
Trump no Michigan em 2017: polo automotivo americano perdeu espaço na economia e motivou parte dos eleitores a votar no presidente (Jonathan Ernst/Reuters)
As eleições americanas têm alguns estados cruciais. Há quatro anos, no último pleito presidencial, a candidata democrata Hillary Clinton perdeu para Donald Trump em um deles: o Michigan, que fica na congelante região dos Grandes Lagos no norte dos Estados Unidos. Naquela ocasião, Trump venceu por pouco menos de 11.000 votos entre os 4 milhões de votantes.
Desta vez, o presidente aparece perdendo no estado, segundo nova pesquisa de intenção de voto exclusiva feita com eleitores dos Estados Unidos pelo Exame/IDEIA, que une Exame Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.
A sondagem mostrou que 51% dos eleitores no estado votaria em Joe Biden se a eleição fosse realizada hoje, ante 43% de Trump e 6% indecisos.
Trump lidera entre os mais velhos e no segmento rural, enquanto Biden lidera entre negros, jovens e pessoas que votarão pelo correio -- modalidade criticada pelo presidente
O número de pessoas que desaprova o presidente, passados quatro anos de mandato, também é maior do que as que avaliam bem o governo. "Como foi em 2016, Michigan será decisivo", disse Maurício Moura, fundador do IDEIA e pesquisador na Universidade George Washington, ao apresentar os resultados da pesquisa no podcast EXAME Política, que vai ao ar todas as sextas-feiras com os principais temas da eleição americana (ouça o episódio no fim da reportagem)

- (Arte/Exame)
O Michigan é lar da cidade de Detroit, que foi por muito tempo um dos maiores polos automobilísticos e industriais do mundo, mas tem sofrido desafios econômicos em meio à queda global dessa indústria. Esse foi um dos motivos que levou parte dos eleitores para Trump há quatro anos.
A derrota apertada de Hillary Clinton no Michigan é até hoje lembrada no Partido Democrata como um dos pontos cruciais que a fizeram perder a eleição
"Alguns inclusive atribuem a derrota da Hillary a uma candidata do partido verde chamada Jill Stein, que teve 51.000 votos. Talvez o destino do país tivesse sido outro se não houvesse esse candidata", explicou Moura.
A menos de dois meses da eleição, marcada para 3 de novembro, Biden vence em todas as quatro regiões do Michigan, com uma margem maior do que Hillary tinha no mesmo período, aponta Moura.
De 2016 para cá, algumas coisas mudaram: os democratas tiveram bons resultados na eleição para o Senado e elegeram até mesmo a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, de 49 anos e também considerada uma das promessas do partido.
"Os democratas têm crescido muito no Michigan", diz Maurício Moura, do IDEIA
O Michigan tem cerca de 10 milhões de habitantes (menos do que a cidade de São Paulo), mas o suficiente para garantir 16 votos no colégio eleitoral americano. É um número significativo dentre os 538 votos totais do colégio eleitoral e levando-se em conta que a maioria dos estados tem menos de 10 votos.
No sistema eleitoral americano, vale lembrar, cada estado tem um número de votos e a tendência e quem ganha leva todos os votos na maior parte dos estados, mesmo que a vitória tenha sido apertada (entenda o colégio eleitoral neste episódio do podcast EXAME Política).
Nacionalmente, Trump também aparece perdendo para Biden. O presidente tem 44% de intenções de voto, contra 52% de Biden, como mostrou pesquisa recenta do Exame/IDEIA.
Biden também aparece vencendo, além do Michigan, em outros estados decisivos -- o que importa mais nos EUA do que os votos absolutos nacionalmente. Mas a disputa será novamente apertada. Na Flórida, por exemplo, outro dos estados decisivos, os candidatos aparecem virtualmente empatados. A Flórida tem 29 votos no colégio eleitoral (um dos estados com mais votos).