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Equador anuncia congelamento de preço da gasolina

Decisão foi anunciada pelo presidente Guillermo Lasso, eleito neste ano com promessas liberais e de redução da interferência do Estado

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Lasso, presidente do Equador, em discurso a apoiadores: congelamento dos preços dos combustíveis (AFP/AFP)

Lasso, presidente do Equador, em discurso a apoiadores: congelamento dos preços dos combustíveis (AFP/AFP)

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Carolina Riveira

Publicado em 22 de outubro de 2021, 18h26.

Última atualização em 22 de outubro de 2021, 19h30.

O governo do Equador anunciou nesta sexta-feira, 22, o congelamento do preço dos combustíveis nas bombas de todo o país. O anúncio foi feito pelo presidente recém-eleito Guillermo Lasso, um dia antes de protestos marcados para este fim de semana.

O presidente anunciou que os preços serão cumpridos "sem exceções".

Lasso, que é ex-banqueiro, venceu as eleições realizadas em abril, derrotando o grupo do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) e prometendo reformas liberais e menor interferência estatal na economia.

"A partir de agora, o preço da gasolina extra está fixado em 2,55 dólares por galão e, da mesma forma, o preço do diesel está fixado em 1,90 dólar", disse Lasso.

O novo preço fixado dos combustíveis representa um aumento de 12% em relação ao valor atual, mas parará por aí. "A partir de hoje estão suspensos os aumentos mensais", disse.

Com a decisão, o governo coloca fim aos reajustes mensais nos preços dos combustíveis, modelo que vigorava desde 2020, no governo do ex-presidente Lenín Moreno — eleito com o apoio do correísmo à esquerda, mas que rompeu com o grupo.

O anúncio de Lasso acontece um dia antes de novas manifestações marcadas para este fim de semana em Quito, convocadas por sindicatos, movimentos indígenas e estudantes.

O Equador já havia vivido uma onda de protestos liderados pelo movimento indígena em outubro de 2019, contra o então governo de Lenín Moreno (que venceu o próprio Lasso em 2017).

Moreno havia cortado subsídios, inclusive aos combustíveis, e implementado outras medidas como contrapartida a um empréstimo junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), criticado pela oposição. A pandemia terminou de devastar o governo, que encerrou o mandato com popularidade na casa dos 10%.

Esse cenário levou Lasso a ser o primeiro presidente eleito sem apoio do chamado "correísmo" em 14 anos. Com propostas econômicas liberais, Lasso teve 53% dos votos contra o economista de esquerda Andrés Arauz. Mas a vitória apertada, somado ao alto número de votos nulos, mostrou como Lasso capitalizou parte da rejeição ao adversário, mas não necessariamente teve um apoio direcionado à sua figura e suas propostas.

Na campanha, o presidente eleito disse que desejava abrir a economia, reduzir o tamanho do Estado, fazer acordos bilaterais, atrair investidores, reduzir impostos, investir no agronegócio e criar 2 milhões de empregos. A realidade tem se mostrado mais difícil. 

O risco do congelamento, como o Brasil dos tempos de hiperinflação sabe bem, é de que haja desabastecimento e a criação de um mercado paralelo dos produtos, a preços mais altos.

Com 18 milhões de habitantes, o Equador vive cenário de economia devastada após a pandemia, com desemprego estimado em mais de 30% e queda de 8% no produto interno bruto (PIB) em 2020.

A vacinação avançou nos últimos meses, e o país — que já chegou a ter cadáveres nas ruas nos piores momentos da pandemia — hoje tem 67% da população vacinada com uma dose e 57% completamente vacinados. 

Com o desemprego alto e caos econômico, a inflação se encontrava quase nula até julho. Mas os preços voltaram a subir com a reabertura. O preço do petróleo no mercado externo e a moeda fraca no Equador (que faz com que muito da economia seja calculada em dólar) também ajudaram a encarecer o custo de vida equatoriano, e a inflação oficial superou 1% em setembro.

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