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Dois atentados em Bagdá deixam ao menos 27 mortos

Os ataques acontecem ao mesmo tempo em que forças governamentais tentam expulsar os extremistas de Mosul

Bagdá: o EI reivindicou um dos ataques (Khalid al-Mousily/Reuters)

Bagdá: o EI reivindicou um dos ataques (Khalid al-Mousily/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de maio de 2017 às 08h30.

Ao menos 27 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas nesta terça-feira em dois atentados executados com poucas horas de intervalo em Bagdá, ao mesmo tempo em que forças governamentais tentam expulsar os extremistas de Mosul, segunda maior cidade do país.

Um dos ataques foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), o mesmo que resiste ao avanço das tropas iraquianas em Mosul (norte), onde 200.000 civis estão bloqueados entre os combates, o que preocupa várias organizações internacionais.

Nesta terça-feira, pouco depois da meia-noite, um carro-bomba foi detonado diante de uma sorveteria no bairro de Kerrada, centro de Bagdá.

"O balanço subiu a 16 mortos e 75 feridos, incluindo mulheres e crianças", afirmou uma fonte das forças de segurança.

Fotografias publicadas nas redes sociais mostram o impacto devastador da explosão, que deixou o local cercado por escombros.

O grupo EI reivindicou o ataque por meio de sua agência de propaganda Amaq e indicou que tomou como alvo "uma reunião de xiitas".

Brett McGurk, enviado da coalizão liderada pelos Estados Unidos, condenou o ataque.

"Os terroristas do EI atacaram famílias e crianças que tomavam sorvete ao ar livre. Seguimos respaldando o Iraque contra os malvados", escreveu no Twitter.

Poucas horas depois, um carro-bomba explodiu na "ponte dos mártires", uma das principais da capital.

"Onze pessoas morreram na explosão do carro-bomba contra civis", afirmou um policial, que citou dezenas de feridos.

O atentado não foi reivindicado, mas o 'modus operandi' recorda o do grupo EI.

Condições difíceis

os ataques aconteceram durante o mês do jejum muçulmano, o Ramadã, marcado com frequência por atentados jihadistas no Iraque.

Ao mesmo tempo, a ofensiva para retomar Mossul, último grande reduto do EI no Iraque, prosseguia nesta quarta-feira. As tropas iraquianas, auxiliadas pelas aeronaves da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, avançavam pela zona oeste da cidade.

De acordo com a ONU, entre 180.000 e 200.000 civis estariam bloqueados em áreas de Mossul controladas pelos extremistas, a maioria na parte conhecida como cidade antiga.

A força aérea iraquiana lançou panfletos que recomenda a fuga dos moradores das zonas de combate e dos bairros sob controle dos jihadistas, mas o impacto de um potencial grande êxodo nos próximo dias preocupa a ONU.

"Provavelmente, os civis correm um risco maior atualmente, nas últimas fases (das operações militares)", afirmou a coordenadora humanitária da ONU para o Iraque, Lise Grande.

"Os medicamentos estão em falta, há uma importante escassez de água potável e as reservas de alimentos são muito limitadas", explicou.

"As famílias que tentam escapar são alvos frequentes dos atiradores", disse.

Êxodo

Com o apoio da coalizão internacional, as forças iraquianas realizam desde outubro uma ofensiva para reconquistar Mossul, controlada pelo EI desde junho de 2014.

No fim de janeiro, os iraquianos retomaram o controle da zona leste da cidade e em fevereiro iniciaram o ataque contra a zona oeste, apertando o cerco aos jihadistas na cidade antiga, área muito complicada de ser reconquistada.

"O acesso à cidade antiga está completamente bloqueado pelo sul e nossas tropas estão presentes no norte e oeste", disse um porta-voz militar. A parte leste fica à margem do rio Tigre.

Desde o início da ofensiva em Mossul, 760.000 civis abandonaram suas casas, mas 150.000 deles já retornaram para suas casas, afirmou Lise Grande.

A queda de Mossul representaria um grande revés para o EI, mas não significaria o fim da guerra contra a organização extremista, que ainda controla territórios em três províncias do Iraque.

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