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Conversações de paz para Síria chegam a novo impasse

EUA exigiram que país permita o envio de ajuda por via aérea à cidade de Homs

Vice-chanceler da Síria, Faisal Mekdad, fala com jornalistas ao chegar para a primeira reunião direta com a delegação da oposição síria e o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, em Genebra (Reuters)

Vice-chanceler da Síria, Faisal Mekdad, fala com jornalistas ao chegar para a primeira reunião direta com a delegação da oposição síria e o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, em Genebra (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 19h54.

Genebra - Os Estados Unidos exigiram nesta segunda-feira que a Síria permita o envio de ajuda por via aérea à cidade de Homs, enquanto as conversações para encerrar três anos de guerra civil enfrentam mais problemas na questão do futuro do presidente Bashar al-Assad.

O governo sírio disse que mulheres e crianças poderiam deixar a cidade de Homs, que está cercada, e os rebeldes deveriam entregar os nomes dos homens que permaneceriam. Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que uma remoção de população não é uma alternativa à ajuda imediata.

"Nós acreditamos firmemente que o regime sírio tem de aprovar os comboios de entrega de ajuda humanitária urgentemente necessária na Cidade Velha de Homs agora", disse o porta-voz Edgar Vásquez. "A situação é desesperadora e as pessoas estão passando fome." Ele afirmou que os moradores de Homs não podem ser forçados a deixar suas casas nem as famílias serem divididas para poder receber ajuda.

Depois de longos meses de combates, boa parte de Homs, terceira maior cidade da Síria, está reduzida a escombros e a população está sob cerco, sem acesso a produtos básicos.

O destino da cidade se tornou um teste sobre se as primeiras conversações de paz da qual ambos os lados participam poderão resultar em medidas práticas nos locais de conflito, já que um amplo acordo político de paz parece mais remoto do que nunca.

O mediador da ONU disse esperar que as conversações desta segunda-feira em Genebra possam abranger a questão central que divide as duas partes - o futuro político da Síria e de Assad - , mas ambos os lados adotam posições intransigentes.

"Mais uma vez, eu lhes digo que nunca esperamos nenhum milagre, não há milagres aqui. Mas nós vamos continuar a ver se pode haver algum progresso, e quando", disse o enviado da ONU, Lakhdar Brahimii.


A delegação do governo da Síria apresentou um documento para negociação que não menciona uma transição de poder, disse a TV síria.

A "declaração de princípios básicos" do governo afirma que os sírios iriam escolher um sistema político sem "fórmulas impostas" do exterior, em uma aparente referência a exigências regionais e ocidentais de que Assad renuncie ao poder.

A oposição, que exige a saída de Assad como parte das medidas para um governo de transição, rejeitou de imediato a proposta do governo.

Cidade Estratégica

Homs, cidade em posição estratégica no centro do país, tem sido um campo de batalha crucial. As forças de Assad retomaram no ano passado boa parte das áreas ao redor, deixando os rebeldes sob cerco no centro da cidade, bem como milhares de civis.

As crianças brincam no entulho, os prédios estão danificados e as mesquitas esburacadas pelo fogo de artilharia. Em um mercado deserto, escombros se acumulam nas passagens e o teto está cravado de balas de tiros.

O vice-ministro da Defesa da Síria, Faisal Mekdad, disse em uma entrevista à imprensa no domingo que o governo iria permitir a saída de mulheres e crianças do centro da cidade se os rebeldes lhes garantirem uma passagem segura. Brahimi disse ter compreendido que isso significa que elas estariam livres para deixar Homs imediatamente.

Diplomatas ocidentais afirmaram que o governo sírio deveria agir rapidamente para permitir a entrada de ajuda ou seria alvo de uma possível resolução do Conselho de Segurança da ONU, no qual a Rússia e a China seriam exortadas a rever sua oposição a essa medida.

Em Homs, ativistas da oposição disseram que os rebeldes exigem o completo fim do bloqueio, e não apenas um cessar-fogo limitado.

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