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Cuba readmitirá médicos desertores após fim de vantagens dos EUA

Médicos abandonaram missões internacionais atraídos por políticas migratórias dos EUA, que foram revogadas em janeiro

Cuba: o retorno a Cuba será feito de acordo com as regulações migratórias vigentes (foto/Getty Images)
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AFP

Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 14h53.

Cuba anunciou nesta sexta-feira que receberá os médicos "desertores" que ficaram bloqueados em sua viagem aos Estados Unidos, após o fim surpreendente dos benefícios migratórios que estimulavam sua migração a este país.

O ministério da Saúde reabriu as portas aos médicos que abandonaram as missões internacionais atraídos por duas políticas migratórias dos Estados Unidos, que foram revogadas no dia 12 de janeiro, após mais de uma década em vigor.

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"O Ministério da Saúde Pública reitera a disposição de permitir que os profissionais do setor que abandonarem sua missão de colaboração retornem a Cuba e se reincorporem ao Sistema Nacional de Saúde", disse uma nota desta entidade publicada no jornal oficial Granma.

O retorno a Cuba será feito de acordo com as regulações migratórias vigentes, que permitem aos nacionais permanecer fora da ilha por dois anos sem perder residência e bens.

No dia 12 de janeiro, o então presidente Barack Obama revogou a política "Pés Secos / Pés Molhados" que estimulava desde 1995 a emigração de cubanos e um programa "parole" que desde agosto de 2006 favorecia os médicos cubanos que abandonassem missões oficiais e viajassem aos Estados Unidos.

A medida foi a última que Obama adotou como parte da aproximação histórica promovida por Cuba, após mais de meio século de enfrentamentos na Guerra Fria.

Depois que as duas medidas foram revogadas, um número não informado de cubanos ficaram bloqueados em vários países da América Latina em rota para os Estados Unidos, entre eles alguns médicos que cumpriam missões na Venezuela e em outros países.

"A colaboração médica internacional que Cuba fornece tem como princípios a voluntariedade" dos médicos participantes, e neste momento 50.000 médicos e paramédicos cubanos trabalham em mais de 60 países, acrescentou a nota.

A venda de serviços médicos, de 10 bilhões de dólares anuais, é a primeira atividade econômica do país, embora em alguns países com menos recursos seja realizada como donativo ou os gastos sejam compartilhados.

O México e outros países começaram a repatriar os cubanos que ficaram em um limbo após o fim das vantagens migratórias dos Estados Unidos, já que muitos deles não têm recursos para retornar pelas vias normais.

O drama é maior em alguns casos, que liquidaram casas e propriedades antes de sair da ilha para financiar a tortuosa viagem por vários países até chegar à fronteira do México com os Estados Unidos.

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