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Erdogan volta ao partido governista após quase 3 anos de ausência

Erdogan precisou renunciar a sua militância no Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) quando foi eleito chefe de Estado, em 2014

Tayyip Erdogan: ele assinou um documento que oficializa seu retorno em uma cerimônia na sede do partido (Umit Bektas/Reuters)
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AFP

Publicado em 2 de maio de 2017 às 10h07.

Última atualização em 2 de maio de 2017 às 11h10.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan , retornou nesta terça-feira ao partido islamita-conservador que governa o país, quase três anos depois de tê-lo abandonado, em aplicação à primeira parte da reforma constitucional aprovada no referendo de 16 de abril.

Esta medida permitirá que Erdogan assuma, em um congresso extraordinário no dia 21 de maio, a direção do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), que co-fundou em 2001 e que dominou a cena política turca nos últimos 15 anos, vencendo todas as eleições desde 2002.

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O presidente rompeu oficialmente seus vínculos com o AKP ao ser eleito em agosto de 2014, como previa a Constituição, mas seguiu exercendo uma grande influência sobre a formação política.

A reforma constitucional adotada em 16 de abril autoriza o presidente a integrar um partido político. Trata-se da primeira medida aplicada no âmbito da reforma da lei fundamental, que amplia os poderes de Erdogan e cujos principais pontos entrarão em vigor em 2019.

O retorno de Erdogan ao AKP foi encarado como um evento cinematográfico. As redes de televisão turcas exibiram imagens ao vivo do comboio presidencial se dirigindo à sede do partido, cuja fachada estava coberta por um retrato gigantesco do chefe de Estado.

Erdogan assinou posteriormente o documento que oficializa seu retorno às fileiras do AKP diante de centenas de deputados e membros do partido, que entoaram o hino nacional.

"Volta ao ninho, ao AKP que fundou", declarou o primeiro-ministro, Binali Yildirim.

"Bem-vindo. Nos honrou", acrescentou.

Seu "quinto filho"

Os opositores de Erdogan criticam esta medida que, segundo eles, põe fim à imparcialidade do presidente, mas ele alega que o fundador da República, Mustafa Kemal Atatürk, também era líder de seu partido enquanto dirigia o país.

O AKP celebrará no dia 21 de maio um congresso extraordinário no qual designará Erdogan como seu novo líder, indicou o primeiro-ministro Yildirim, atual líder máximo do partido.

Os vínculos entre Erdogan e o AKP são tão próximos que o presidente turco, que é pai de dois filhos e duas filhas, chegou a descrever o partido como seu "quinto filho".

Depois de ter sido eleito presidente, o líder cedeu o comando da formação a Ahmet Davutoglu, na época um de seus principais colaboradores, que jurou então uma "lealdade até a morte". Mas as crescentes tensões entre estes dois homens provocaram a destituição de Davutoglu, substituído por Yildirim.

Ao retomar as rédeas do partido, Erdogan "busca controlar (as) dissensões para não perder seu poder sobre o partido", explica Samim Akgonul, cientista político e professor da Universidade de Estrasburgo, na França.

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