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Indignação pró-Brexit por extensão de prazo de registro

"O fato de o governo alterar a lei eleitoral em um período eleitoral não tem precedentes e é absolutamente inconstitucional", disseram os apoiadores do Brexit


	Brexit: "o fato de o governo alterar a lei eleitoral em um período eleitoral não tem precedentes e é absolutamente inconstitucional", disseram os apoiadores do Brexit
 (Christopher Furlong / Getty Images)

Brexit: "o fato de o governo alterar a lei eleitoral em um período eleitoral não tem precedentes e é absolutamente inconstitucional", disseram os apoiadores do Brexit (Christopher Furlong / Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2016 às 14h28.

O Parlamento britânico aprovou nesta quinta-feira a ampliação até a meia-noite do prazo de registro para votação no referendo da UE, após o colapso do site com este fim, provocando a indignação dos partidários do Brexit.

A extensão do prazo foi aprovada com o apoio de todos os partidos, que buscam consertar a falha que impediu o registro de milhares de pessoas pouco antes da meia-noite de terça-feira, a data limite original, mas Arron Banks, um dos líderes da campanha Brexit, a classificou de tentativa desesperada de angariar mais jovens para a causa da UE.

É unânime que a extensão do prazo beneficia os jovens, mais europeístas e propensos a deixar a inscrição e o voto para o último minuto.

De fato, meio milhão de pessoas se inscreveram na terça-feira antes da avaria do sistema. Delas, 132.000 tinham menos de 25 anos e 13.000 possuíam entre 65 e 74 anos.

Banks, copresidente da organização "Leave.EU", ameaçou ir aos tribunais: "Estamos analisando todas as opções legais".

"O fato de o governo alterar a lei eleitoral em um período eleitoral não tem precedentes e é absolutamente inconstitucional", disse em um comunicado.

Banks lamentou os "esforços incríveis que foram feitos para despertar o interesse dos jovens, que acredita-se que sejam mais propensos à UE, enquanto foram deixados de lado os eleitores mais velhos, que (no referendo de) 1975 votaram a favor de permanecer na UE, mas que acabaram fartos" do bloco.

O deputado conservador Bernard Jenkin - pró-Brexit - estimou que mudar as regras em plena campanha passa uma imagem terrível.

"Se víssemos uma coisa assim acontecer em alguma democracia bisonha da antiga União Soviética ou África, o que diríamos destas eleições?", se perguntou no Parlamento.

Teorias da conspiração

A ministra da Educação, Nicky Morgan - fiel à posição do primeiro-ministro David Cameron de seguir na UE - criticou as pessoas que seguem as teorias da conspiração e considerou que "sua irritação reflete suas posturas paranoicas e antidemocráticas".

Depois de se situar brevemente atrás das pesquisas no início da semana, os partidários de permanecer na UE voltaram à frente e nesta quinta-feira lideravam as intenções de voto por 51% a 49% - sem contar os indecisos, que superam 10% -, segundo a média das últimas seis pesquisas elaborada pelo instituto de opinião "What UK thinks".

A outra boa notícia para os partidários da UE foi a deserção entre seus rivais da respeitada deputada conservadora Sarah Wollaston, médica, que estimou que seguir na Europa é o melhor para a saúde pública e revelou seu incômodo com algumas das afirmações da campanha pelo Brexit.

Outro peso pesado conservador, o ex-primeiro-ministro John Major, se uniu ao seu antigo rival trabalhista, Tony Blair, também ex-inquilino de Downing Street, em um ato no qual disseram que deixar a UE seria "um erro histórico".

Ambos concordaram que o Brexit desencadearia um novo referendo de independência na Escócia e colocaria em risco a paz na Irlanda do Norte, alcançada com os acordos de 1998 entre unionistas e republicanos.

"Embora atualmente a Irlanda do Norte seja mais estável e próspera que nunca, esta estabilidade descansa sobre fundamentos delicados", disse Blair.

"Naturalmente, nos preocupa qualquer coisa que possa colocar em risco estes fundamentos", acrescentou.

No outro extremo, um importante empresário, Anthony Bamford, proprietário da empresa de maquinaria para a construção JCB, saiu em apoio do Brexit, e escreveu uma carta aos seus 6.000 funcionários garantindo a eles que "há muito pouco a temer" em caso de saída da UE.

"JCB seguirá comercializando com a Europa, à margem de permanecermos ou sairmos", disse.

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