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Em busca de produtos "limpos"

Para ganhar mercado, a subsidiária brasileira da Philips aposta em equipamentos que consomem menos energia

Magalhães, presidente do conselho da Philips América Latina (--- [])
DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h26.

Há quase um ano, a praça de Casa Forte, um dos pontos turísticos de Recife, inaugurou seu novo sistema de iluminação. O local se tornou a primeira área pública no país a ganhar um sistema de iluminação batizado de Cosmópolis, projetado para locais abertos como praças, parques e cais. As lâmpadas, halógenas e brancas, consomem 65% menos energia que as comuns. Além disso, deixarão de emitir na atmosfera o correspondente a 4 toneladas de dióxido de carbono por ano. A mudança do sistema de iluminação custou 180 000 reais e, desse total, mais de 70% foram bancados pela subsidiária brasileira da Philips (o restante foi pago pela prefeitura de Recife).

As novas lâmpadas fazem parte de um programa mundial da Philips para tornar seus produtos cada vez mais "limpos". Os que se mostrarem mais eficientes que os modelos similares em pelo menos dois dos seis quesitos avaliados -- peso, uso de substâncias tóxicas, consumo de energia, reciclagem, descarte final e embalagem -- recebem uma espécie de selo verde da empresa (internamente chamado de green flagship). Em todo o mundo, a Philips conta atualmente com mais de 200 produtos com esse selo, entre televisores de LCD, celulares e lâmpadas. Quase 60% dessa linha é comercializada no Brasil -- e foi responsável por 5% do faturamento da subsidiária em 2006. A meta é elevar esse índice para 20% até 2010.

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Líder mundial em sistemas de iluminação, a Philips articula atualmente um movimento na Europa para promover a substituição das lâmpadas incandescentes por alternativas mais econômicas. No Brasil, a empresa tem levado esse assunto para discussão em salas de aula por meio do programa Aprendendo com a Natureza, que visa transmitir conceitos sobre o meio ambiente para crianças de escolas da rede pública."No início dos anos 80, já falávamos em metas de redução de consumo de energia e água", diz o engenheiro Marcos Magalhães, ex-presidente da Philips para a América Latina e que deixou o cargo em abril de 2007 para assumir a presidência do conselho consultivo da empresa. Graças a essa visão, a subsidiária da Philips foi uma das primeiras empresas a organizar um departamento de sustentabilidade, no ano 2000. "Foi quando demos visibilidade ao que existia e nos alinhamos às políticas globais, inserindo-as na realidade brasileira", diz Magalhães.

De dentro para fora
Na Philips, os funcionários têm papel fundamental nas ações de sustentabilidade. A empresa adota a estratégia de lançar seus projetos de responsabilidade social inicialmente para o público interno. Depois, se eles forem bem-sucedidos, são adaptados para o público externo. Essa cultura acaba estimulando os funcionários a participar também dos programas de voluntariado. Atualmente, 540 profissionais, do total de 4 500 funcionários da companhia, atuam como voluntários em algum projeto. A Philips oferece capacitação, apoio e transporte até as entidades beneficiadas. Um exemplo é sua parceria com a ONG paulista Viva e Deixe Viver, que leva entretenimento a crianças e adolescentes internados em 70 hospitais em todo o Brasil. A Philips treinou funcionários para atuar como contadores de história e destina uma verba anual de 120 000 reais para a ONG. "Estamos no terceiro ano de parceria e temos 46 voluntários da Philips", diz Valdir Cimino, diretor da ONG. A entidade foi procurada pela Philips coincidentemente na mesma época em que foi divulgada uma pesquisa apontando que o uso de recursos tecnológicos, embora vital para a medicina, acaba deixando o atendimento médico mais "frio" que deveria. Fabricante de equipamentos de tomografia, ressonância magnética e medicina nuclear, entre outros, a Philips resolveu apoiar a ONG para ajudar a melhorar essa situação. "A empresa busca o lucro, mas também quer que a sociedade ganhe com seus produtos. Não só pela relação de uso, mas para melhorar a qualidade de vida", afirma Flávia Moraes, gerente-geral de sustentabilidade da Philips.

Avaliação da empresa
Pontos fortes
- Adota critérios de desempenho ambiental e cumprimento da legislação na seleção e no desenvolvimento de fornecedores.
- Tem programa estruturado de reciclagem e metas de redução do consumo de água,papel, energia elétrica e combustíveis fósseis.
- Tem compromisso expresso e política interna contra o trabalho infantil e a favor da diversidade.
Pontos fracos
- Os trabalhadores terceirizados (mais de 20% do total de funcionários) não são incluídos nos projetos de sustentabilidade da empresa.
- Financia candidatos a cargos públicos, mas não publica informações sobre valores, candidatos e partidos no site e no relatório anual.
- Falta transparência na divulgação dos resultados econômicos e financeiros.
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