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Confrontos por capital da Líbia se intensificam e número de mortes cresce

Exército Nacional Líbio tenta retirar atual primeiro-ministro do poder

Membro das forças de Misrata prepara munição para combate em Trípoli (Hani Amara/Reuters)
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Reuters

Publicado em 8 de abril de 2019 às 13h57.

Última atualização em 8 de abril de 2019 às 13h59.

TRÍPOLI/BENGHAZI — Forças do leste da Líbia tentavam abrir caminho até o centro de Trípoli nesta segunda-feira, depois de um avanço fácil pelo deserto que entrou em uma fase urbana mais difícil, à medida que as mortes e os deslocamentos forçados de moradores estão aumentando, apesar dos apelos ocidentais por uma trégua e a retomada de um plano de paz.

A ofensiva é comandada pelo marechal Khalifa Haftar, que tenta tomar o controle da capital líbia, Trípoli. Os combates na Líbia, dividida desde a queda de Muammar Gaddafi em 2011, ameaçam interromper as remessas de petróleo e gás, desencadear mais migração para a Europa e arruinar as esperanças da Organização das Nações Unidas (ONU) por uma eleição nacional.

De acordo com um novo balanço do Ministério da Saúde do GNA, pelo menos 35 pessoas morreram, e cerca de 40 ficaram feridas desde quinta-feira. Entre as vítimas há civis, relatou a mesma fonte.

As forças do Exército Nacional Líbio (LNA) de Haftar, ex-militar do Exército de Gaddafi, disseram que 19 de seus soldados morreram nos últimos dias ao se aproximarem do governo internacionalmente reconhecido de Trípoli.

De acordo com a ONU, 2.800 pessoas foram deslocadas pelos confrontos e que muitas mais podem fugir, embora algumas estejam impossibilitadas de sair.

A União Europeia fez um apelo para que os dois lados voltem a negociar.

"Peço firmemente a todos os líderes líbios, e em particular Haftar, que parem todas as operações militares e retornem à mesa de negociação sob mediação da ONU", anunciou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, após uma reunião com os chanceleres do bloco em Luxemburgo.

Mogherini explicou ainda que o apelo se dirigia especialmente ao homem forte do leste da Líbia. "Quem lançou uma ofensiva, se não Haftar?", ressaltou.

A declaração discutida no domingo no Conselho de Segurança da ONU obteve o apoio dos Estados Unidos, mas foi bloqueada pela Rússia, que deseja um chamado "a todas as partes" para evitar "um banho de sangue".

O LNA realizou ataques aéreos no sul da cidade, tentando avançar ao centro a partir de um aeroporto sem uso. O governo do primeiro-ministro, Fayez al-Serraj, está enviando grupos armados da vizinha Misrata para que ajudem a conter o LNA e relatou 11 mortes, sem dizer de qual lado. Al-Serraj, de 59 anos, comanda o governo de Trípoli desde 2016, parte de um acordo mediado pela ONU e boicotado por Haftar.

O LNA, aliado de um governo paralelo situado em Benghazi, no leste, tomou conta do sul líbio rico em petróleo no início deste ano, depois de uma arremetida surpreendentemente rápida sobre a capital litorânea. Embora o avanço tenha sido tranquilo em áreas pouco povoadas, tomar Trípoli é um desafio muito maior.

A violência inviabilizou um plano da ONU para uma conferência a ser realizada entre 14 e 16 de abril para preparar eleições e superar a anarquia que domina a Líbia desde a deposição de Gaddafi, liderada pelo Ocidente, oito anos atrás.

A União Europeia se uniu à ONU, aos Estados Unidos e ao G7 pedindo um cessar-fogo, a interrupção do avanço de Haftar e a retomada das negociações políticas. Devido aos conflitos, um contingente de forças dos EUA se retirou neste final de semana.

No domingo, a missão da ONU na Líbia pediu uma trégua de duas horas no sul de Trípoli para retirar civis e feridos, mas não parece ter sido atendida.

Rotina em Trípoli é mantida

Apesar da violência nos acessos da capital, os moradores continuavam nesta segunda-feira com suas vidas habituais, com engarrafamentos e longas filas nos bancos e postos de gasolina.

Os serviços da administração pública funcionavam e as escolas e lojas estavam abertas, indicaram jornalistas da AFP.

No domingo, o ministro da educação do GNA explicou que as aulas continuavam "normalmente" em Trípoli, exceto nas zonas de combate do sul.

A Universidade de Trípoli solicitou que seus alunos e professores frequentassem as aulas normalmente.

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