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EUA podem retirar tropas do Afeganistão por falta de acordo

Presidente afegão, Hamid Karzai, se recusou a assinar um acordo de segurança com os Estados Unidos, disse a Casa Branca


	Tropas americanas no Afeganistão: Estados Unidos devem encerrar imediatamente os ataques militares contra lares afegãos e demonstrar seu compromisso com as negociações de paz
 (Romeo Gacad/AFP)

Tropas americanas no Afeganistão: Estados Unidos devem encerrar imediatamente os ataques militares contra lares afegãos e demonstrar seu compromisso com as negociações de paz (Romeo Gacad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2013 às 07h51.

Cabul/Washington - O presidente afegão, Hamid Karzai, se recusou a assinar um acordo de segurança com os Estados Unidos, disse a Casa Branca, abrindo a perspectiva de uma completa retirada das tropas norte-americanas do país no ano que vem.

Karzai disse na segunda-feira em Cabul à assessora de Segurança Nacional dos EUA, Susan Rice, que os Estados Unidos devem encerrar imediatamente os ataques militares contra lares afegãos e demonstrar seu compromisso com as negociações de paz para que ele assine um acordo bilateral de segurança, segundo o porta-voz de Karzai.

A Casa Branca disse que o presidente afegão apresentou novas condições na reunião com Rice e "indicou que não está preparado para assinar o acordo imediatamente".

"Sem uma rápida assinatura, os EUA não teriam escolha senão iniciar o planejamento para um futuro pós-2014 em que não haveria presença dos EUA ou da Otan no Afeganistão", disse Rice, segundo nota da Casa Branca.

A retirada completa, a chamada "opção zero", seria semelhante à retirada das tropas dos EUA do Iraque, há dois anos.

No domingo, uma assembleia de líderes tribais afegãos, chamada Loya Jirga, endossou o acordo de segurança, mas Karzai sugeriu que só assinaria depois das eleições nacionais do primeiro semestre de 2014.

O impasse intensifica as dúvidas sobre se forças da Otan ou dos EUA permanecerão no Afeganistão depois do ano que vem. O país continua enfrentando a insurgência islâmica do Taliban, e seus militares continuam em treinamento.

A relutância de Karzai surpreendeu muitos dos participantes da Loya Jirga, que ele dizia que teria a palavra final sobre o acordo.


Um político de alto escalão em Cabul disse que aparentemente a recusa de Karzai em assinar decorre da sua avidez em manter as mãos nas alavancas do poder até a eleição presidencial de abril, quando ele deve deixar o cargo.

"Ele está agora em confronto com sua própria nação e também com os Estados Unidos", disse o político, que pediu anonimato.

Ele acrescentou que a exigência do presidente para que não haja interferência dos EUA na próxima eleição indica que Karzai está buscando assegurar uma margem de manobra suficiente para que ele próprio influencie no resultado.

Os EUA e outras forças estrangeiras estão no Afeganistão desde a deposição do regime islâmico do Taliban por forças pró-americanas, no final de 2001.

Há apenas dois anos, o presidente dos EUA, Barack Obama, encerrou negociações sobre a manutenção de uma força residual no Iraque, onde ainda restavam 40 mil militares norte-americanos. Menos de três meses depois, esse contingente já havia sido totalmente retirado.

Nos caso do Afeganistão, os EUA ainda mantêm 47 mil soldados no país, e discutem a manutenção de 8.000 para tarefas de apoio e treinamento.

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