar de ter tentado insistentemente nos últimos dias fazer alianças com os novos deputados.
No âmbito político, esta foi a eleição mais restrita nos 33 anos de história da República Islâmica, já que os opositores não religiosos estão vetados, os reformistas islâmicos são marginalizados e os partidários de Ahmadinejad anulados por seus adversários.
Deste modo, a linha clerical xiita de Khamenei parece optar por uma radicalização política e social.
Após o ato na Câmara, os deputados e personalidades presentes foram ao mausoléu do aiatolá Khomeini para assistir a uma homenagem em sua memória.
Em uma sessão posterior, será designado o presidente desta legislatura. Os principais candidatos são Gholam Ali Haddad Adel, consogro de Khamenei e deputado mais votado em Teerã, e o atual chefe do Parlamento, Ali Larijani, também próximo ao líder e com enorme influência no setor principalista do regime. EFE
Teerã - O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, defendeu neste domingo 'o conceito de democracia islâmica' que rege o Irã , na sessão de constituição da nona legislatura do parlamento do país.
A principal característica da nova formação da Câmara, que saiu das eleições do dia 4 de maio, é que dois terços das cadeiras são ocupadas por deputados sem experiência parlamentar e que podem surpreender com suas posturas, já que cada um é eleito de maneira independente, sem estar submetido a uma disciplina partidária.
Em cerimônia também assistida por deputados da legislatura anterior, os basij (voluntários islâmicos) distribuíram flores a todos os presentes, entre eles o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, o enviado de Khamanei, aiatolá Mohamadi Golpayegani, além do chefe do Poder Judiciário e dos influentes conselhos do regime, assim como alguns representantes diplomáticos.
Após a recitação do Corão e a interpretação do hino nacional, os 262 deputados presentes juraram seus cargos. Depois, foi designada uma mesa, liderada por Ali Reza Marandi, para dirigir a Câmara até a escolha de seu presidente em uma sessão posterior.
Em nome de Khamenei, Golpayegani leu uma mensagem ao Legislativo para defender 'o conceito de democracia islâmica', que rege a República Islâmica do Irã, e pediu aos deputados que cumpram seus 'compromissos com o todo-poderoso' e deixem de lado seus interesses particulares em sua atuação na Câmara.
Com a eleição deste novo legislativo, que o líder considera 'um pilar' do sistema para os próximos quatro anos, 'a nação iraniana manda uma mensagem firme ao mundo (...) de sua vontade de vencer a animosidade dos inimigos e construir um sistema único baseado na Revolução Islâmica'.
Por sua vez, Ahmadinejad, que também se dirigiu à Câmara, afirmou aos novos deputados que 'o povo iraniano é o melhor na história e no mundo' e que tanto o Executivo como o Legislativo da República Islâmica foram 'escolhidos para servir ao povo'.
Ahmadinejad, que há dois anos perdeu o respaldo do parlamento anterior e previsivelmente terá dificuldades com o novo, manifestou seu desejo de que não ocorram interferências entre os poderes do Estado: 'Não é correta nem a ingerência do Executivo no Legislativo nem o contrário', disse o governante.
'Não é conveniente se intrometer no trabalho dos demais', acrescentou Ahmadinejad, que defendeu que 'todos tenham a mesma missão e sejam complementares', em uma aparente tentativa de ganhar apoio dos deputados.
No entanto, de acordo com o registro prévio de cada parlamentar, é possível ver quase 80% deles entre os ultraconservadores que apoiam Khamenei e que se opõem a Ahmadinejad, tachado por seus detratores de desviacionista, de colocar em dúvida a primazia religiosa no sistema, de irregularidades e corrupção.
Tudo isso aponta que Ahmadinejad terá graves problemas com o Legislativo, sobretudo em matéria econômica, no ano que lhe resta na Presidência, apesar de ter tentado insistentemente nos últimos dias fazer alianças com os novos deputados.
No âmbito político, esta foi a eleição mais restrita nos 33 anos de história da República Islâmica, já que os opositores não religiosos estão vetados, os reformistas islâmicos são marginalizados e os partidários de Ahmadinejad anulados por seus adversários.
Deste modo, a linha clerical xiita de Khamenei parece optar por uma radicalização política e social.
Após o ato na Câmara, os deputados e personalidades presentes foram ao mausoléu do aiatolá Khomeini para assistir a uma homenagem em sua memória.
Em uma sessão posterior, será designado o presidente desta legislatura. Os principais candidatos são Gholam Ali Haddad Adel, consogro de Khamenei e deputado mais votado em Teerã, e o atual chefe do Parlamento, Ali Larijani, também próximo ao líder e com enorme influência no setor principalista do regime. EFE