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Guaidó aposta na pressão internacional para entrar com ajuda na Venezuela

O autoploclamado presidente interino do país se prepara para participar na reunião do Grupo de Lima, programada para esta segunda-feira em Bogotá

Guaidó: o líder opositor antecipou que vai discutir com os chanceleres das 14 nações do Grupo de Lima "possíveis ações diplomáticas" contra Maduro (Luisa Gonzalez/Reuters)
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AFP

Publicado em 24 de fevereiro de 2019 às 09h19.

O opositor Juan Guaidó confia agora na pressão internacional para afastar do poder o presidente Nicolás Maduro, após a tentativa frustrada de levar ajuda à Venezuela no sábado, uma jornada que terminou com dois mortos e centenas de feridos na fronteira com a Colômbia.

O autoploclamado presidente interino do país se prepara para participar na reunião do Grupo de Lima, programada para segunda-feira em Bogotá, com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence.

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Depois de falhar em sua convocação para levar alimentos e remédios para atenuar a pior crise na história moderna da Venezuela, o jovem presidente do Parlamento comparecerá à reunião convocada em 14 de fevereiro porque considera que "a pressão interna e externa são fundamentais para a libertação" do país.

"Para avançar em nossa rota, vou me reunir na segunda-feira com nossos aliados da comunidade internacional, e seguiremos ordenando as próximas ações dentro do país", disse Guaidó, reconhecido por 50 países como presidente encarregado da Venezuela, na cidade colombiana de Cúcuta.

O líder opositor antecipou que vai discutir com os chanceleres das 14 nações do Grupo de Lima "possíveis ações diplomáticas" contra Maduro, sem descartar uma intervenção militar.

Os presidentes de três países membros — Colômbia, Chile e Paraguai —, assim como o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) apoiaram a tentativa de transportar os insumos a partir de Cúcuta.

O Grupo de Lima, criado em 2017 para promover uma solução para a crise venezuelana, se reuniu pela última vez em 4 de fevereiro em Ottawa.

Na ocasião, 11 dos 14 integrantes do bloco pediram uma mudança pacífica de governo na Venezuela. Também fizeram um apelo para que os militares reconhecessem Guaidó e permitissem a entrada de ajuda.

Guaidó aposta na reunião dos 13 Estados latino-americanos e Canadá depois que Maduro, que tem o apoio da Rússia, conseguiu impedir que a ajuda enviada principalmente pelos Estados Unidos entrasse em seu território, o que obrigou seus opositores a determinar um recuo.

Os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança deixaram 285 feridos na Colômbia, incluindo 255 venezuelanos, e dois mortos no estado de Bolívar, limítrofe com o Brasil. Além disso, dois caminhões com insumos foram queimados na ponte internacional Francisco de Paula Santander.

O presidente chavista não aceita a entrada de assistência por considerá-la um pretexto para uma intervenção militar americana. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não descarta nenhuma opção na Venezuela.

Guaidó, que entrou na sexta-feira na Colômbia, recebeu o apoio dos Estados Unidos. O secretário de Estado, Mike Pompeo, condenou os ataques a civis e promete ações para apoiar a democracia na Venezuela.

Asfixiada pela falta de produtos básicos e uma hiperinflação, a crise econômica provocou a saída de 2,7 milhões de pessoas da Venezuela desde 2015, segundo a ONU.

Analistas, no entanto, consideram que Guaidó sai enfraquecido da disputa de sábado, apesar das deserções de pelo menos 60 militares e policiais venezuelanos, que atravessaram a fronteira para o lado colombiano.

Os analistas apontam que Maduro pretendia testar a unidade do comando das Forças Armadas, principal base de apoio de seu governo.

"Guaidó sai enfraquecido porque depois do ocorrido não está muito claro que o apoio que tem em seu território é muito grande", disse o professor de Relações Internacionais Rafael Piñeros.

O opositor afirmou no sábado que tinha um milhão de voluntários dispostos a participar na caravana para transportar a ajuda. Mas em Caracas, milhares de opositores protestaram diante do aeroporto militar La Carlota, enquanto Maduro discursou para milhares de simpatizantes.

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