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Estrangeiros não conseguem deixar cidade boliviana por greve

A cidade de Potosí completou hoje 11 dias de greve geral e isolamento do resto do país e pelo menos 69 turistas estrangeiros estão presos lá

Manifestantes em Potosi, Bolívia: desde 6 de julho, estão paralisadas na cidade andina as atividades em escolas, comércios, indústrias e bancos (David Mercado/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2015 às 16h56.

La Paz - A cidade de Potosí, que fica no sudoeste da Bolívia , completou nesta quinta-feira 11 dias de greve geral e isolamento do resto do país e pelo menos 69 turistas estrangeiros estão presos neste centro urbano por causa de um protesto de organizações políticas e sociais que reivindicam projetos de desenvolvimento regional.

Desde o dia 6 de julho, estão paralisadas na cidade andina as atividades em escolas, comércios, indústrias e bancos. Também estão suspensas as viagens por terra por causa dos bloqueios em todas as rodovias que ligam Potosí às demais regiões.

A greve é "contundente", já que não há "nenhuma atividade privada, nem pública", disse à Agência Efe por telefone o secretário-geral do Comitê Cívico de Potosí (Comcipo), Emilio Elías.

No último fim de semana, os manifestantes ocuparam as instalações da mineradora americana Coeur D'Alene Mines para forçar sua paralisação e está latente a ameaça de cortar o fornecimento de eletricidade para outras empresas que exploram as minas de Potosí.

Os líderes de Potosí, região que vive da mineração, exigem investimentos do governo para a construção de uma usina hidrelétrica, três hospitais, mais estradas, fábricas de vidro e cimento e um terminal aéreo para operações internacionais, em uma lista com em torno de 20 reivindicações.

Também reivindicam maiores ações para a preservação do Cerro Rico de Potosí, uma emblemática jazida de prata cuja exploração começou em 1545 e que, desde então, nunca foi interrompida, por isso que hoje se encontra deteriorada e com risco de desabamento em vários setores.

Várias destas exigências são antigas e, em 2010, já houve uma greve que deixou mais de 300 estrangeiros ilhados nessa cidade por quase 20 dias, que tiveram que ser retirados por via aérea.

Agora, os 69 turistas, entre eles um brasileiro, não conseguem deixar a cidade por causa dos bloqueios de estradas e pediram aos dirigentes do Comcipo que os ajudem a sair de Potosí, assinalou Elías. Além do brasileiro, há 60 argentinos, sete franceses e um canadense.

"Fizemos contatos, tentamos retirar os companheiros estrangeiros, mas não foi possível porque os pontos de bloqueio são inacessíveis", indicou o dirigente.

Elías acrescentou que não é possível entrar nem sair da cidade porque as vias de acesso "estão cheias de terra, escombros, pedras e troncos" e, em alguns lugares, os trabalhadores da mineração e das transportadoras estão interditando as vias com seus veículos.

Entre os estrangeiros, há um grupo de 32 turistas da província de Tucumán, no norte da Argentina, muitos deles maiores de 70 anos, que estão pedindo ajuda dos governos boliviano e argentino para sair da cidade.

O grupo tinha planejado visitar algumas cidades bolivianas e concluir sua viagem no Peru, mas ficaram "presos" em Potosí, explicou à Efe por telefone uma das turistas, Laura Losi.

"Precisamos sair daqui, alguém tem que ter misericórdia de nós. Estamos de acordo com todas as necessidades de Potosí, mas não podemos continuar assim. O dinheiro está acabando, foi um enorme sacrifício para chegar até aqui e continuar esta viagem", disse.

A imprensa local repercutiu a informação publicada por meios argentinos que indicam que o Ministério das Relações Exteriores desse país está considerando a possibilidade de retirar seus cidadãos em um avião.

O consulado argentino em Potosí e a embaixada em La Paz não quiseram comentar essa informação e assinalaram que qualquer novidade será relatada pelo Ministério das Relações Exteriores em Buenos Aires, onde hoje o presidente boliviano Evo Morales termina uma visita oficial.

O ministro de Governo da Bolívia, Carlos Romero, disse em entrevista coletiva em La Paz que o Executivo vem fazendo contatos com a embaixada argentina para ter uma lista de todos os cidadãos desse país que estão ilhados em Potosí.

Romero indicou que o comando departamental da polícia vem administrando a situação para que os argentinos "possam sair por via terrestre" através da cidade turística de Uyuni, mas lamentou que, até o momento, "não houve uma resposta favorável dos grupos que realizam os bloqueios" para permitir a passagem dos turistas.

Os principais líderes do Comcipo estão em La Paz desde a semana passada para reivindicar uma reunião com o presidente Evo Morales e recusaram um encontro com seus ministros, que explicaram que várias das exigências dos manifestantes já foram atendidas, outras estão em andamento e algumas não são competência do governo.

As autoridades também defendem que o Executivo realizou investimentos em Potosí na ordem de US$ 2 bilhões e que este departamento foi o que mais recebeu investimentos em estradas.

Devido à insistência de se realizar uma reunião com Morales, os ministros afirmaram que o protesto é "político" e acusaram os líderes do Comcipo de promover a desestabilização do Executivo.

