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Congresso dos EUA prepara novas sanções contra Rússia

Os deputados - em queda de braço Trump - querem fazer represálias ao país por operações de espionagem durante a última campanha eleitoral americana

Rússia e EUA: a anexação da Crimeia e as ingerências na Ucrânia são os outros motivos dados para aprovar o projeto (Maxim Shemetov/Reuters)

Rússia e EUA: a anexação da Crimeia e as ingerências na Ucrânia são os outros motivos dados para aprovar o projeto (Maxim Shemetov/Reuters)

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AFP

Publicado em 25 de julho de 2017 às 15h26.

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos devem aprovar nesta terça-feira novas sanções contra a Rússia, um projeto que provocou ira em Moscou e também na Europa.

Os deputados - em queda de braço com o presidente Donald Trump, que pretendia estender sua mão ao presidente russo, Vladimir Putin - querem fazer represálias à Rússia por operações de desinformação e de espionagem atribuídas a Moscou durante a última campanha eleitoral americana.

A anexação da Crimeia e as ingerências na Ucrânia são os outros motivos dados para aprovar o projeto.

O consenso é quase total no Capitólio, onde Moscou conta com pouquíssimos aliados. O Senado, de maioria republicana, aprovou em junho, por 98 votos a dois, a nova bateria de sanções.

Na Câmara Baixa, a votação, prevista para 21H00 GMT (18H00 de Brasília) também pode ser esmagadora.

Depois, o texto passará novamente para a Câmara Alta para ser aprovado definitivamente, provavelmente antes de meados de agosto.

A proposta é ampla e inclui também sanções ao Irã, especialmente contra os Guardiões da Revolução, acusados de apoiar o terrorismo, e a Coreia do Norte, por seus testes nucleares.

"A Câmara vai votar para que a Rússia, o Irã e a Coreia do Norte prestem contas", declarou o congressista republicano Ed Royce.

O texto prevê um ponto inédito que incomoda particularmente a Casa Branca: os parlamentares poderão impedir que o presidente, que disse que se dá "muito, muito bem" com Putin, eventualmente suspenda as sanções contra Moscou.

Diante da pressão parlamentar, a porta-voz da Casa Branca deu a entender no domingo que o presidente aceitaria o projeto e não o vetaria. Mas estava menos confiante na segunda-feira: "acompanhará a lei de perto e esperará para ver qual será o resultado".

Mas mesmo com um veto, o Congresso teria força para retirá-lo com uma nova votação da maioria de dois terços.

Incômodo na Europa

De Paris a Berlim, passando por Bruxelas, a iniciativa do Congresso americano causa incômodo por ser unilateral, sem coordenar com a União Europeia (UE), como havia sido até agora no caso das sanções à Rússia.

A lei também poderá sancionar empresas europeias que trabalhem em oleodutos provenientes da Rússia, e como consequência poderiam ser impedidas de apresentar licitações públicas nos Estados Unidos.

"A unidade do G7 a respeito das sanções é de importância primordial", disse na segunda-feira a porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas.

Schinas também relembrou que o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, disse na recente cúpula do G20 que a UE está pronta para responder.

Os Estados-membros discutirão uma resposta durante uma reunião na quarta-feira, em Bruxelas.

Até agora, Washington e Bruxelas fixaram uma linha vermelha, destacando que nenhuma sanção afetaria o fornecimento energético da Europa.

Em uma aparente concessão, a Câmara Baixa modificou ligeiramente, na segunda-feira, um artigo de maneira que apenas é dirigido aos oleodutos cuja origem é na Rússia, deixando fora das sanções os que começam no Cazaquistão e só atravessam o território russo.

O projeto tampouco caiu bem ao Kremlin, que advertiu que as sanções prejudicam "os interesses de nossos dois países".

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