Vista de prédios destruidos em rua deserta na cidade de Homs, na Síria (Yazan Homsy/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2014 às 09h59.
Genebra - Mais de 191.000 pessoas morreram desde o início da guerra na Síria, em 2011, o que significa mais do que o dobro do número divulgado há um ano, anunciou a ONU, que condenou a "paralisa internacional", que estimula os "assassinos".
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos registrou 191.369 casos documentados de pessoas que morreram na Síria entre março de 2011 e o fim de abril de 2014, mais que o dobro dos 93.000 casos registrados há 12 meses.
De acordo com a ONU, não há dúvida de que o cálculo de mais de 191.000 mortes é uma estimativa em baixa a respeito do número real de vítimas fatais.
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, considerou "escandaloso que, apesar dos enormes sofrimentos, a difícil situação dos feridos, deslocados, detidos e famílias de pessoas assassinadas ou desaparecidas não gere mais atenção" para o conflito.
Em dezembro de 2011, o Alto Comissariado havia registrado mais de 5.000 mortes.
Em janeiro de 2013, o balanço já estava em 60.000 óbitos.
O maior número de mortes documentadas pela ONU foi registrado na periferia rural de Damasco (39.393), seguida de Alepo (31.932), Homs (28.186), Idleb (20.040), Daraa (18.539) e Hama (14.690).
Entre as pessoas mortas, mais de 85% eram homens.
Como em balanços anteriores, a ONU não tem condições de estabelecer uma distinção entre combatentes e não combatentes.
Pelo menos 8.800 menores de idade mortos
De acordo com as Nações Unidas, 8.803 menores de idade morreram na guerra, sendo 2.165 crianças com menos de 10 anos, mas o número real provavelmente é maior, pois na grande maioria dos casos a idade das vítimas não está documentada.
O terceiro balanço do Alto Comissariado foi elaborado com uma lista combinada de 318.910 mortes documentadas e das quais foram identificadas tanto o nome da vítima como o local e a data da morte.
Para a realização, a ONU utilizou dados de cinco fontes diferentes: o governo sírio (até março de 2012), o Observatório Sírio dos Direito Humanos (até abril de 2013), o Centro Sírio para as Estatísticas e a Pesquisa, a Rede Síria dos Direitos Humanos e o Centro de Documentação e Violações.
"Mas um número significativo de mortes pode não ter sido sequer informado por nenhuma das cinco fontes", destaca.
Pillay reiterou que existem "sérias alegações de que foram cometidos crimes de guerra e contra a humanidade em repetidas ocasiões com total impunidade". Lamentou que o Conselho de Segurança não tenha conseguido levar este caso ao Tribunal Penal Internacional (CPI), "onde claramente deveria estar".
"É uma verdadeira denúncia da época em que vivemos, não apenas que tenha sido permitido que (esta situação) dure tanto tempo, sem que se vislumbre um fim, mas também que agora está tendo um impacto horrível em centenas de milhares de pessoas do outro lado da fronteira, no norte do Iraque, e que a violência também tenha chegado ao Líbano", lamentou Pillay.
A chefe da ONU para os Direitos Humanos convocou os governos de todo o mundo a "adotar medidas sérias para deter os combates e impedir os crimes".
Acima de tudo, os Estados devem "deixar de alimentar esta monumental e abominável catástrofe através do fornecimento de armas e outros materiais militares", disse.