O governo convidou para dialogar amanhã, sexta-feira, com o vice-presidente Álvaro García Linera, presidente interino devido à viagem de Evo Morales a Argentina e Brasil, os líderes do Comcipo, mas também setores de Potosí leais ao chefe de Estado, que se manifestaram contra a greve nos últimos dias.

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Desde o dia 6 de julho, estão paralisadas na cidade andina as atividades em escolas, comércios, indústrias e bancos. Também estão suspensas as viagens por terra por causa dos bloqueios em todas as rodovias que ligam Potosí às demais regiões.

A greve é "contundente", já que não há "nenhuma atividade privada, nem pública", disse à Agência Efe por telefone o secretário-geral do Comitê Cívico de Potosí (Comcipo), Emilio Elías.

No último fim de semana, os manifestantes ocuparam as instalações da mineradora americana Coeur D'Alene Mines para forçar sua paralisação e está latente a ameaça de cortar o fornecimento de eletricidade para outras empresas que exploram as minas de Potosí.

Os líderes de Potosí, região que vive da mineração, exigem investimentos do governo para a construção de uma usina hidrelétrica, três hospitais, mais estradas, fábricas de vidro e cimento e um terminal aéreo para operações internacionais, em uma lista com em torno de 20 reivindicações.

Também reivindicam maiores ações para a preservação do Cerro Rico de Potosí, uma emblemática jazida de prata cuja exploração começou em 1545 e que, desde então, nunca foi interrompida, por isso que hoje se encontra deteriorada e com risco de desabamento em vários setores.

Várias destas exigências são antigas e, em 2010, já houve uma greve que deixou mais de 300 estrangeiros ilhados nessa cidade por quase 20 dias, que tiveram que ser retirados por via aérea.

Agora, os 69 turistas, entre eles um brasileiro, não conseguem deixar a cidade por causa dos bloqueios de estradas e pediram aos dirigentes do Comcipo que os ajudem a sair de Potosí, assinalou Elías. Além do brasileiro, há 60 argentinos, sete franceses e um canadense.

"Fizemos contatos, tentamos retirar os companheiros estrangeiros, mas não foi possível porque os pontos de bloqueio são inacessíveis", indicou o dirigente.

Elías acrescentou que não é possível entrar nem sair da cidade porque as vias de acesso "estão cheias de terra, escombros, pedras e troncos" e, em alguns lugares, os trabalhadores da mineração e das transportadoras estão interditando as vias com seus veículos.

Entre os estrangeiros, há um grupo de 32 turistas da província de Tucumán, no norte da Argentina, muitos deles maiores de 70 anos, que estão pedindo ajuda dos governos boliviano e argentino para sair da cidade.

O grupo tinha planejado visitar algumas cidades bolivianas e concluir sua viagem no Peru, mas ficaram "presos" em Potosí, explicou à Efe por telefone uma das turistas, Laura Losi.

"Precisamos sair daqui, alguém tem que ter misericórdia de nós. Estamos de acordo com todas as necessidades de Potosí, mas não podemos continuar assim. O dinheiro está acabando, foi um enorme sacrifício para chegar até aqui e continuar esta viagem", disse.

A imprensa local repercutiu a informação publicada por meios argentinos que indicam que o Ministério das Relações Exteriores desse país está considerando a possibilidade de retirar seus cidadãos em um avião.

O consulado argentino em Potosí e a embaixada em La Paz não quiseram comentar essa informação e assinalaram que qualquer novidade será relatada pelo Ministério das Relações Exteriores em Buenos Aires, onde hoje o presidente boliviano Evo Morales termina uma visita oficial.

O ministro de Governo da Bolívia, Carlos Romero, disse em entrevista coletiva em La Paz que o Executivo vem fazendo contatos com a embaixada argentina para ter uma lista de todos os cidadãos desse país que estão ilhados em Potosí.

Romero indicou que o comando departamental da polícia vem administrando a situação para que os argentinos "possam sair por via terrestre" através da cidade turística de Uyuni, mas lamentou que, até o momento, "não houve uma resposta favorável dos grupos que realizam os bloqueios" para permitir a passagem dos turistas.

Os principais líderes do Comcipo estão em La Paz desde a semana passada para reivindicar uma reunião com o presidente Evo Morales e recusaram um encontro com seus ministros, que explicaram que várias das exigências dos manifestantes já foram atendidas, outras estão em andamento e algumas não são competência do governo.

As autoridades também defendem que o Executivo realizou investimentos em Potosí na ordem de US$ 2 bilhões e que este departamento foi o que mais recebeu investimentos em estradas.

Devido à insistência de se realizar uma reunião com Morales, os ministros afirmaram que o protesto é "político" e acusaram os líderes do Comcipo de promover a desestabilização do Executivo.

O governo convidou para dialogar amanhã, sexta-feira, com o vice-presidente Álvaro García Linera, presidente interino devido à viagem de Evo Morales a Argentina e Brasil, os líderes do Comcipo, mas também setores de Potosí leais ao chefe de Estado, que se manifestaram contra a greve nos últimos dias.

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