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Fazendeiros quenianos lutam para proteger rinocerontes

"Ver um rinoceronte morrer é terrível", diz Mortensen, diretor da reserva de Mugie, situada 300 km ao norte de Nairóbi

O preço do quilo de chifre de rinoceronte pode chegar a 60.000 dólares (45.000 euros) no mercado (©AFP/Arquivo / Prakash Mathema)
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Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2012 às 15h20.

Nairóbi - Claus Mortensen é um fazendeiro queniano com uma paixão - os rinocerontes em risco - e uma missão - salvar sua manada da morte nas mãos de caçadores ilegais que vendem seus chifres na Ásia, onde são considerados um remédio milagroso.

Mas proteger os rinocerontes nestas reservas perdidas diante do número crescente de caçadores tem um custo alto demais e com frequência os fazendeiros optam por levá-los a outros ranchos mais vigiados.

"Ver um rinoceronte morrer é terrível", diz Mortensen, diretor da reserva de Mugie, situada 300 km ao norte de Nairóbi.

"Mugie está tão isolada que, para garantir a segurança, precisaríamos de aviões e helicópteros", afirma.

Em 2004, vinte rinocerontes negros foram reinseridos neste santuário de 18.000 hectares. Quatro anos depois, o primeiro animal foi morto por caçadores.

"E o drama voltou a se repetir uma e outra vez", explica Mortensen, afirmando que seu trabalho e o de outros fazendeiros consistem agora em evitar que os caçadores entrem em suas propriedades.

E esta realidade faz as contas subirem. Este fazendeiro precisou triplicar o número de funcionários e neste momento manter um rinoceronte com vida custa 1.200 dólares ao mês, quase dez vezes mais do que os 150 dólares que custava antes.

"Toda noite, todo dia, você fica grudado no telefone e no rádio. Você deixa tudo do lado da cama quando dorme e quando alguém liga, o coração dispara", descreveu Mortensen, que perdeu cinco rinocerontes em quatro anos.

Por fim, a Kenya Wildlife Service (KWS), organização pública que protege os animais no país, decidiu transferir 11 rinocerontes dos 24 que o rancho Mugie tinha naquela ocasião a um parque perto do Lago Victoria e o restante ficou em outra fazenda mais bem protegida.

O Quênia, terceira reserva mundial de rinocerontes, com uma população que beira os mil exemplares, trava uma batalha permanente contra estes caçadores clandestinos.

O comércio ilegal é liderado pela Ásia. "Tudo começou em 2007, quando um ministro vietnamita declarou que tinha se curado de câncer graças ao pó de chifre de rinoceronte", lembrou Patrick Omondi, do KWS.

Além disso, os chifres de rinoceronte seriam bons para tratar febre e convulsões, têm queratina, uma substância sem valor medicinal, mas muito apreciada em tratamentos estéticos, ou inclusive teriam propriedades afrodisíacas.

"O aumento da caça ilegal se deve, sobretudo, à influência crescente da economia asiática. É um mercado legal para chifres obtidos de forma ilegal", resumiu Patrick Bergin, diretor da associação African Wildlife Foundation (AWF), com sede em Washington.

"É um fenômeno complexo. Os caçadores estão relacionados com bandos internacionais e têm armas cada vez mais sofisticadas. Estão dispostos a todo", acrescentou Omondi.

O preço do quilo de chifre de rinoceronte pode chegar a 60.000 dólares (45.000 euros) no mercado.

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Nairóbi - Claus Mortensen é um fazendeiro queniano com uma paixão - os rinocerontes em risco - e uma missão - salvar sua manada da morte nas mãos de caçadores ilegais que vendem seus chifres na Ásia, onde são considerados um remédio milagroso.

Mas proteger os rinocerontes nestas reservas perdidas diante do número crescente de caçadores tem um custo alto demais e com frequência os fazendeiros optam por levá-los a outros ranchos mais vigiados.

"Ver um rinoceronte morrer é terrível", diz Mortensen, diretor da reserva de Mugie, situada 300 km ao norte de Nairóbi.

"Mugie está tão isolada que, para garantir a segurança, precisaríamos de aviões e helicópteros", afirma.

Em 2004, vinte rinocerontes negros foram reinseridos neste santuário de 18.000 hectares. Quatro anos depois, o primeiro animal foi morto por caçadores.

"E o drama voltou a se repetir uma e outra vez", explica Mortensen, afirmando que seu trabalho e o de outros fazendeiros consistem agora em evitar que os caçadores entrem em suas propriedades.

E esta realidade faz as contas subirem. Este fazendeiro precisou triplicar o número de funcionários e neste momento manter um rinoceronte com vida custa 1.200 dólares ao mês, quase dez vezes mais do que os 150 dólares que custava antes.

"Toda noite, todo dia, você fica grudado no telefone e no rádio. Você deixa tudo do lado da cama quando dorme e quando alguém liga, o coração dispara", descreveu Mortensen, que perdeu cinco rinocerontes em quatro anos.

Por fim, a Kenya Wildlife Service (KWS), organização pública que protege os animais no país, decidiu transferir 11 rinocerontes dos 24 que o rancho Mugie tinha naquela ocasião a um parque perto do Lago Victoria e o restante ficou em outra fazenda mais bem protegida.

O Quênia, terceira reserva mundial de rinocerontes, com uma população que beira os mil exemplares, trava uma batalha permanente contra estes caçadores clandestinos.

O comércio ilegal é liderado pela Ásia. "Tudo começou em 2007, quando um ministro vietnamita declarou que tinha se curado de câncer graças ao pó de chifre de rinoceronte", lembrou Patrick Omondi, do KWS.

Além disso, os chifres de rinoceronte seriam bons para tratar febre e convulsões, têm queratina, uma substância sem valor medicinal, mas muito apreciada em tratamentos estéticos, ou inclusive teriam propriedades afrodisíacas.

"O aumento da caça ilegal se deve, sobretudo, à influência crescente da economia asiática. É um mercado legal para chifres obtidos de forma ilegal", resumiu Patrick Bergin, diretor da associação African Wildlife Foundation (AWF), com sede em Washington.

"É um fenômeno complexo. Os caçadores estão relacionados com bandos internacionais e têm armas cada vez mais sofisticadas. Estão dispostos a todo", acrescentou Omondi.

O preço do quilo de chifre de rinoceronte pode chegar a 60.000 dólares (45.000 euros) no mercado.

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